HÁ SEMPRE UM LIVRO...à nossa espera!

Blog sobre todos os livros que eu conseguir ler! Aqui, podem procurar um livro, ler a minha opinião ou, se quiserem, deixar apenas a vossa opinião sobre algum destes livros que já tenham lido. Podem, simplesmente, sugerir um livro para que eu o leia! Fico à espera das V. sugestões e comentários! Agradeço a V. estimada visita. Boas leituras!

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Bibliomaníaca e melómana. O resto terão de descobrir por vocês!

Monday, February 19, 2007

"Belle Époque" de Max Gallo (Dom Quixote)


Na pele de uma mulher emancipada do século XX, Max Gallo constrói um romance que fala da luta pela igualdade de oportunidades para as pessoas de ambos os sexos, da fome de liberdade e da solidariedade entre os mais fracos…

A mediática jornalista de televisão, Elizabeth David, decide comprar a casa de campo de Julia Bataille, uma romancista de folhetim, em jornais de grande tiragem nos finais do século XIX, a um descendente seu, Tomas Bataille.

Logo ao instalar-se na nova residência, Elizabeth sente-se envolvida pela atmosfera do local, fortemente marcada pela vincadíssima personalidade de Julia Bataille.

A curiosidade jornalística de Elizabeth é despertada pelos comentários velados dos habitantes locais acerca daquela que foi uma das figuras de proa da Belle Époque – mulher de letras, amante de políticos de vanguarda e directores de jornal de grande impacto na opinião pública como, por exemplo, o La Lumière.

Elizabeth decide, então, investigar...

Ao explorar o sótão da velha mansão, encontra um considerável acervo de documentos, deveras interessante. Folheia os jornais da época, arranca-os ao pó, acumulado durante nove décadas, e descobre a pista de Mathieu Davert, irmão de Julia, através das alusões encontradas nos folhetins da romancista e em artigos de jornal que se referem a ele directamente. A tudo isto junta-se um considerável espólio daquilo a que hoje se chama imprensa “cor-de-rosa” relativo à vida mundana, pessoal e profissional de Julia. Ao juntar as peças do puzzle, Elizabeth reconstitui a história da família Davert. Mas a peça fundamental é a biografia de Mathieu que a jornalista descobre, esquecida nos Arquivos do Ministério Público, enclausurada juntamente com a acta e restantes documentos que constam do processo do jovem Mathieu, condenado à morte.

O discurso de Mathieu, com o qual Max Gallo inicia a narrativa do romance, é simultaneamente, dilacerante e agreste, frio e duro como o clima do planalto rochoso de Calliéres, a terra de origem dos Davert. Uma escrita cuja beleza gelada e bucólica não deixa de cativar.

A insubmissão e altivez patentes, sobretudo, nos membros masculinos da família, estão presentes logo nas primeiras linhas que descrevem a infância de Julia e de Mathieu: insubmissão, face à permanência anacrónica de uma estrutura social semelhante ao regime feudal na França rural, nos finais do século XIX, o que lhes vale a perda do pai e da terra que é anexada à propriedade do grande latifundiário – Monsieur de Sallanches; altivez e desdém, face ao rótulo de anarquista com que o jovem Mathieu é marcado por aqueles que se recusam a aceitar a sua sede de independência e liberdade.

A ajuda dos Sallanches à família Davert não é desinteressada. Em troca, pretendem obter não só gratidão, mas também e sobretudo, submissão e servilismo eternos. O seu objectivo é manter aqueles a quem auxiliam ao seu total dispor. É por essa razão que Mathieu apenas aceita ajuda daqueles a quem identifica como seus iguais. Como seus camaradas. E, mesmo assim, com reservas, como no caso de Santo ou daquele a quem chamam de O Príncipe. Apenas com Romano, Mathieu consegue deixar as defesas de lado.

É através da belíssima escrita sombria de Mathieu, marcada pela dureza do clima e pela crueldade do meio social em que cresceu, que nos apercebemos da escassa mobilidade social que impede a luta por melhores condições de vida por parte dos mais desfavorecidos.

O abraçar de ideais anarquistas parece ser a consequência natural, dadas as circunstâncias, como se percebe depois do encontro de Mathieu com Santo. Mas cedo percebe que há um preço a pagar: a militância partidária tem o sabor de um sacerdócio.

O destino do jovem está, contudo, traçado desde o instante em que, ainda criança, demonstra o primeiro sinal de insubmissão ao alvejar com uma pedra o prepotente Monsieur de Sallanches. A partir de então, o estigma de criminoso anarquista não mais o irá abandonar.

A primeira pista que anuncia o seu trágico fim encontra-se manifesta na atitude do cavalo alazão que por uma inexplicável intuição se apercebe que está a caminho do matadouro e que não há nada que possa fazer para o impedir.

Quanto a Julia, a reconstituição da sua vida já implica um pouco mais de trabalho por parte de Elizabeth. Algo que lhe é facilitado pela capacidade que ela tem de se identificar com a personagem.
Apesar de aparentemente bafejada pela sorte que a catapulta para o seio da élite da Belle Époque, a jovem, bela e inteligente Mademoiselle Davert depara-se com uma realidade bem diferente.

A sua beleza parece ter sido o factor decisivo para Mathilde de Sallanches faça dela a dama de companhia permanente da caprichosa e mimadíssima Lucie, sua única filha. Uma beleza que é tanto o passaporte para a fortuna como para a ruína.

No fundo, Julia tornar-se-à numa boneca animada, comprada em troca de um tecto, comida e acesso à educação para, em troca, consentir em ser o brinquedo preferido de Lucie e fazer publicidade à “boa consciência” e “boa vontade” da família Sallanches.

Farta de ser exibida como o acto supremo de caridade da família Sallanches, Julia abandona o conforto do castelo e enceta a vida de romancista de folhetim, após passar por algumas humilhações, não muito diferentes daquelas que tinham lugar no castelo Sallanches. Julia dá provas não só de invulgar inteligência mas também de visão e capacidade de intuir o que é que o público aprecia.

As principais motivações, anseios emoções e valores de Julia Davert de pseudónimo Bataille, são extraídas pela análise de Elizabeth dos seus romances – onde Julia projectou as suas mais íntimas convicções – dando corpo a um moroso trabalho de reordenação e montagem de todas as peças traços e pinceladas que permitem obter o retrato psicológico da romancista que, na viragem do século, consegue triunfar num mundo de homens e conquistar a admiração das massas. Por que é lá que estão as suas origens.

Se o móbil principal da personagem Mathieu é a revolta e a insubmissão coroada pela altivez, em Julia é a luta em primeiro lugar, pela sobrevivência, depois pelo triunfo e, para além de prover à continuidade da família, o Ódio.

Puro e simples.

Para com aqueles que, aparentando ajudar, desejam vê-la submeter-se à ordem tradicional das coisas, numa estrutura social inspirada no regime pré-revolucionário.

Um ódio que tem de dissimular. Mas que lhe altera e corrói a personalidade, envenenando-a. Que a obriga a afastar-se daqueles a quem ama. E a unir-se com quem despreza. Julia acaba por prostituir a sua amizade, mais do que o próprio corpo.

A tragédia agarra ambos os irmãos não só pelas circunstâncias adversas mas pelo facto de a personalidade de cariz anti-social, então desenvolvida levá-los, a Julia sobretudo, a constituir ligações com base no interesse e não em afinidades.

Julia incarna , no final do século XIX, a extrema necessidade de independência económica por parte das mulheres e a dificuldade em consegui-la.

Já no século XX, Elizabeth, proprietária da casa de Julia Bataille, é detentora de uma situação financeira estável, mas debate-se, apesar de tudo, com um problema semelhante, que encarna o grande desafio das mulheres do século que precedeu o actual: constituir um relacionamento afectivo baseado numa união por afinidades sem anulação de nenhuma das partes.

Elizabeth possui alguma da insubmissão de Julia e da altivez de Mathieu. O que explica o fascínio por ambas as personagens. Elizabeth deixa-se envolver pelo discurso desesperado de Mathieu e projecta em Julia parte do seu eu: os mesmos interesses que convergem na paixão pela escrita e a mesma fome de independência levam-na a ressuscitar a romancista, falecida há quase oito décadas. O resto retira das fontes que já foram mencionadas.

Na estrutura do romance, que envolve dois narradores participantes – Mathieu e Elizabeth – em tempos históricos diferentes, Max Gallo estabelece um paralelismo entre as duas épocas. O final do século XIX e últimas décadas do século XX, onde as questões de igualdade de oportunidades ocupavam a ordem do dia.

Com particular incidência no desenvolvimento da autonomia da Mulher.

É notório o fascínio do Autor pela personalidade de uma figura feminina que lutou até ao fim pela liberdade absoluta, numa época em que o papel da mulher estava condicionado á sua função expressiva e cujo domínio de actuação se limitava quase que exclusivamente ao espaço doméstico.

E que, na defesa das convicções de Mathieu Davert, faz emergir a alma irreverente de um escritor que continua a imprimir na sua escrita o estandarte Azul Branco e Vermelho.

Valores fora de moda?

Ou eternos?


Cláudia de Sousa Dias

Saturday, February 10, 2007

“As Novas Bacantes” de Catherine Clément (ASA)


Um policial ao estilo de Agatha Christie a romper um pouco com a estrutura típica dos romances clémentianos...

Jean de Bihouic, etnólogo, reputado professor de mitologia comparada no Collége de France, chega, um dia, a uma remota aldeiazinha escondida no Vale do Loire, para curar uma mini depressão, fruto do seu divórcio recente.

Mas, logo à chegada, o professor depara-se com a curiosidade indiscreta do taxista que o leva ao hotel, à semelhança dos demais habitantes da pequena povoação. O facto fá-lo aperceber-se de que algo de inusitado se passa, interferindo com a harmonia do quotidiano.

O desagrado e a desconfiança, patentes nas referências constantes a um excêntrico grupo de mulheres que se dedicam a um insólito ritual, após se embriagarem com um estranho vinho dotado de propriedades químicas que desencadeia significativas alterações comportamentais, despertam a curiosidade do professor. Essa mesma curiosidade é ainda mais espicaçada, à medida que este vai encontrando cada vez mais semelhanças com um misterioso e sinistro culto antigo.

A intervenção torna-se particularmente difícil devido à ligação parental de alguns membros da seita com as autoridades locais…

Mais estranha ainda é a inexplicável conivência do pároco da aldeia…

Até que uma destacada figura do executivo local desaparece em circunstâncias altamente inquietantes.

A suspeita de crime instala-se e põe em andamento a engrenagem no sentido de desvendar o mistério…

Este é um registo pouco habitual em Catherine Clément, escritora e ensaísta que atingiu a notoriedade no romance histórico e que agora aparece com uma novela a fazer lembrar os contos de Agatha Christie (cujo nome a Autora atribui, justamente, não só a uma, mas a várias personagens).

Já o gosto pelo estudo comparado das religiões está também presente em romances desta Autora como A Viagem de Théo, Jesus na Fogueira ou O Sangue do Mundo. Aos quais As Novas Bacantes vem acrescentar a chamada de atenção para a necessidade de reflectir sobre o dilema com que se debate a Europa em relação ao respeito pelos traços culturais de outras civilizações e para a necessidade de preservação dos direitos fundamentais dos cidadãos, assim como a segurança e a defesa das normas que sustentam o Estado de Direito.

Um livro que se devora com prazer numa viagem de comboio onde o leitor, à semelhança de Jean de Bihouic, poderá folhear as páginas entre a frescura do verde dos pinhais e o azul das ondas do Mar de Mira a caminho da cidade dos ovos moles, ao invés da paisagem do Loire como cenário…

…na companhia dum eruditíssimo Hercule Poirot, com quem partilhamos o gosto do gato que não resiste a enfiar os bigodes onde não deve…

... e acabamos por ver-nos envolvidos numa atmosfera irresistível, que apenas permite ao leitor de As novas Bacantes interromper a leitura no final do último parágrafo.

Ou seja, quando o revisor anuncia o fim da viagem…


Cláudia de Sousa Dias

Monday, February 05, 2007

“A Flor da Alegria” de Manuela Monteiro (Campo das Letras)


Mais uma compilação de estórias de Manuela Monteiro, desta vez direccionadas para os mais pequeninos com idades compreendidas, sensivelmente, entre os quatro e os sete anos.

Trata-se de um conjunto de contos de estrutura muito simples, muito semelhante aos contos tradicionais, cujo objectivo é serem lidas oralmente e, ao mesmo tempo, comentadas, debatidas com os adultos. O seu conteúdo é, sobretudo, pedagógico tendo em vida a modelagem de comportamentos e inserção dos valores mais fundamentais nos leitores/ouvintes de palmo e meio.


Alice e o Peixinho Dourado

O primeiro texto chama-se Alice e o Peixinho Dourado, um ternurento conto onde abundam as personificações, como o Caranguejo e o Peixinho, que são, nada mais nada menos, do que os amigos mais próximos de Alice, metamorfoseados em animais, a simbolizar aqueles amigos que estão fisicamente distantes, mas apesar de tudo, perto do coração.

O uso dos diminutivos define imediatamente o público-alvo, a quem é dirigida esta pequena estória, visando, logo nas primeiras frases, cativar a atenção dos mais pequenos.

Trata-se, apesar de tudo, de um texto que não é tão linear como pode parecer à primeira vista: os significados desdobram-se sendo preciso, por vezes, descodificá-los. Por exemplo, o líquido de algas verdes ingerido por Alice é, na realidade, um sonífero, um filtro, veículo dado pela feiticeira com o objectivo de transportá-la para o mundo dos sonhos.

Quanto à “luz mais forte que o Sol” que aparece lá mais para o final da estória, é a metáfora do Amor, o fogo, o calor da luz solar, a simbolizar o princípio activo da vida que combate os sentimentos negativos e a Tristeza, o grande inimigo da Alma, na escrita de Manuela Monteiro. O Sol é o símbolo da energia que faz com que a vida germine. E a “luz mais forte que o sol”, remete, pois, para uma entidade de energia criadora superior ao astro que rege o sistema solar. Também não é por acaso que essa luz surge quando Alice e o Peixinho estão no meio aquático, elemento no qual surgiram as primeiras formas de vida na terra. E é o Amor que gera a vida. E é também é o Amor quer aproxima as duas personagens. A proximidade e o crescimento da afectividade faz com que, no final, o peixinho, já não seja um peixinho mas antes um rapaz.

Também o palácio para onde se mudam Alice e o Príncipe do Mar simboliza uma nova fase da vida e o corte com o Passado.

A Flor da Alegria

O pequeno conto que dá título a esta publicação da colecção “Palmo e Meio” , tem como protagonista uma menina, Rosalinda, que é contaminada pelo vírus da Tristeza.

Trata-se de uma estória onde a Amizade é o guerreiro que combate o monstro da Tristeza e da Melancolia que se infiltra na mente e no coração das pessoas.

A Amizade é o arquétipo que está incarnado no coração do João, o melhor amigo de Rosalinda.

Porque só a verdadeira Amizade, o verdadeiro afecto, dão a persistência e a tenacidade a João para procurar a Flor da Alegria, tal como o mineiro procura um raro diamante que, para encontrá-lo, tem de cavar e inspeccionar toneladas de rochas. Assim faz João ao atravessar obstáculos, intransponíveis para aqueles que amam pouco ou que, pelo menos, não amam o suficiente.

Já o Dragão é o médico ou o psicólogo que prescreve o tratamento e indica os procedimentos para atingir os objectivos.

Mas João só o consegue atingir a metacom a ajuda de amigos/aliados que conquista com o seu altruísmo, ou seja, após prestar ajuda desinteressada. E são eles – o leão bébé, o Macaco e a Águia Real – quem, mais tarde, se revela uma ajuda preciosa para fazê-lo ultrapassar os obstáculos e encontrar a Flor da Alegria.

Não é por acaso que A Flor da Alegria está no local mais inacessível – “o pico mais alto das Montanhas da Neve”. Porque a verdadeira Amizade é incondicional e capaz dos maiores sacrifícios. E a própria simbologia da flor – em analogia com o útero feminino, remete para o lugar onde se gera e cresce o mais forte de todos os afectos – o Amor, a flor que gera a Alegria (filha de Eros e Psique, segundo os Antigos Gregos). Também não é por acaso que a as folhas/sépalas da flor da alegria têm a forma de coração e a cor púrpura do mesmo órgão.

E é a Alegria que faz, no final da estória, os olhos de Rosalinda brilharem como estrelas.


Uma História de Natal

Este já é, por seu turno, o típico conto natalício, destinado a estimular o gosto pelo sonho e pela fantasia nos mais novos. É um texto elaborado com o objectivo de ser lido em voz alta, de forma a fazer-se notar o sentido do ritmo dado pela rima, apesar de ser um texto em prosa.

A leitura em alta voz é, também, necessária para que se façam notar as abundantes aliterações e repetição das últimas sílabas que constituem o nome das crianças a quem vão ser entregues os presentes.

Uma divertida aventura onde o Pai Natal, com os seus auxiliares, vai unir esforços no sentido de elaborar um presente para satisfazer um pedido de última hora.

Curiosamente, trata-se de uma boneca de pano com características muito semelhantes à cara de Alice, a do peixinho dourado...!

Amizade, solidariedade e altruísmo são os ingredientes desta pequena estória.


A História da Bruxinha Margarida

Mais uma vez, a Tristeza é uma presença que assombra o imaginário da Autora, como sinónimo de Solidão e de Infelicidade. Ou de Perda.

A bruxinha Margarida é, inicialmente, triste e, para combater essa mesma tristeza, vai procurar a Alegria no riso das crianças, numa visita que faz à Escolinha, em pleno Halloween, onde todos estão fantasiados de bruxinhos e bruxinhas. A bruxinha Margarida decide, então, expulsar a Tristeza da Alma ao representar o papel de animadora nas festas, voando de escola em escola. Alegria, entusiasmo e dinamismo são sublinhados pela rima e pela anáfora que a Autora utiliza para descrever as actividades da bruxinha. Ela consegue transformar a tristeza em Alegria, pela acção alquímica da varinha mágica e da voz que coloca Magia nas palavras. A Bruxinha que tem nome de pérola (em grego Marguerita = Pérola), de lágrima e de flor – tem também o coração impregnado da candura das pétalas da margarida...


Gabriel, o Menino Gigante

Esta é uma estória sobre a tolerância e a aceitação da diferença.

Ritinha a menina pássaro, de olhos de cotovia – a pequenina ave da madrugada de canto melodioso e penugem preta como as tranças da Ritinha – ultrapassa o preconceito e transforma a diferença em vantagem.


Gabriel, o menino Gigante é o melhor dos textos literários de A Flor da Alegria devido aos recursos estilísticos utilizados, ao ritmo dado pela alternância os momentos de acção – narrativos – e os momentos de pausa – descrição assim como o dinamismo causado pela dicotomia entre discurso directo e discurso indirecto.

O tamanho de Gabriel começa por ser uma desvantagem para todos os habitantes da aldeia (de certa forma como acontece com o pequeno cisne de O Patinho Feio de Andersen), para depois transformar-se numa característica preciosa, decisiva, na altura em que é preciso salvar a Ritinha de Olhos de Cotovia. Um acontecimento que permitiu reabilitar a reputação de Gabriel, face à opinião pública.

Uma estória onde a Integração ocupa o lugar da Rejeição/Exclusão.

Por todos estes motivos A Flor da Alegria, como livro depositário dos valores mais fundamentais da sociedade, para além de ser uma compilação de pequenas estórias de grande beleza, não pode deixar de fazer parte integrante da biblioteca dos mais pequenos.

Porque o melhor presente, para um amigo de palmo e meio, para além do Amor, é sempre...um livro!

E porque “A Amizade é uma Flor que não morre nunca…”

Cláudia de Sousa Dias