"O Afinador de Pianos" de Daniel Mason (ASA)
Tradução de Isabel Alves
O casamento perfeito entre a Palavra e a Música cujo resultado se reflecte numa criação literária com uma qualidade estética incomparável
Edgar Drake vive uma existência tranquila em Londres, com um casamento estável, sem filhos e com algumas dificuldades económicas.
Completamente apaixonado pelo seu trabalho - a afinação de pianos -, passa a maior parte do tempo na sua oficina, submerso em ferramentas e rodeado por"esqueletos" de pianos, quando não tem de se deslocar a casa dos clientes para trabalhar.
Um dia, recebe uma proposta irresistível do Ministério de Guerra, convidando-o a deslocar-se até à Birmânia afim de reparar um piano raríssimo.
Drake nãotem como recusar, apesar de esta decisão alterar por completo todos os aspectos da sua vida.Vai então sujeitar-se a uma longa e atribulada viagem transcontinental que consiste num dos mais belos trechos do romance descrito por Drake, nas suas cartas à esposa, Katherine, mostrando-lhe, extasiado, a mudança do clima, da paisagem, dos costumes, das gentes.
Chegando ao seu destino - uma remota localidade na Birmânia Oriental - ascoisas começam a complicar-se : conflitos diplomáticos entre colonizadores e olonizados, assaltos de tribos autóctones de salteadores e/ou guerrilheiros...Mas o major-médico Anthony Carroll é um importante elemento na mediação daquilo que parece ser um conflito intercultural num local "onde os deuses desfrutam a música e onde um piano pode ser usado para rezar".
O major Carroll é, por um lado, uma personagem muito sui generis que desenvolve uma forma de comunicação muito especial e uma proximidade bastante invulgar com os povos dos estados Shan, onde o conflito se encontra latente. Um homem diferente, que não parece ter a pretensão de "educar" as populações indígenas preocupando-se, ao invés, em respeitar os seus costumes e crenças.
Edgar Drake conhece também Khin Myo, uma bela, exótica e enigmática mulher daBirmânia. Entre eles desenvolve-se uma relação situada, algures, no limiar entre a amizade e o amor, pois ambos têm compromissos com outras pessoas.
Khin Mio é, desta forma, uma ninfa Calypso na companhia da qual este Ulisses britânico irá prologar a sua estada em terras do Extremo Oriente antes deregressar à sua Ítaca, onde o espera a sua Penélope/Katherine.Mas não se adivinha fácil o regresso às sombrias terras britânicas, com o sol da Birmânia no pensamento.
A música está sempre presente ao longo de todo o romance, não só pela constante referência a instrumentos musicais, ferramentas e processos de afinação, como também pela contínua associação de melodias e sons da natureza aos aspectos visuais da paisagem criando quadros sublimes. O que confere ao texto uma beleza etérea, quase sobrenatural.
O final é totalmente inesperado, aberto.
O drama instala-se e é deixado ao leitor imaginar o futuro das personagens.
"O Afinador de Pianos" é uma viagem de uma beleza indescritível ao Extremo Oriente onde a Música impera como símbolo do Belo como valor absoluto e onde desempenha o papel de mediadora da Paz.
Cláudia de Sousa Dias
O casamento perfeito entre a Palavra e a Música cujo resultado se reflecte numa criação literária com uma qualidade estética incomparável
Edgar Drake vive uma existência tranquila em Londres, com um casamento estável, sem filhos e com algumas dificuldades económicas.
Completamente apaixonado pelo seu trabalho - a afinação de pianos -, passa a maior parte do tempo na sua oficina, submerso em ferramentas e rodeado por"esqueletos" de pianos, quando não tem de se deslocar a casa dos clientes para trabalhar.
Um dia, recebe uma proposta irresistível do Ministério de Guerra, convidando-o a deslocar-se até à Birmânia afim de reparar um piano raríssimo.
Drake nãotem como recusar, apesar de esta decisão alterar por completo todos os aspectos da sua vida.Vai então sujeitar-se a uma longa e atribulada viagem transcontinental que consiste num dos mais belos trechos do romance descrito por Drake, nas suas cartas à esposa, Katherine, mostrando-lhe, extasiado, a mudança do clima, da paisagem, dos costumes, das gentes.
Chegando ao seu destino - uma remota localidade na Birmânia Oriental - ascoisas começam a complicar-se : conflitos diplomáticos entre colonizadores e olonizados, assaltos de tribos autóctones de salteadores e/ou guerrilheiros...Mas o major-médico Anthony Carroll é um importante elemento na mediação daquilo que parece ser um conflito intercultural num local "onde os deuses desfrutam a música e onde um piano pode ser usado para rezar".
O major Carroll é, por um lado, uma personagem muito sui generis que desenvolve uma forma de comunicação muito especial e uma proximidade bastante invulgar com os povos dos estados Shan, onde o conflito se encontra latente. Um homem diferente, que não parece ter a pretensão de "educar" as populações indígenas preocupando-se, ao invés, em respeitar os seus costumes e crenças.
Edgar Drake conhece também Khin Myo, uma bela, exótica e enigmática mulher daBirmânia. Entre eles desenvolve-se uma relação situada, algures, no limiar entre a amizade e o amor, pois ambos têm compromissos com outras pessoas.
Khin Mio é, desta forma, uma ninfa Calypso na companhia da qual este Ulisses britânico irá prologar a sua estada em terras do Extremo Oriente antes deregressar à sua Ítaca, onde o espera a sua Penélope/Katherine.Mas não se adivinha fácil o regresso às sombrias terras britânicas, com o sol da Birmânia no pensamento.
A música está sempre presente ao longo de todo o romance, não só pela constante referência a instrumentos musicais, ferramentas e processos de afinação, como também pela contínua associação de melodias e sons da natureza aos aspectos visuais da paisagem criando quadros sublimes. O que confere ao texto uma beleza etérea, quase sobrenatural.
O final é totalmente inesperado, aberto.
O drama instala-se e é deixado ao leitor imaginar o futuro das personagens.
"O Afinador de Pianos" é uma viagem de uma beleza indescritível ao Extremo Oriente onde a Música impera como símbolo do Belo como valor absoluto e onde desempenha o papel de mediadora da Paz.
Cláudia de Sousa Dias
7 Comments:
o livro é realmente fantástico.
Todas as suas descrições podem parecer em demasia, mas de facto não o são. Permit o leitor entrar também na própria Birmânia, nas suas selvas...
um aspecto negativo é o finl...acho que deveria ter outro final, pois ficam muitas duvidas no ar...
de resto aconselho vivamnete a leitura desta obra...
pois é, anónimo...
mas eu acho que essa ambiguidade confere maior riqueza literária ao texto...
um abraço e obrigada pela visita e pelo comentário. é sempre delicioso encontrar alguém que leu o livro e que possa dar, também, a sua impressão.
CSD
eu adorei este livro em especial , tem descriçoes fantasticas que nos faz entras dentro do livro e vive-lo adorei.
Já li há alguns anos, mas lembro-me de ter gostado muito, sim...
csd
Recomendo sua leitura! A descrição está perfeita, embora ache que para quem não leu o livro abre demasiado o jogo!
Parabéns !
JP
Pará quem já esteve naquelas paragens como eu, é realmente gratificante comparar a atmosfera descrita no livro com as sensações que vivi, ainda que noutro contexto histórico, como é obvio! Bela descrição! Parabéns!
ah, mas não revelo o final...
:-)
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