"Siddhartha" de Hermann Hesse (Casa das Letras)
A vida do fundador do Budismo num texto de uma beleza sublime, onde se evidenciam os valores mais universais.
Estamos perante uma das mais belas obras deste autor germânico nascido em Wuttenberg em 1877 e laureado com o Prémio Nobel em 1946. "Um poema indiano" que exprime uma rara capacidade de descrever a beleza e, simultaneamente, de extraí-la de cada átomo do Universo.
É desta forma que descreve a trajectória de vida de Siddhartha, filho de um brâmane ( sacerdote e intelectual Hindú) que opta por abandonar o conforto da vida palaciana e a segurança de uma existência privilegiada, garantida pelo nascimento e explorar o mundo que o rodeia, com o objectivo de saciar a sua infinita sede de Conhecimento.
Submete-se, numa primeira fase, às privações características de um estilo de vida ascético, depois jogará o jogo do Samsara (o mundo das sensações) ao apaixonar-se pela belíssima cortesã Kamala, tendo, para tal, de sumeter-se às regras de um mundo onde impera a opulência e a volúpia. Mas para ele, as sensações são um mero veículo de aquisição de conhecimento.
Mas a serenidade do Nirvana só é conseguida por Siddhartha quando este é tocado por aquele tipo de amor absoluto e incondicional como aquele que um pai sente por um filho e sofrer por esse amor, igualando-se aos restantes mortais - o chamado "povo das crianças". Menos frio e mais empático, o brâmane aproxima-se das pessoas, interessa-se por elas diferenciando-se delas apenas num pormenor: a consciência.
Em Siddhartha a procura do verdadeiro "Eu" da Alma, do perfeito equilíbrio - a ambição de alcançar o Nirvana - está presente ao longo de todo o romance.
Siddhartha é uma história sublime cuja finalidade é mostrar que através do amor pela humanidade que se encontra verdadeiro Caminho para atingir a perfeição de um Buda (o ser perfeito contemporâneo de Siddharta que, segundo a tradição budista, não precisa de reencarnar).
Para Siddhartha, amar o Mundo é mais importante que explicá-lo. Daí defender que a liberdade nunca pode provir de uma doutrina seja ela qual for. Estas, no entender do protagonista, são apenas "palavras, sem dureza, moleza, arestas, cheiro, gosto"...Por isso, não se podem amar as palavras...Mas pode amar-se as pessoas.
Deste ponto de vista, as diferenças entre civilizações, religiões, culturas ou ideologias esbatem-se e aproximam os homens e facilitando a coexistência no Globo.
Uma utopia talvez tão velha como a Humanidade. Mas que vale sempre a pena perseguir. Que o digam Cristo e Ghandi.
Cláudia de Sousa Dias
Labels: Repostagem repescada do arquivo morto de Fevereiro de 2005
8 Comments:
uma excelente escolha.
este livro está no top 20 das minhas preferencias
é bom colocar estes textos que já não estão visíveis por excesso de caracteres no arquivo de Fevereiro de 2005.
Alguns deles não tinham sequer comentários.
csd
Um livro que penso que li cedo demais. Acho que o vou mudar ainda hoje para minha mesa de cabeceira. Obrigada pela lembrança, Cláudia. :)
de nada...
um grande beijinho
csd
Cláudia, há quanto tempo não passava aqui... Tudo bem?
Bela re-surpresa. Li há muitos anos e gostei muito!
obrigada, Baudolino...espero já no final desta semana poder postar já outro texto...
beijinhos
CSD
Uma excelente repostagem, é um livro que apetece sempre abrir
Obrigada Luís...a ver se no p´roximo fim de semana temos um texto novinho em folha...
bjs
csd
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