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Monday, November 08, 2010

“2666” de Roberto Bolaño (Quetzal) "Livro I - A parte dos Críticos"


Best- seller amplamente premiado 2666 seria, por vontade do Autor, publicado em cinco volumes , editados separadamente, com a periodicidade de um ano.

2666 foi publicado após a sua morte, em 2004. 2666 focupou os seus últimos cinco anos de vida. O livro foi publicado postumamente aclamação e profusamente premiado gerando, no entanto, grande discussão sobre as intenções finais do autor.

Ao longo de mais de 1.100 páginas, o romance é dividido em cinco "partes", quatro e meia das quais estavam terminadas antes da morte de Bolaño. Focada numa ainda não reolvida e recorrente série de homicídios na Ciudad Juárez (Santa Teresa no romance), o apocalíptico 2666 mostra o horror do século XX através de um vasto número de personagens, centrados na figura reservada do escritor alemão Benno von Archimboldi acerca do qual quatro críticos literários tentamd escobrir o paradeiro.

Em Março de 2009, o jornal inglês The Guardian trouxe a informação de que uma parte adicional acerca do romance, a parte VI, a qual foi achada por pesquisadores junto ao espólio literário de Roberto Bolaño.
Contrariando a vontade do Autor, os editores entenderam, do ponto de vista do marketing e da rentabilidade, reunir os cinco livros conhecidos até à data da primeira publicação, num único volume, apesar de se tratarem, na realidade , de cinco romances diferentes com alguns pontos em comum, os quais passaremos a esmiuçar nas páginas que se seguem.



O cenário onde decorre a acção do primeiro volume de 2666 é a Europa da última década do século XX até aos primeiros anos do século seguinte. A questão central parece ser o fascínio pela obra de um misterioso escritor alemão, Benno von Archimboldi, cuja identidade só é desvendada e explorada no último volume. A reserva e a qualidade da obra do escritor alemão criado por Bolaño acabam por congregar a atenção de quatro críticos literários especialistas em língua e cultura germânica, os quais se reúnem periodicamente em vários locais da Europa, onde dão largas a um fervor literário, quase religioso, em conferências e terútlias, públicas e privadas, seguindo a pista do escritor-mistério, escorregadio como uma enguia e com o qual ninguém, excepto talvez a editora – a Sra. Bubis –, parece jamais ter trocado uma única palavra.
Paralelamente à Literatura, à Escrita e à Crítica Literária, surge o universo emocional das personagens, as quais estabelecem entre si relações pouco convencionais, marcadas pelos impulsos ditados pela emotividade, pelo desejo ou pela pulsão erótica.



As afinidades que se estabelecem entre os quatro colegas, tendem a dissipar qualquer espécie de emoção destrutiva entre eles, tais como ódio, ciúme, inveja ou qualquer tipo de rivalidades mesquinhas.



A tonalidade do discurso narrativo, nesta primeira parte, engloba vários géneros literários como a crónica, a narrativa ou o ensaio que se encaixam no romance propriamente dito e aproximam o Autor dos seus colega espanhóis Enrique Vila-Matas e Javier Marías os quais são mencionados pelo narrador durante as suas divagações literárias.
O narrador principal, heterodiegético, dedica-se a olhar analiticamente as personagens, disseca-as como se estas fossem animais de laboratório, um pouco ao estilo de Orwell em 1984: como se também este narrador proviesse de um futuro longínquo (o ano de 2666, o qual contem em si o número da Besta que figura no livro do Apocalipse ou Revelação da Bíblia) logo, exterior aos acontecimentos presentes. A partir daqui, imagina-se que no século XXVII a possibilidade de entrar no cérebro humano seja uma realidade e a omnisciência e omnividência relativamente ao pensamento Humano se torne diabolicamente divina: o acesso ao pensamento humano poderia servir, por exemplo, para controlar a criminalidade, mas seria paradoxalmente monstruoso os seres humanos viverem em permanente autocensura, com medo inclusive de pensar, com medo de criticar, com medo de desobedecer, mesmo que só em pensamento.



As referências literárias são mais do que muitas ao longo deste primeiro volume, embora abundem também no quinto, são mencionadas, sobretudo pelos críticos archimboldianos, figuras do universo literário como Göethe, Hölderlin, José Cela, William James, Heine, Unamuno, Günter Grass, Stevenson, Borges, Bulgakov, Döblin...Além dos já mencionados, Marías e Vila-Matas. Com estes dois últimos em particular, Roberto Bolaño partilha a melancolia do primeiro e o humor corrosivo, ácido, lembrando Fellini mas tingido pelo spleen, de Baudelaire e pelo pessimismo de Moravia.


Roberto Bolaño tal como Saramago, reproduz nalguns trechos o caótico rumo do pensamento, semelhante aos volteios de uma montanha russa ou a uma viagem espacial à velocidade da luz, por vezes com períodos de quase seis páginas, onde o pensamento sofre inflexões quase sem pausas recorrendo somente à vírgula, ao travessão e ao sinal de “dois pontos”, evitando cuidadosamente o “ponto final”, características que transformam a narrativa num discurso trepidante, aparentemente caótico, de uma rapidez doentia, a exigir um fôlego de baleia a quem se dispuser a ler aquele trecho em voz alta.



O Autor recorre, frequentemente, à ironia,temperada com um pouquinho de malícia a tender, por vezes, para a maledicência, dando um toque deliciosamente perverso ao texto.


e os homens que estavam ao redor da mesa - o secretário do presidente da Câmara, um senhor que se dedicava à venda de peixe em salmoura, um velho professor que adormecia de vez em quando, até quando empunhava o garfo...


Ou então:



Foram recebidos pelo director editorial, um tipo magro, mais espigado do que alto, de uns setenta anos chamado Schnell (rápido, em alemão), embora fosse mais para o lento.



Entrando em alguns aspectos concretos da narrativa, a forma como o Autor compara a morfologia das personagens com as letras do alfabeto não deixa de ser hilariante – ver final da pág. 39 – ao referir-se a Archimboldi e ao seu editor, Bubis: o primeiro, alto e magro como a letra “l”; o segundo, baixote e gordinho como a letra “e”.


A presença ubíqua da senhora Bubis em eventos sociais, envolvendo os mais proeminentes escritores alemães do último século é-nos dada pela descrição da galeria de fotos na editora, um indicio de que aquela personagem será o elo de ligação entre passado e presente, podendo ser uma das vias que levem à pista de Archimboldi. Uma ligação da qual só conheceremos os peso e a extensão também no último volume, altura e que a narrativa sofre uma regressão, recuando até ao início do século XX, para explicar a personalidade de Archimboldi.



Quanto à primeira parte, esta dedica-se quase que exclusivamente às peripécias dos quatro críticos literários no Velho e no Novo Mundo. Estas quatro personagens representam a Europa e a cultura europeia da UE. Mais propriamente a União Europeia multicultural – mas dentro do território europeu – sofisticada, educada, culta, higiénica, e, supostamente, com poucos tabus sexuais. Em suma, civilizada. Porque se falarmos de tabus sociais e de abertura ao exterior, o caso muda de figura. Facto que é confirmado pela brutal agressão ao taxista paquistanês nas ruas de Londres pelos pseudo liberais e pseudo progressistas Pelletier e Espinoza, respectivamente o crítico germanista Francês e o Espanhol.



Neste volume, surgem ainda alguns indícios ou pistas explicativas do tema principal que preenche o terceiro volume, A Parte dos Crimes. O autor recorre, para isso aos arquétipos vindos da mitologia clássica: os homens maltratam as mulheres em quase todas as épocas históricas porque temem a submissão sexual. Por essa mesma razão, fazem o mesmo que Perseu a Medusa, isto é, matam sem olhar, ou sem olhar directamente as vítimas, melhor dizendo, sem reconhecer a vítima como pessoa. E fazem-no na esperança de que, após o acto, que se repete até ao infinito, de encontrar um dia o “verdadeiro amor” - a longínqua Andrómeda, tão distante dos homens, na sua pequenez, quanto a Galáxia com o mesmo nome se encontra em relação à Via Láctea. A ideia é lançada por um estudante britânico, durante a breve estadia dos quatro críticos em terras de Sua Majestade onde assistem a uma conferência sobre literatura germânica em Londres. Mais tarde verificar-se-á que o episódio referido pelo estudante relativo à Mitologia, se repete no Estado de Sonora e na Cidade de santa Teresa, no norte do México, junto à fronteira com os Estados Unidos, local para onde convergem todas as personagens no final de cada um dos cinco volumes de 2666.



Durante a breve estadia em Inglaterra, os quatro críticos parecem reencontrar o rasto de Archimboldi, fazendo crer que este se encontra no México, precisamente em Sonora. A deslocação dos protagonistas Europeus para aquele país coloca-os em contacto com o Professor Amalfitano, o perito local em literatura germânica, que será o protagonista do segundo volume e co-protagonista no terceiro, ocupando ainda uma posição marginal no quarto volume.



Amalfitano é um Académico de origem chilena – tal como o Autor – mas de ascendência italiana a viver no Norte do México. Dá aulas na Universidade de santa Teresa, cidade do Estado de Sonora, onde parece haver uma tendência exagerada para a ocorrerem de crimes sexuais de especial violência. Amalfitano parece ser a personagem que mais se aproxima do perfil psicológico do Autor da obra tanto pela misantropia quanto pela paixão pela literatura. Mais tarde o Autor projectará as mesmas características no protagonista do quinto volume.
Oespaço onde decorre a segunda parte da acção deste primeiro volume – o deserto de Sonora, junto à fronteira do México com o Arizona -, é comparado a um jardim petrificado – mais uma alusão à Górgona e aos acontecimentos que se desenrolam na região: é o cenário onde no tempo presente, acontece o horror.



Com Amalfitano, os três dos quatro estudiosos europeus portam-se como autênticos snobes, em virtude da posição periférica em relação à Europa do sítio que este escolhe para viver.
“A primeira impressão que os críticos tiveram de Amalfitano foi bastante má, perfeitamente de acordo com a mediocridade do lugar, só que o lugar, a extensa cidade no deserto, podia ser visto como uma coisa típica, uma coisa cheia de cor local, mais uma provada riqueza muitas vezes atroz da paisagem humana, enquanto Amalfitano só podia ser visto como um náufrago, um tipo descuidadamente vestido, um professor inexistente, de uma universidade inexistente, o soldado raso de uma batalha perdida contra a barbárie (…) um melancólico professor de filosofia a pastar no seu campo, o lombo de uma besta caprichosa e infantilóide que tinha engolido Heidegger de uma só vez, no pressuposto de que se Heidegger tivesse tido o azar de nascer numa fronteira mexicano-norteamericana.”



O aspecto onírico na escrita de Roberto Bolaño vem ao de cima no episódio que descreve a presença dos críticos europeus em Sonora – Santa Teresa. Os sonhos são inquietantes e recorrentes. Os diálogos internos de Pelletier, Espinoza e Lyz Norton reflectem o ambiente opressivo que paira na cidade como uma opaca neblina de gás tóxico. Pelletier sonha constantemente com um detalhe que o incomoda especialmente: um buraco na sanita, ou melhor a sanita quebrada, à qual falta um pedaço e ninguém no hotel parece estar interessado em reparar. Tal como não parece haver ninguém interessado em desvendar os crimes que ocorrem na cidade. A população parece sofrer do mesmo tipo de lassidão ou indiferença crónica que o gerente do hotel em relação à sanita quebrada, isto é, sem se importar que a “merda” se espelhe pelo pavimento, mas em relação aos crimes que ocorrem a conta-gotas, mostrando uma passividade anormal face ao aumento do crime, do medo e da insegurança que se espalham e entram até mesmo dentro das casas particulares. A metáfora da sanita adquire aqui um carácter alegórico, lembrando um quadro de Magritte. Trata-se de um objecto simbólico que adquire proporções muito maiores às do objecto real, de forma a aproximar-se da magnitude da indiferença quer da população local quer das instituições responsáveis.



Roberto Bolaño retrata a realidade social daquela região com extrema dureza, apesar de, nesta fase,se limitar a recorrer ao simbolismo típico dos surrealistas para mostrar como até mesmo aqueles visitantes estrangeiros que têm a atenção concentrada apenas em si próprios e na possibilidade de brilhar, se apercebem de que “algo está mal mas não se sabe exactamente o quê”. É por essa razão que o sonho de Pelletier é sempre envolto em sangue (morte) e “merda” (corrupção). Trata-se de uma metáfora social que aponta para um paroxismo de violência latente como é o número de assassínios ocorridos na periferia daquela cidade.
Já Espinosa sonha com o deserto envolto numa luminosidade de um amarelo doentio, a lembrar o amarelo desesperado dos quadros de Frida Kahlo; um sonho polvilhado de misteriosos sussurros, onde o som da palavra “liberdade” parece escapar, entrecortado por murmúrios confusos.



Também o desconforto de Lyz Norton a crítica britânica se faz sentir sob a forma de sonhos. Esta vê-se um quarto de hotel reflectida em dois espelhos em simultâneo, onde parece observar o seu “eu” de fora, daí decorrendo a desagradável sensação de não se reconhecer a si mesma a que se junta o desconforto de se sentir observada e de ser incapaz de identificar o que se passa de errado com a atmosfera da cidade.



O episódio culmina com o regresso de Elizabeth ao conforto europeu e à reconfortante presença de Morini, o crítico italiano cuja saúde frágil o impede de se reunir aos colegas em Sonora. O pesadelo de Elizabeth faz lembrar um conto de Edgar Allan Poe ou um romance de Stephen King.



Para colocar a questão da liberdade na escrita versus a necessidade de subsistência do escritor que não escreve para as massas, Roberto Bolaño empenha-se em comparar o tipo social do intelectual mexicano e o europeu, isto é, entre aquele que se preocupa com a escrita em si e aquele cuja principal fonte de preocupação é a sobreviver. O primeiro, o sul americano, tem a sobrevivência assegurada porque, regra geral, vive de um emprego público, tendo apenas de se preocupar com a criatividade. Por outro lado, o Estado vigia-o de perto. O segundo tem de viver à própria custa, comendo o produto de empregos subalternos, delapidando uma herança ou os rendimentos do cônjuge a viver uma situação mais estável, a menos que pertença ao grupo restrito que trabalha no meio editorial. Da liberdade de expressão na escrita, condicionada pelo controlo estatal no primeiro caso, e da precariedade decorrente de uma sobrevivência na maior parte das vezes incerta no segundo, o escritor europeu situa-se dentro de um sistema neo-liberal, onde o aquele que não escreve com o fim exclusivo de ganhar dinheiro só abrande uma pequena fatia do mercado, só o pode fazer a título parcial, gastando a maior parte do seu tempo útil a executar um trabalho remunerado que nada tem a ver com a actividade intelectual ou com a criatividade, o que faz dele um escritor tão ou mais condicionado do que o escritor sul-americano, que trabalha para o Estado, mas ao qual o mesmo Estado não incomoda muito.


Mas ao Autor não escapa o facto de que a dependência do escritor face a um organismo estatal lhe possa distorcer a visão da realidade e de o escritor se refugiar no próprio mundo vendo apenas o que deseja ver:



Da boca da mina continuavam a sair rugidos e os intelectuais seguem-nos interpretando mal.



O Reitor Negrette, chefe de Amalfitano, desempenha o papel de anfitrião dos visitantes europeus, será uma peça de ligação importante na terceira parte, uma vez que é parente do chefe da polícia local que investiga os crimes.



No final da primeira parte ou do Livro I é descrito o cenário da cidade e a paisagem social do território onde decorrem os crimes. Os bairros pobres e, também o quadrante norte, onde se ergue o parque industrial que reúne as fábricas onde trabalham os habitantes da zona menos favorecida da cidade: as “maquiladoras”, compostas essencialmente por mão-de-obra feminina.
O ambiente opressivo associado ao medo latente e generalizado que se instala na cidade, parece emanar de disparidades socioeconómicas que se tornam chocantes:



Viram, nos extremos de Santa Teresa, bandos de urubus negros, vigilantes, caminhando em campos ermos, pássaros a que aqui chamam de gallinazos e também de zopilotes e que não eram mais do que urubus pequenos e necrófagos. Onde havia urubus (…)não havia outros pássaros.



E a terminar a alegoria:



O céu, ao entardecer, parecia uma flor carnívora.



Elizabeth Nortonregressa à Europa antes dos outros dois críticos, Pelletier e Espinoza, que ficam durante mais alguns dias a afogar o seu pedantismo (e dor de corno), na noite de Santa Teresa. Aproveitam para dar uma escapadela até ao outro lado da fronteira, o Arizona, e ouvem, pela primeira vez um relato sobre os assassínios das mulheres de Sonora.

Uma característica que, à primeira vista, nos parece desconcertante a princípio é a alternância dos discursos e planos narrativos, dando a ideia de simultaneidade, tal como acontece no cinema. Os factos sucedem-se com rapidez e o tempo, condensado, permite ao leitor aperceber-se da velocidade a que se dão os acontecimentos enquanto é lida carta de Elizabeth Norton pelos seus destinatários.



Lyz refere na carta a imagem do pintor enlouquecido que decide cortar a mão – episódio que será desenvolvido na segunda parte, e que acaba por se ligar, de forma indirecta indirecta no destino de Amalfitano.



Os críticos longe de conseguirem o seu objectivo inicial, partem com a sensação de missão incumprida, sem terem desvendado o mistério de Archimboldi.

CSD

16 Comments:

Blogger Luis Nunes Alberto said...

Ola Claudia
ainda não li todo o artigo que escreveste, vou tentar encontrar-me com o livro e depois acabarei então de te ler. Por agora aguçaste-me o apetite, mas quero ser surpreendido.

6:49 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

ok. fico à espera então.
são 5 artigos e não apenas um...

:-)

10:36 AM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

obrigada, Jimmy...
tentarei dar uma olhada.
Abraço-

6:43 PM  
Blogger Vinícius Goularte said...

Olá Claudia

Descobri seu blog ao pesquisar sobre O Pêndulo de Foucault e fiquei fascinado com seus artigos. Parabéns. Vou continuar acompanhando e indicar para outras pessoas. Como ainda não percorri todos os artigos, te pergunto se existe algum sobre Thomas Pynchon. Sempre procuro alguma motivação para ler O Arco-Íris da Gravidade e acredito que você faria um favor a várias pessoas, incluindo eu, que tentam ler esta obra assustadora.

10:42 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

vou tomar, nota, Vinicius.

Obrigada...

csd

9:58 PM  
Blogger Cat SaDiablo said...

Cláudia,
Que fabulosa análise deste densíssimo livro. Uma obra tão magnífica que é bastante difícil de analisar. Adorei os seus textos. Muitos parabéns.
Acabei de ler este livro há uns dias e publiquei há minutos a minha opinião no meu blog, onde fiz uma ligação a estes artigos, espero que não se importe.

Boas leituras.

11:54 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

obrigada, Cat!

será sempre bem.vinda!


csd

10:41 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

deixo aqui um comentário de um utente dese blogue que eliminei acidentalmente:

A. Marques-Rodrigues has left a new comment on your post "“2666” de Roberto Bolaño (Quetzal) "Livro I - A pa...":

Estou com o livro começado a poucos dias. Delicioso... Seu blog também caminha pelos mesmos adjetivos.

Abraços

2:33 PM  
Blogger Osvaldo Manso said...

Olá! Acabei de ler «2666» há dias e já recomecei a sua leitura, pois sinto-me esmagado perante o seu brilhantismo e até obcecado por alguns aspetos particulares.

Li com bastante interesse esta apreciação, onde cheguei pesquisando "A Parte dos Críticos" no Google.

Faço apenas notar um pequeno lapso: o personagem que introduz na narrativa a história da Medusa não é um estudante, mas sim Alex Pritchard, um amigo (colorido?) de Liz Norton que Pelletier e Espinoza conhecem ao visitarem, sem avisar, Norton no seu apartamento e com quem têm uma acesa discussão sobre literatura, que quase chega a vias de facto.

Quanto ao suposto pedantismo de Pelletier e Espinoza, que se faz efetivamente notar quando conhecem Amalfitano ou, por exemplo, quando recebem um bilhete de Augusto Guerra, o decano da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Santa Teresa, penso que acaba por se diluir na frustração dupla de que ambos padecem.

De facto, principalmente após o regresso de Norton à Europa, Pelletier e Espinoza vivem as suas vidas de forma anárquica e sem sentido (Espinoza criando uma ligação emocional, sem futuro, com Rebeca, a vendedora de tapetes no mercado de artesanato local e Pelletier lendo e relendo os três romances de Archimboldi que levou para Santa Teresa, quase sem sair do hotel). A impossibilidade de encontrarem Archimboldi alia-se à impossibilidade de manterem a relação com Norton. Não penso que nesta fase das suas vidas ainda haja espaço para pedantismo.

Adorei os personagens principais desta primeira parte e é com pena que os vejo desaparecer do romance para não mais voltarem. Principalmente ficará sempre comigo o impulsivo Espinoza, o primeiro a atacar violentamente o taxista paquistanês em Londres, o que vai colecionando relações com prostitutas, o que sugere a repetição do ménage à trois com Norton, já em Santa Teresa, mas também o homem capaz de ter consciência da mediocridade e da falsidade da sua vida quando num bar próximo do mercado se prepara para terminar a ligação com Rebeca.

1:42 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

eu não queria ser "spoiler", mas de facto o snobismo no discurso dos participantes foi a característica que mais me chamou a atenção nessa primeira parte.

:-)

Sim, de facto são livros completamente independentes, conforme afirmou o Autor antes de falecer, ligados apenas pela profusão de assassinatos e violação de mulheres no México. Se as personagens persistissem ao longo do livro seria o mesmo romance em vários volumes diferentes o que não é o caso.

2:34 PM  
Blogger Osvaldo Manso said...

No prefácio à edição que tenho (penso que é a 4.ª edição, mas não tenho a certeza e não está aqui o livro para poder confirmar), há uma nota dos herdeiros do autor em que estes explicam que a vontade de Bolaño em publicar as cinco partes como livros separados era exclusivamente fundada em questões económicas, pois pretendia dessa forma assegurar a subsistência financeira dos seus filhos, lançando os livros ao ritmo de um por ano. De acordo com os herdeiros, estes decidiram não respeitar a vontade do autor, pois esteticamente Bolaño sempre considerou «2666» como uma única obra e, se não tivesse adoecido com gravidade perspetivando a curto prazo a sua morte, teria certamente lançado «2666» como um único livro.

Já agora, aproveito para referir um outro pequeno lapso no parágrafo «O Reitor Negrette, chefe de Amalfitano, desempenha o papel de anfitrião dos visitantes europeus, será uma peça de ligação importante na terceira parte, uma vez que é parente do chefe da polícia local que investiga os crimes.» Na verdade, Negrete reaparece na quarta parte, A Parte dos Crimes. A terceira é A Parte de Fate.

Nos próximos dias vou prosseguir na releitura do romance e conto voltar em breve ao teu blog para ler a apreciação à Parte de Amalfitano.
Obrigado pela partilha!

3:44 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Oh, Cobridor, desculpe mas na verdade eu vejo ali 5 livros diferentes e não um romance independentemente do que qer que achem ou deixem de achar os herdeiros. Quanto ao "lapsos" que refere eu chamo-lhe "omissões". Mas são-no simplesmente porque desejo deixar alguma coisa para os leitores com o Cobridor descobrirem, passa o trocadilho.

Mas é bom sempre juntarmos perspectivas.

3:50 PM  
Blogger Unknown said...

Boa tarde!!
Em algumas críticas li que o livro tem um teor homofóbico. Qual é a tua opinião sobre este tópico? Consideras que tem momentos que revelam homofobia ou nem por isso?

Obrigado pela atenção e parabéns pelo excelente blog

4:27 AM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Acho essa interpretação um completo disparate.

2:12 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Eu li o livro de uma ponta a outra e o que encontrei foi um discurso marcadamente feminista apesar de escrito por um homem. Havia uma demarcação por parte do narrador do discurso machista das anedotas que representavam a voz doxal, ou seja do povo da comunidade e que colocavam a mulher em posição absolutamente servil em relação ao homem, tratando-a ora como criada ora como objecto sexual, que não tem mais valor para o homem que a usufrui do que uma peça de mobiliário da casa.

3:47 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Só se o sentido da palavra "homofóbico" utilizado pelo referido crítico, for esse...o discurso anti-macho, da sociedade patriarcal. Tudo é possível nos dias que correm.

3:49 PM  

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