A Autora traz-nos um livro de beleza outonal, sublinhada pela capa da cor das folhas que se desprendem das árvores em Outubro, ao concentrar, num pequeno volume, todo um manancial de emoções, sensações e odores. Um mundo privado, proveniente de uma alma cujo imaginário tem a capacidade de transformar uma paixão feita em estilhaços em algo de sublime.
A prosa poética e intimista de Maria do Rosário Pedreira é desprovida de sentimentalismos piegas, concentrando-se antes os cenários interiores de uma casa ou das suas imediações, como o espelho das emoções que aí se vivem ou que aí foram vividas. A atribuição de características anímicas a objectos, a personificação antropomórfica conferida a seres vegetais ou a animais domésticos que se tornam testemunhas cúmplices (como por exemplo, os gatos) de um amor vivido e interrompido bruscamente, dão um ar de natureza morta aos locais, onde impera a nostalgia. Onde o Verão parece estar ausente vivendo-se um momento de pausa à luz sépia que antecede o frio do Inverno.
O livro para ser relido à luz de uma chama a recordar o Estio.
Cláudia de Sousa Dias
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