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Saturday, November 11, 2006

"A História dos duendes que raptaram um Sacristão" de Charles Dickens Contos de Natal - Parte I (ASA)




Este é o conto de Charles Dickens que serviu de protótipo ao célebre A Christmas Carol – em Português Um Conto de Natal – e que fala da redenção do avarento Scrooge.

Nesta pequena
shortsory, o protagonista é o coveiro Gabriel Grub – cuja fonética é a adulteração de grave (túmulo, campa), e constitui um toque humorístico do Autor, ao caracterizar um homem de carácter profundamente cínico, que se regozija com o mal dos outros.

A história dos duendes que raptaram o sacristão é um conto que é narrado como se se dirigisse a um público infantil, reunido à volta da lareira, numa noite gelada de Inverno, com o vento a uivar nas janelas…

Trata-se de uma estória elaborada com intenção pedagógica e formativa, destinada a ser utilizada com o intuito de contribuir para a construção do edifício ético e moral dos mais novos, onde a intervenção do sobrenatural, acentuada pelo ambiente sinistro do cenário – o cemitério, os túmulos, o gelo e o frio – que sugere o terror, funciona como um potente dissuasor do Mal.

O coveiro e ajudante de sacristia é, como já foi referido, um homem que tem uma grande dificuldade em conviver com a felicidade alheia. Utilizando a ironia, uma figura de estilo típica em Dickens, que a utiliza com particular mestria, o Autor fala-nos do “bom humor” dos coveiros em geral, colocando em evidência, pela técnica do contraste, o humor negro de Gabriel Grub, que se reconforta ao pensar constantemente na doença e morte alheias. O momento de extremo sarcasmo por parte do narrador dá-se após Grub lançar um dos seus piores vitupérios, ao comentar “E foi neste feliz estado de espírito que…”


O aparecimento de um ser fantástico, em tudo semelhante aos génios ou “djins” das mil e uma noites, marca um ponto de viragem na narrativa. Em primeiro lugar, porque consegue surpreender Grub; em segundo lugar, porque é aqui que começa a ser trabalhada a personalidade do monstruoso coveiro, no sentido de se tornar uma pessoa diferente. Gabriel Grub é levado para um reino subterrâneo, para lá do mundo dos vivos, para uma grande caverna onde residem os duendes que reclamam a presença do coveiro – o homem mais malévolo do mundo – para ser punido pela sua maldade. Ou na melhor da hipótese para apanhar um correctivo que o obrigue a mudar de atitude.

Tal como acontece aos meninos quando se portam mal.

Por isso, Grub é impiedosamente torturado e injuriado pelos duendes. Tal como ele próprio gostava de maltratar as crianças e os mais fracos.
Posteriormente, os duendes obrigam-no a assistir à extinção gradual de uma família feliz, cujos membros vão, ao longo do tempo, sofrendo as marcas da fatalidade, sem contudo deixar de achar que a vida vale a pena. Ou seja, Grub é, primeiramente, obrigado a sofrer uma punição física, como expiação pela prática do mal. E, num momento posterior, é forçado a compreender o sentido e o alcance da sua própria maldade. Por último, é-lhe dada a entender a vantagem de encarar a vida com optimismo – com intuito pedagógico visando a sua reintegração social –sendo-lhe, também, dada a oportunidade de recomeçar uma nova vida.

Mas a ideia principal deste conto não é apenas a da dissuasão do Mal por instigação do medo da punição. É, antes de mais, a constatação de que a mudança radical de personalidade não tem credibilidade para aqueles que conhecem o passado do infractor. O que implica uma mudança de localidade para tornar possível uma reinserção onde se terá se recomeçar a vida do zero.

Porque a sociedade não consegue desligar-se da “máscara” ou “persona” que sempre acompanhou o indivíduo. Neste ponto, Dickens aproxima-se inquietantemente da realidade, assemelhando-se ao pensamento do Autor que compôs o libretto para a ópera La Traviatta de Giuseppe Verdi.

Para vestir uma nova “máscara” e apresentar-se com uma nova “persona” é necessário mudar de localidade e conviver com pessoas que o não associem à “máscara” anterior para que a actual “máscara” seja credível.

Dickens personifica, sobretudo, uma forma dramática de ilustrar a realidade, recorrendo à parábola, ao construir uma história de grande valor artístico e significado polissémico.

Um marco importantíssimo na literatura inglesa do sec. XIX.


Cláudia de Sousa Dias

9 Comments:

Blogger o alquimista said...

Deste-me umas idéias, pois estou a escrever uma ficçao para o natal...


Doce beijo

9:36 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Excelente!

Podes fazer ujma pesquisa sobre Dickens, Stevenson e Edgar Allan Poe!

Há imenso material sobre o assunto.

Bjo

CSd

6:18 PM  
Blogger Nilson Barcelli said...

Adoro esse tipo de contos, mas já há uns anos que não leio nada do género.
Talvez este Natal...
Um beijo.

11:48 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Sabe bem este tipo de narrativas à lareira venquanto que lá fora faz um frio medonho!

bjo Grande daqui directamente para terras germânicas!

CSD

11:45 AM  
Blogger Bandida said...

contos. redenções.




Belo!




abraço!
^___________________________

2:09 AM  
Blogger Maria! said...

Passei para um abraço e um beijinho...
Levo na volta mais uma sugestão maravilhosa..

Beijos***:)

3:40 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Bandida, sê bem-vinda!

Espero ver-te por cá mais vezes! Aproveito para fazer publicidade ao teu blog onde a qualidade das imagens corresponde na totalidade à qualidade dos textos!

Nina, obrigada pelo teu abraço.

bjo


Csd

1:05 PM  
Blogger Bandida said...

obrigada, Cláudia.





abraço!
__________________

2:10 AM  
Blogger Nilson Barcelli said...

Beijo grande e amigo

5:52 PM  

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