“As Novas Bacantes” de Catherine Clément (ASA)
Um policial ao estilo de Agatha Christie a romper um pouco com a estrutura típica dos romances clémentianos...
Jean de Bihouic, etnólogo, reputado professor de mitologia comparada no Collége de France, chega, um dia, a uma remota aldeiazinha escondida no Vale do Loire, para curar uma mini depressão, fruto do seu divórcio recente.
Mas, logo à chegada, o professor depara-se com a curiosidade indiscreta do taxista que o leva ao hotel, à semelhança dos demais habitantes da pequena povoação. O facto fá-lo aperceber-se de que algo de inusitado se passa, interferindo com a harmonia do quotidiano.
O desagrado e a desconfiança, patentes nas referências constantes a um excêntrico grupo de mulheres que se dedicam a um insólito ritual, após se embriagarem com um estranho vinho dotado de propriedades químicas que desencadeia significativas alterações comportamentais, despertam a curiosidade do professor. Essa mesma curiosidade é ainda mais espicaçada, à medida que este vai encontrando cada vez mais semelhanças com um misterioso e sinistro culto antigo.
A intervenção torna-se particularmente difícil devido à ligação parental de alguns membros da seita com as autoridades locais…
Mais estranha ainda é a inexplicável conivência do pároco da aldeia…
Até que uma destacada figura do executivo local desaparece em circunstâncias altamente inquietantes.
A suspeita de crime instala-se e põe em andamento a engrenagem no sentido de desvendar o mistério…
Este é um registo pouco habitual em Catherine Clément, escritora e ensaísta que atingiu a notoriedade no romance histórico e que agora aparece com uma novela a fazer lembrar os contos de Agatha Christie (cujo nome a Autora atribui, justamente, não só a uma, mas a várias personagens).
Já o gosto pelo estudo comparado das religiões está também presente em romances desta Autora como A Viagem de Théo, Jesus na Fogueira ou O Sangue do Mundo. Aos quais As Novas Bacantes vem acrescentar a chamada de atenção para a necessidade de reflectir sobre o dilema com que se debate a Europa em relação ao respeito pelos traços culturais de outras civilizações e para a necessidade de preservação dos direitos fundamentais dos cidadãos, assim como a segurança e a defesa das normas que sustentam o Estado de Direito.
Um livro que se devora com prazer numa viagem de comboio onde o leitor, à semelhança de Jean de Bihouic, poderá folhear as páginas entre a frescura do verde dos pinhais e o azul das ondas do Mar de Mira a caminho da cidade dos ovos moles, ao invés da paisagem do Loire como cenário…
…na companhia dum eruditíssimo Hercule Poirot, com quem partilhamos o gosto do gato que não resiste a enfiar os bigodes onde não deve…
... e acabamos por ver-nos envolvidos numa atmosfera irresistível, que apenas permite ao leitor de As novas Bacantes interromper a leitura no final do último parágrafo.
Ou seja, quando o revisor anuncia o fim da viagem…
Cláudia de Sousa Dias
Jean de Bihouic, etnólogo, reputado professor de mitologia comparada no Collége de France, chega, um dia, a uma remota aldeiazinha escondida no Vale do Loire, para curar uma mini depressão, fruto do seu divórcio recente.
Mas, logo à chegada, o professor depara-se com a curiosidade indiscreta do taxista que o leva ao hotel, à semelhança dos demais habitantes da pequena povoação. O facto fá-lo aperceber-se de que algo de inusitado se passa, interferindo com a harmonia do quotidiano.
O desagrado e a desconfiança, patentes nas referências constantes a um excêntrico grupo de mulheres que se dedicam a um insólito ritual, após se embriagarem com um estranho vinho dotado de propriedades químicas que desencadeia significativas alterações comportamentais, despertam a curiosidade do professor. Essa mesma curiosidade é ainda mais espicaçada, à medida que este vai encontrando cada vez mais semelhanças com um misterioso e sinistro culto antigo.
A intervenção torna-se particularmente difícil devido à ligação parental de alguns membros da seita com as autoridades locais…
Mais estranha ainda é a inexplicável conivência do pároco da aldeia…
Até que uma destacada figura do executivo local desaparece em circunstâncias altamente inquietantes.
A suspeita de crime instala-se e põe em andamento a engrenagem no sentido de desvendar o mistério…
Este é um registo pouco habitual em Catherine Clément, escritora e ensaísta que atingiu a notoriedade no romance histórico e que agora aparece com uma novela a fazer lembrar os contos de Agatha Christie (cujo nome a Autora atribui, justamente, não só a uma, mas a várias personagens).
Já o gosto pelo estudo comparado das religiões está também presente em romances desta Autora como A Viagem de Théo, Jesus na Fogueira ou O Sangue do Mundo. Aos quais As Novas Bacantes vem acrescentar a chamada de atenção para a necessidade de reflectir sobre o dilema com que se debate a Europa em relação ao respeito pelos traços culturais de outras civilizações e para a necessidade de preservação dos direitos fundamentais dos cidadãos, assim como a segurança e a defesa das normas que sustentam o Estado de Direito.
Um livro que se devora com prazer numa viagem de comboio onde o leitor, à semelhança de Jean de Bihouic, poderá folhear as páginas entre a frescura do verde dos pinhais e o azul das ondas do Mar de Mira a caminho da cidade dos ovos moles, ao invés da paisagem do Loire como cenário…
…na companhia dum eruditíssimo Hercule Poirot, com quem partilhamos o gosto do gato que não resiste a enfiar os bigodes onde não deve…
... e acabamos por ver-nos envolvidos numa atmosfera irresistível, que apenas permite ao leitor de As novas Bacantes interromper a leitura no final do último parágrafo.
Ou seja, quando o revisor anuncia o fim da viagem…
Cláudia de Sousa Dias
12 Comments:
Mais um comentário de luxo!
Obrigada!
Mais uma visita de luxo!
Beijinhos
CSD
como sugestão: já leste "Shalimar, o Palhaço"? AChei um livro bestial...
Não, ainda não li!
Mas de Rushdie ainda tenho "Os versículos" para ler e comentar!
Hei-de acabar por ler esse e outros como "Harun e um mar de Histórias" "O Último Suspiro do Mouro" e "O chão que ela pisa"
Obrigada pela sugestão,mas por coincidência estive quase a receber esse livro no meu aniversário! Como estava esgotado ofereceram-me antes "Os Versículos Satânicos"...
CSD
Devias fazer um programa em uma estação de televisão...seria teu telespectador assiduo...
Um sorriso às vezes é solto na lágrima vinda do céu do teu mais profundo sentir...
Mágico beijo
Pirata, já li o livro há muitos anos atrás e acho que vale a pena um comentáriorito...
Alquimista seria fantástico!
Mas já nem me atrevo a sonhar tão alto!
Beijo
CSD
... mas Cládia, aqui pelo sul o sol brilha, como é que aí pode estar temporal?
(não li o texto, estou de passagem. era só para te mandar um brilhozinho;volto)
Uma ótima indicação pelo visto. Abraços!
Elipse por aqui tem estado um pavor!Começou a melhorar ontem pela madrugada. Esperemos que continue o bom tempo!
Claudinha, obrigada pela visita, daquia a alguns minutos passo aí no teu blog!
Um beijo às duas!
CSD
gostei...voltarei.
Abraço
fiquei sem palavras ao ler este post....avise-me quando do lançamento da sua obra...impõe-se.
Da MINHA obra?!
Luís, mas eu não escrevi ainda nada de jeito a não ser crítica literária...
De qualquer maneira fico muito sensibilizada pelo valor que atribui áquilo que faço!
Um abraço
CSD
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