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Bibliomaníaca e melómana. O resto terão de descobrir por vocês!

Monday, May 18, 2009

“A Fronteira de Vidro” de Carlos Fuentes (Dom Quixote)


Carlos Fuentes é um autor mexicano cuja obra incide nas transformações políticas e sociais ocorridas ao longo dos últimos dois séculos, num país onde as oportunidades escasseiam e o outro lado da fronteira seduz como o canto das sereias na Odisseia de Homero. Com A Fronteira de Vidro o Autor efectua uma análise multidimensional da realidade mexicana e norte-americana, observando as diferentes faces do mesmo prisma, sob o ponto de vista económico, político, social, cultural, psicológico.

Trata-se de um conjunto de estórias que podem ser lidas separadamente mas onde verificamos existir algumas personagens que se repetem. Uma delas em particular serve de fio condutor entre os diferentes
sketches, interligando-os, ao aparecer ora como protagonista ora como personagem secundária ou, ainda, como mero figurante: trata-se de Leonardo Barroso, o magnate que lidera um poderoso lobby económico e político, manipulando habilmente o principal partido no poder.

As pequenas estórias de A Fronteira de Vidro ilustram as transformações ocorridas em território mexicano nos últimos duzentos anos, inclusive os avanços e recuos da fronteira entre o México e os Estados Unidos onde se comprova a notória degradação económica, manifesta numa crise endémica, permanente, da qual parece impossível emergir uma solução viável e construtiva, mas onde grassa o Desemprego, o êxodo rural, a criminalidade, a emergência de uma economia paralela e a corrupção.

A primeira destas estórias, A Capitalina, fala de uma jovem de deslumbrante beleza morena, oriunda da capital, de origem aristocrática, que viaja para o interior em virtude de um acordo entre as famílias com objectivos matrimoniais (e materiais). Michelina Laborde descende de uma antiga família de elite na cidade do México que ascende aos primeiros colonizadores. Arruinados, apostam na jovem como o passaporte para a manutenção do status quo e o padrão de vida a que estão habituados. O noivo é o filho do padrinho de Michelina, Marianito, que não consegue interessar-se por mulheres a não ser platonicamente e através da literatura. Michelina revela uma extraordinária capacidade de premeditação e, simultaneamente, de vulnerabilidade ao permitir deixar-se seduzir pelo sogro. A jovem percebe que ao aliar-se a um homem que incarna uma figura paternal, ser-lhe-á possível juntar o útil ao agradável, até porque, normalmente, costuma sentir-se incomodada “com a tirania dos homens jovens e belos”.

Leonardo Barroso, parece ser um novo-rico que gosta de exibir ostensivamente sinais de poder económico, ao copiar, por exemplo, os modelos americanos de exibicionismo como a mansão “Tara” do filme “E tudo o Vento levou” ou carros caríssimos que amontoa como se de cabeças de gado se tratasse: Manadas de Porsches, Mercedes, BMW’s que repousavam como mastodontes nas garagens (…). A casa dos Barroso era Tudor-Normanda (…), só faltava o ribeiro do Rio Avon e a cabeça de Ana Bolena num cesto.
O autor não perdoa nem mesmo a vulgar frivolidade das mulheres que habitam ou frequentam a mansão dos Barroso, dentre as quais onde se destaca a extrema beleza e distinção de Michelina.

Era a única sem plásticas faciais (…) e sentou-se, muito sorridente e amável, entre a vintena de mulheres ricas, perfumadas, aperaltadas com roupas do outro lado da fronteira, cobertas de jóias, quase todas com os cabelos pintados de acaju, algumas com óculos de máscara veneziana, outras usando aquosamente as suas lentes de contacto.

O discurso da fêmeas da alta roda perece ser, também, condizente com a aparência:

vimos todas do convento, todas passamos por colégios de freiras (…), todas nos libertámos um dias…mas se já estamos de regresso ao convento…sozinhas, sem homens, mas só a pensar neles….
Mulheres que definham no meio da abundância, ignoradas pelos maridos que buscam compensação no luxo e no prazer de gastar o dinheiro daqueles que as ignoram.

A seguir, no outro lado da fronteira, chega-nos o conto O Estudante de Medicina – Juan Zamora – filho do advogado, honesto e incorruptível, de Leonardo Barroso – e pobre. Juan consegue estudar nos EUA unicamente por especial favor do patrão do pai, que actua como mecenas.
Mas para melhor ser aceite e impressionar as mentes simplórias dos puritanos e deslumbrados americanos, o jovem faz-se passar por filho de um grande latifundiário e aristocrata rural, um “Charro”, para conquistar prestígio social e sentir-se compensado pela mágoa que lhe causa a segregação social, fruto da sua homossexualidade.
Zamora sente-se “olhado de lado” pelos seus anfitriões de mentalidade calvinista, por causa das suas preferências sexuais. Estes, no entanto, invejam-lhe a ascendência “nobre”.
Esta estória apresenta uma curiosa descrição, física e psicológica, dos estudantes americanos efectuada, a partir da forma como se vestem:

Usam bonés de basebol que não tiram nem dentro de casa para cumprimentar as mulheres (um olhar antropológico para mostrar o desconhecimento do significado das palavras “cavalheirismo” e “cortesia”). Raras vezes se barbeiam por completo (…). Usam camisolas sem mangas, mostrando constantemente os pêlos das axilas (…). Quando querem ser realmente informais usam o boné de basebol ao contrário, com a pala a proteger-lhe a nuca.

Compreendeu que o ar descuidado ligava os estudantes, era uma forma de igualizar a origem social para que ninguém perguntasse acerca da origem familiar ou do status económico.

No entanto o mundo da faculdade é como que um lugar à parte no universo americano: em casa respeitavam-no pelas suas origens e só por elas engolem, a custo, a sua homossexualidade.
Jim, o amante de Zamora, acaba por se casar para fazer a vontade à família.

Uma estória que poderia ter inspirado a ideia para O Segredo de Brockeback Mountain ou ter nascido de uma transposição ,para os tempos actuais, de uma drama vindo de remotas épocas helénicas.

Em O Despojo, o Autor faz a apologia à gastronomia mexicana, incompreensível para o paladar americano, habituado à comida “de plástico”.

A difusão da culinária americana é feita por Dioniso Baco Rangel, o qual se atribui a missão de evangelizar o paladar americano fazendo-o converter-se aos prazeres pantagruélicos da comida da terra de Pancho Villa e aculturar, apenas e só neste aspecto, os habitantes a norte da fronteira cristalina de Rio Bravo, da mesma forma que os americanos fizeram – a todos os níveis – com os territórios que compreendem regiões tão extensas quanto o Texas ou o Novo México.
Na sua crítica ao irracionalismo que parece caminhar lado a lado com a vanguarda científica, a estranheza norte-americana solicitava a sua atenção: Agradava-lhe descobrir que sob os lugares comuns da sociedade uniforme (…), sem personalidade culinária, se agitava um mundo multiforme, corrosivo (…) que acreditava a pés juntos que a fé e não o bisturi bastavam para curar um tumor pulmonar (…) como num país cheio de gente receosa de cruzar olhares com outras pessoas na rua porque poderiam ser cientólogos com o direito de matar quem não comungasse das suas ideias, assassinos libertos do manicómio e pessoas superdotadas, homossexuais vingativos, armados com seringas com HIV, neonazis de cabeça rapada, dispostos a degolar toda a gente de tez escura. Rangel também concedia os gringos todo o bem do mundo, salvo o de uma cultura aristocrática.
Trata-se, aqui, de uma reflexão sociológica sobre o tecido social mexicano que é comparado com o dos Estados Unidos:

no México, até um bandido era cortês, até um analfabeto era culto, até uma criança sabe dizer os bons-dias, até um político sabe comportar-se como uma dama, até uma dama sabe comportar-se como um político, até os entrevados eram acrobatas no arame e até os revolucionários tinham o bom-gosto de acreditar na Virgem de Guadalupe.

Carlos Fuentes chama, ainda, a atenção para a caracterização morfológica incidindo, sobretudo, nas avantajadas massas de gordura que revestem os corpos das mulheres norte-americanas.
O autor não resiste a introduzir uma nota de realismo mágico, numa piscadela de olho a Laura Esquível, ao colocar Dioniso Rangel sentado num restaurante americano - mas de comida tradicional – para comer comida “verdadeira”, onde cada prato traz consigo uma miragem que se lhe materializa diante dos olhos, sob a forma de uma mulher com características, morfológicas ou de personalidade, do prato que representa. Há, no emprego desta alegoria por parte do Autor uma evidente analogia entre cada prato e os diferentes tipos sociais de mulheres norte-americanas que provavelmente os consomem.
Assim, o cocktail de camarão de camarão é uma “entrada “ que personifica a sofisticada mulher nova-iorquina que aparece nas capas das revistas. È culta, sofisticada, refinada e elaborada mas entediada com a vida, anoréctica, isto é, um prato muito bonito, mas que não alimenta.
O tipo de mulher que afirma Apenas suporto os homens que me mentem. A mentira é o único mistério no amor.

Já a mulher trazida pela visão deste Dioniso Baco pela sopa americana, encorpada e rica em gordura, é uma mulher em tudo excessiva, nas falas, nos adereços e nas carnes (gordas).
Mas típico “bom bife americano” é, para o protagonista, a visão da mulher bela e elegante, cuja imagem corresponde à executiva de sucesso. É, contudo, obcecada pelo trabalhado sendo, por isso, também, dificilmente digerível.
Depois, vem o gelado de limão corta-sabores. Este traz a visão da mulher perfeita, porque diferente, ideal, mas que deixa escapar por entre os dedos enquanto o gelado se derrete por perder demasiado tempo a observá-la em devaneio. É o tipo de mulher que, “sem ser bela, é radiosa” e que transmite tranquilidade e bem-estar.
Por último, a sobremesa, uma mulher de sobrecarga calórica, descomunal, fanática militante dos Direitos das Mulheres Gordas!

Face à decepcionante gastronomia americana e à tentativa frustrada de disseminar a culinária do México, este gourmet decide regressar às origens, mas nu como veio ao mundo, limpo de qualquer vestígio poluente do mais ínfimo traço cultural norte-americano. E é nesta figura que chega à fronteira. Despojado.

A fronteira entre o México e os estados Unidos é marcada por uma linha imaginária a que o Autor chama de A Raia do Esquecimento (O Risco, devido a um erro de tradução). La Raya (no original) é a linha, a fronteira, o limiar, uma metáfora que dá título a uma estória na qual o narrador, um idoso, vítima de um avc, está parado no meio do nada, na linha de fronteira entre a vida e a morte, entre o México e os estados Unidos. Um lugar ermo, longe de tudo e de todos onde tenta escapar ao controle das autoridades norte-americanas as quais nem sempre actuam de forma pacífica, estancar a hemorragia humana que corre do caótico país vizinho, para o lado norte do Rio Bravo, à procura de melhores oportunidades. O teor do texto está impregnado de uma amarga ironia, da denúncia da desumanidade a que são sujeitos os imigrantes clandestinos, sobretudo numa região de tal forma inóspita que tudo o que lá acontece é esquecido ou ignorado. Principalmente vestígios de crimes praticados ao abrigo da lei. Tal como na mente de um moribundo, onde tudo desaparece. No limiar da morte está a Raya ou a linha, a fronteira do esquecimento junto ao cristalino Rio Bravo, a fronteira de vidro (la frontera de cristal, no original).

Quem me detesta? Quem me abandonou aqui, a meio da noite? (…) Ninguém me conhece? Ninguém me espera. Ninguém me abandonou. Foi o mundo. O mundo largou-me.

A ironia, presente neste conto, é que o idoso largado no meio do nada é parente pobre de Leonardo Barroso, o qual exporta mão-de-obra barata para os EUA e que gere, no México, uma fábrica de televisores americanos, com mão-de-obra quase escrava, ignorando a lei laboral.

Esta realidade é analisada à lupa no conto Malintzin das Fábricas, um trocadilho com o nome da amante índia do capitão Cortés. A Malintzin deste conto é uma bela operária da fábrica de televisores de Leonardo Barroso, na fronteira mexicana.

As trabalhadoras sustentam as famílias enquanto que os homens estão, normalmente, ociosos.
Marina, a Malintzin das fábricas, percorre o caminho de casa em duas horas de autocarro, em cima de saltos altíssimos, que substitui por calçado mais cómodo à entrada da fábrica. Namora Rolando, indolente e ocioso de profissão, dedicando-se a negócios duvidosos.

Este conto relata, também a tragédia de Dinorah, a qual não tem com quem deixar o filho durante o horário de trabalho. Ou de Rosa Lupe que tem de aguentar o assédio sexual da chefe para sustentar o seu marido “doméstico”.
Carlos Fuentes mostra a dureza do quotidiano das famílias rurais, empobrecidas pela divisão das respectivas propriedades pelos filhos o que faz com que as jovens tenham de trabalhar nas fábricas para sustentar as famílias. É, também, notória a capacidade de trabalho destas, muito superior à dos homens.
A única que não está ligada a um homem indolente ou irresponsável é Candelária , a Chefe da Comissão de Trabalhadores, casada com um líder sindical. Cande, como lhe chamam as colegas, enfrenta a prepotência dos chefes – prepotência sobretudo sexual – que confiam na submissão das jovens, fruto da extrema necessidade de emprego e escassez de oportunidades. Enquanto as operárias da fábrica de televisores enfrentam os abusos dos chefes uma criança morre e Michelina prostitui-se com o sogro, dono da Fábrica. E da nora.

O conto que se segue, As Amigas ilustra a relação que se estabelece entre uma patroa norte-americana de educação do tipo colonial e mentalidade esclavagista dos Estados do Sul, enraizada no tempo da Guerra de Secessão. Apesar de a acção decorrer no século vinte, a forma de pensar de Miss Amy Dunbar, não é muito diferente dos donos das antigas plantações de algodão da Virgínia ou da Carolina do Sul, na altura do conflito entes Confederados e Ianques.

Há-de haver alguém cuja necessidade de emprego seja mais forte que o orgulho.
No entanto, as coisas não parecem correr-lhe como espera. A “raça negra” pôs-se toda de acordo, aos olhos de Miss Amy, para lhe negar serviços, uma vez que o carácter intratável não lhe permite conservar as empregadas mais de um mês.

Miss Amy, chamada menina como todas as senhoras da cidade do delta (Memphis), com direito às duas formas de tratamento, a da maturidade matrimonial e a de uma dupla infância, meninas aos quinze e outra vez aos oitenta
Serve-se de estereótipos para rotular as pessoas, incluindo os mexicanos, segundo ela com fama de “folgazões” até travar conhecimento com a dócil Josefina, a última esperança do sobrinho, Archibald, em encontrar alguém que consiga cuidar da insuportável tia. Archibald arranja-lhe emprego, em troca, tentará libertar-lhe o marido, preso em consequência de um tiroteio ao passar a fronteira.
A velha senhora faz tudo para que Josefina cometa um deslize, para ter a oportunidade de a rebaixar, o que neste caso, parece ser extremamente difícil.
Archibald concorda em dar aulas de Direito ao marido de Josefina, na prisão, se esta trabalhar para a tia. Aulas pagas por Josefina.
Um dia a curiosidade insaciável de Miss Amy faz-lhe conceder permissão a Josefina para realizar uma festa tradicional com a família, mas o sadismo daquela faz com que não resista e humilhá-la diante de todos.
Até que… Josefina consegue descobrir o passado secreto da patroa e a origem do ódio que nutre em relação ao mundo…e dá-lhe a chave apara a cura.

A Fronteira de Vidro, conto que dá o nome ao livro, relata uma viagem de avião, a caminho dos EUA, em primeira e em segunda classe.
Na primeira classe estão Leonardo e Michelina. Curiosamente, apenas e só neste episódio conseguimos desvendar um pouco do interior de Michelina, onde se quebra um pouco a imagem da deusa perfeita ou imagem de capa de revista. A jovem invejada por muitas mulheres da mesma idade, abstém-se de ter vida própria, suprimindo a capacidade de amar, apenas para evitar a ruína da família e manter longe a ameaça da pobreza.
A descrença no amor, no trabalho, provenientes quer da cultura quer da educação familiar, num meio onde os jovens casam com dotes, sendo este o factor decisivo para se seleccionar uma esposa. Uma escolha onde interferem as famílias e que acaba por inlfuenciar a orientação da paixão dos filhos varões e criar para estes uma escala de eligibilidade que pesa nas decisões por maior que seja a paixão.
Lisandro Chavez, um jovem oriundo da classe média também se encontra no avião mas tem de se encaminhar para a classe turística. Ao fazê-lo, passa por Michelina. Reconhece-a como a jovem a quem as famílias dos colegas aconselhavam a não casar, pela escassez do dote. Lisandro vai para os Estados Unidos à procura de emprego conseguindo um lugar de lavador de janelas, num dos muitos arranha-céus de uma grande metrópole.
No Estados Unidos, acredita-se no trabalho, não se escolhe trabalho e é-se remunerado pelo trabalho. Ou, pelo menos, os trabalhadores legalizados são-no.

Enquanto lava a parte de fora das janelas, Lisandro apaixona-se por uma executiva de ar doce, debruçada sobre uma secretária. E Audrey deixa-se prender, por um instante, pela expressão amável do lavador de janelas…um instante, um fragmento, onde dois seres românticos e desiludidos pela vida, se deixam levar pelo sonho. Mas basta uma distracção…para que o desencontro aconteça.

A Aposta é a estória de Leandro Reyes e do retrato da eterna monotonia da vida de um taxista no México, a quem o acaso faz colidir com um amor nascido do improvável por uma guia turística espanhola de passagem pelo país dos Maias e dos Incas, de visita às ruínas das civilizações antigas. Uma mudança de emprego vem facilitar o romance de ambos. Mas o azar espreita, vindo de uma brincadeira de um gang de jovens delinquentes em Alcalá, que desempenha a função da tesoura das Parcas.

Por último, Rio Grande, Rio Bravo, o último dos contos deste volume, vem reunir todas as personagens das estórias anteriores como um epílogo, para cada uma delas. A beleza deste conto é acrescida pela ligação do fio condutor da História, que mergulha as suas raízes na situação desencadeada a partir da colonização, da chegada das caravelas de Colombo ao Novo Continente. A visão global de quatro séculos de história traz-nos a clarividência, ao permitir a tomada de consciência das clivagens entre os dois lados da fronteira, através de todas as faces do mesmo sólido – social, política, económica, cultural.

Neste conto é-nos dado o desenvolvimento da situação da maior parte das personagens secundárias das estórias anteriores, desde o cozinheiro Benito Ayala, Dan Polenski, o polícia racista, a Serafín Romero, chefe de um bando de delinquentes mexicano especialista em assaltos a comboios e no transporte de imigrantes ilegais na fronteira. Do outro lado, estão Eloíno e Mário, os fiscais no meio do fogo cruzado. Juan Zamora o médico sensível e altruísta encontra a oportunidade de quitar a dívida ao antigo patrão do pai. A única personagem inédita é o poeta José Francisco, sentado na Harley Davidson, enquanto atira ao vento os poemas revolucionários, esperança de mudar o mundo…

Enquanto isso, o mesmo mundo ameaça vingar-se contra quem criou a situação insustentável gerada à volta da “fronteira de vidro” enquanto o vento rebelde espalha a poesia que infiltra na mole humana o desejo da mudança e a esperança apoiada num sonho aparentemente impossível…

Será?


Cláudia de Sousa Dias

8 Comments:

Blogger P said...

Não li. Aliás, pouco leio, nestes dias que por mim vão correndo.
Gostava de te perguntar algumas coisas sobre os meus escritos mas não neste contexto. Se achares que posso pôr as questões por mail e, claro, se tiveres paciência para tal, o meu mail é afonso.a.lima@gmail.com.
Obrigado e desculpa.P.

12:35 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

ok...não tens nada que pedir desculpa. fá-lo-ei logo que possa. tenho mais doze textos para publicar.

não sei quando poderei passá-los a todos a computador, agora que trabalho a tempo inteiro mas hei-se encontrar uma maneira

tudo o que tiveres e não tiveres postado no blog podes mandar-me para o e-mail.

mas tenho achado tudo perfeitamente publicável...


:-)


csd
beijinhos

8:55 PM  
Blogger P said...

Obrigado e bom trabalho!
Com mais tempo logo te peço que vejas algumas coisas com mais detalhe. O teu comentário final é um grande estímulo!

3:21 AM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

de nada, BAU!

um beijinho e bom trabalho.

CSD

2:48 PM  
Blogger CO said...

New project. Guess who?
bj

11:15 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Acho que já adivinhei...


:-)

obrigada pela pachorra para ler um texto gigântico!


csd

11:10 AM  
Blogger CO said...

Obrigado pelo diálogo. Prezo a tua opinião e este blog é, em grande medida, a razão disso.
A ideia é próxima de uma novela 'por monólogos', que me anda a corroer há tempo. Vamos ver. Por isso separei do Baudolino, onde me apetece ser mais 'drifter'. (E pretensioso)
Bjs
P.

12:40 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

acho que vou gostar



bjs


csd

10:29 PM  

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