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Bibliomaníaca e melómana. O resto terão de descobrir por vocês!

Monday, April 26, 2010

“Deserto” de J.M.G. Le Clézio (Dom Quixote)





Jean-Marie Gustave Le Clézio nasceu na ilha Maurícia, mas as suas origens remontam à Bretanha. Os seus antepassados emigraram no século XVIII para aquela ilha, de modo que se trata de um escritor de língua francesa, apesar da cidadania britânica. A segunda Guerra Mundial passou-a em Nice juntamente com a mãe e, acabada a guerra, a família reúne-se com o pai na Nigéria, onde este serve como cirurgião do Exército Britânico.

Le Clézio leccionou nos Estados Unidos adquirido a fama como escritor aos 23 anos, com o primeiro romance, Le Procès-verbal, seleccionado para o Prémio Goncourt e vencedor do Prémio Renaudot, em 1963. Publicou, desde então, cerca de quarenta obras, incluindo contos, romances, ensaios, duas traduções relacionadas com a temática da mitologia indígena americana.

A carreira de Le Clézio é marcada por duas fases distintas: de 1963 a 1975, Le Clézio dedica-se a explorar temas como a loucura, a linguagem ou a escrita, dedicando-se à experimentação formal.

A obra de Le Clézio foi muito elogiada por intelectuais como Michel Foucault e Gilles Deleuze. Mas no final dos anos 1970, o estilo do escritor sofre uma mudança drástica, quando decide abandonar a experimentação e passa a abordar temas como infância, adolescência e as viagens, tornando-se mais popular. É nesta fase que se inclui, Désert (Deserto), o romance de que aqui tratamos que, em 1980, foi o primeiro vencedor do então recém-criado Prémio Paul Morand pela Academia Francesa.

Casado e com duas filhas vive, desde 1990, entre Albuquerque, a Ilha Maurícia e Nice.

Em Deserto, a felicidade, tal como é entendida por Lalla, é descrita com toda a inocência de quem é dono do tempo, facto que lhe permite observar-se e reparar em tudo aquilo que lhe dá prazer ao encontrar a felicidade em pequenas coisas, desde as cores do deserto até ao voo “pesado” das vespas ou na contemplação da agilidade das moscas. Porque a felicidade de uma criança como Lalla está em poder dispor do seu tempo: as horas espraiam-se diante de si como as dunas que lhe põem ao alcance da vista, a beleza dos insectos que não se cansa de contemplar – a transparência das asas das moscas azuis, a cintura microscópica das vespas, o arrastar das escolopendras, com as suas inúmeras patas. A mesma felicidade parece-lhe brotar da pureza do ar e da suprema liberdade de que goza, apesar da escassez de água que, em circunstâncias extremas, significa a morte.

A imagem e as sensações visuais, tácteis e térmicas estão muito presentes ao longo do romance, apostando o Autor nos contrastes violentos: a luz feérica durante o dia, o gelo e o imenso silêncio durante a noite, sob um imenso manto de estrelas. Esta oposição e entre luz e sombra tem um significado metafórico e consiste numa das principais características que denunciam a beleza sublime do texto de LeClézio onde a um inferno marcado pela luz impiedosa do sol diurno se opõe a imensidão negra da noite, iluminada por uma claridade de gelo, lembrando o estilo poético presente no Livro do Génesis:

só se avistava o planeta Júpiter, estático no céu gelado. A luz da Lua envolveu tudo com a sua bruma (…) Tudo era imenso e gélido, a luz branca da Lua tudo afogava e cegava.


A descrição da paisagem do deserto revela uma paz que não se vislumbra no meio da selvajaria e da sujidade da maior parte das cidades europeias.

A tradição oral dos povos do deserto está, também, presente no livro que destaca a beleza das lendas tradicionais, contadas pelos mais velhos às gerações mais jovens, à volta da fogueira – o fogo que adquire, também, uma significação mística e religiosa. Grande parte destas lendas, algumas delas retiradas do Corão, têm ainda uma forte intertextualidade com a Bíblia, uma vez que a sua finalidade é, sobretudo a de explicar, de forma metafórica ou alegórica, fenómenos naturais que são, à primeira vista, incompreensíveis e aproximar mais os homens de uma ideia de justiça que lhes possibilite viver num meio de condições físicas tão adversas como o deserto.


Os povos daquelas paragens vêem-se na necessidade de acreditar num deus que sirva de refúgio supremo, que seja um escudo protector face aos elementos. Deus é um oásis para estes povos, ou melhor, o oásis é a recompensa final dada pelo deus, o paraíso ansiado desde tempos imemoriais.

A cultura dos povos do deserto no Norte de África é, neste romance, radiografada pelo olhar de uma criança – Lalla – descendente dos lendários guerreiros azuis, nómadas e seguidores de um líder espiritual muçulmano, tido como santo, Ma el Ainine.

O mesmo olhar inocente da criança que vive entre as dunas e o mar disseca a cultura ocidental cuja sociedade, orientada para o consumo, faz dos homens escravos de um deus chamado Dinheiro.

A observação da cultura ocidental pelos olhos ambarinos de Lalla, que transportam a luz dos deserto, revelam-nos o lado menos belo e menos brilhante da mesma cultura urbana ocidental, que normalmente nos esforçamos por ignorar na esperança de adquirirmos o nosso próprio oásis (moradia ou apartamento) que compramos com o dinheiro de um trabalho, conseguido e mantido a duras penas. Um paraíso, na maior parte das vezes, ilusório.

Lalla chega ao ocidente grávida de um pastor surdo, Artani, por quem se apaixona e descobre o amor. Atravessao o Mediterrâneo para fugir a um casamento indesejado,imposto pela família, com o auxílio da Cruz Vermelha, seguindo o feitiço de uma melodia francesa ouvida na rádio – Mediterranée. Lalla chega a Marselha juntamente com uma multidão de imigrantes que pretendem trabalhar na Europa. Procura uma cidade mítica, maravilhosa, um oásis de liberdade absoluta que, para si, se encontra ameaçada com a perspectiva de um casamento imposto pela família, com um homem de negócios, agora que está na iminência de se tornar adulta. No entanto, em vez da tão esperada liberdade encontra a escravidão: salários miseráveis e condições de habitação infectas, para além de uma possibilidade muito remota de encontrar um trabalho digno pela falta de qualificações.

A extrema violência no mundo dos excluídos culmina com a trágica morte do amigo cigano de Lalla. Apesar de bafejada pela Sorte, que é atraída pelo magnetismo da beleza exótica de Lalla, a errância está-lhe nos genes, traduzindo-se num irreprimível impulso de evasão. O preço de uma existência dourada semelhante à vida num serralho que lhe promete o mundo da publicidade e da moda implicam a restrição à sua liberdade. Tal como o casamento. Mas Lalla é um animal selvagem. Do Deserto. Descende das ancestrais tribos nómadas do lendário Ma el Ainine…E Lalla acabará por não resistir ao chamamento do deserto à procura da Árvore da Vida, neste caso uma figueira. A figueira representa, aqui, a abundância no meio da privação, que Lalla consegue atrair em qualquer meio onde se encontre. E é debaixo de uma figueira do deserto, entre as dunas e o mar, que Lalla decide dar à luz, à sombra de uma árvore odorífera que lhe faculta alimento e protecção pela sombra fresca que se desprende da folhagem…

Mas a leitura de Deserto pode ser efectuada sob dois prismas diferentes: tanto pela dicotomia Oriente/Ocidente, pelo transitar da personagem Lalla dum mundo de regras e sujeições para o qual não está preparada; como pela análise transversal de duas épocas, com um hiato de meio século – um abismo temporal a que aos anos 1960 do século XX se opõe o período em que vive Nour, em 1910, durante a ocupação da região pelo exército francês, às portas da Primeira Guerra Mundial. Uma altura em que as tribos nómadas da região são empurradas para norte, pelo Exército Colonial Francês, acabando por ficar encurraladas entre os canhões e as baionetas e o Mediterrâneo. O exército persegue de forma implacável a comitiva do xeque Ma el Ainine, o líder espiritual que une várias tribos e a quem o general classifica de “fanático” e de “selvagem”.
Esta narrativa de segundo plano, que na edição portuguesa é apresentada num formato diferente – com uma margem esquerda bastante mais larga para dar a ilusão de ser retirada de um relato em pergaminho – consiste na descrição da penosa marcha dos beduínos, criando uma intertextualidade com as migrações descrita na Bíblia no livro do Exodus. Trata-se de uma escrita de elevado teor poético, de grande beleza, onde predominam os sentimentos de nostalgia, melancolia e solidão.

Caminhavam desde o romper da alva, sem parar, atolados na ganga da fadiga e da sede. A secura endurecera-lhes os lábios e a língua. A fome roía-os. Nem teriam podido falar. Havia muito que se tinham tornado mudos como o deserto, cheios de luz quando o sol arde no centro do céu vazio e gelados pela noite crivada de estrelas imóveis.

(…)

Sob os mantos, os fatos azuis estavam em farrapos, rasgados pelos espinhos, gastos pela areia.

(…)


Eles eram os homens e as mulheres de areia, do vento, da luz, da noite.
(…)

Levavam com eles a fome, a sede, que faz sangrar os lábios, o silêncio onde luze o sol, as noites frias, o clarão da Via Láctea, a Lua: com eles viajava a sua sombra gigante ao pôr-do-sol, acompanhavam-nos as ondas de areia virgem, tocadas pelos dedos, afastadas dos seus pés. Tinham sobretudo a luz do olhar que brilhava tão claramente na esclerótica dos seus olhos.

(…)


A enumeração é outro recurso de estilo de que se serve o Autor para dar ideia da imensidão não só em termos de distância percorrida pelas tribos como da variedade das gentes que dela fizeram parte:

Tinham acorrido a todos os pontos do deserto, para lá da Hamada de pedras, das montanhas de Chebiba e de Quarkziz, do Sirouc, dos montes Oum Cha Korert, para lá mesmo dos grandes oásis do sul, do lago subterrâneo de Gourara. Tinham atravessado as montanhas do desfiladeiro de Marder em direcção a Tarhamant ou, mais abaixo, lá onde o Draa vai ao encontro de Tingut, por Regbat. Tinham vindo todos eles, todos os povos do sul, os nómadas, os comerciantes, os pastores, os ladrões e os mendigos. Alguns talvez tivessem vindo do reino do Biru ou do grande oásis de Oualata. As caras tinham a marca do sol medonho, do frio mortal das noites, nos confins do deserto. Alguns deles eram de um negro quase vermelhos, altos e longilíneos, falando uma língua desconhecida: eram os Tubbus, vindos do outro lado do deserto, do Borku e do Tibesti, os comedores de nozes de cola que iam até ao mar.

A dimensão deste êxodo e as provações e privações por que passaram aqueles que dele fizeram parte nada fica a dever ao da Bíblia, pois trata-se uma vasta população que, fugindo da escravatura de um império faraónico, procura preservar a sua identidade motivada por uma sede imensa de liberdade. Os nómadas deste romance não fogem à tradição errante das gentes dos desertos de há alguns milhares de anos atrás. Mas desta vez o Império dos Faraós está sediado na Europa do início do século XX, cujo Imperialismo começa a dar sinais de declínio cada vez mais alarmantes. Os nómadas de Deserto são os desenraizados pelo império colonial francês, que os obriga a uma cruel errância pelas terras mais áridas do globo no Norte de África, um pouco como os curdos na transição do século XX para o século XXI.

As gentes nascidas do deserto revelam-se possuidoras de uma resistência física e força de espírito para nós inimaginável, o que explica que crianças como Nour e mesmo o adolescente errante com quem Lalla descobre o amor, décadas mais tarde, conseguem encontrar a felicidade dentro das privações. Porque têm um mundo de beleza, pura, agreste e indomável diante e dentro de si. Resistem até ao limite, até chegarem a uma cidade junto de um oásis onde saciam a fome:

Comiam agora a cozedura do milho, regado com leite coalhado, o pão, as tâmaras secas que sabiam a mel e a pimenta. As moscas e os mosquitos dançavam em torno do cabelo das crianças, no ar da tarde, as vespas pousavam nas mãos, nos rostos sujos de poeira.
Falavam agora em voz muito alta e as mulheres na sombra abafada das tendas riam e atiravam pedrinhas às crianças que brincavam.
(…) Mas no entanto os homens e as mulheres com os rostos e os corpos azulados pelo anil e pelo suor conservavam o silêncio: afinal não tinham deixado o deserto. Não esqueciam
.

O primeiro capítulo desta narrativa secundária surge como uma espécie de prólogo, servindo para explicar depois, a história que se desenrola no tempo “presente” e mostrar o nível de resistência e a coragem dos sobreviventes à travessia do mar de areia, levando ao limite as forças dos sobreviventes que chegam vivos ao poço ou ao oásis mais próximo.

Caminhavam lentamente para a água dos poços para dessedentarem as bocas a sangrar. O vento tinha começado a soprar lá em cima, na Hamada. No vale, ia perdendo a força, nas palmeiras anãs, nas sarças, nas cidades de pedra seca (…). O céu não tinha limites, de um azul tão duro que queimava a cara.

(…)

Era aqui a ordem vazia do deserto, onde tudo era possível, onde se caminhava sem sombra, à beira da sua própria morte.

(…)

Os homens e a s mulheres viviam assim, sempre a andar, sem encontrar descanso. Morriam um dia, surpreendidos pela luz do sol, atingidos por uma bala inimiga ou então consumidos pela febre. As mulheres punham os filhos no mundo, simplesmente acocoradas na sombra de uma tenda, amparadas por duas mulheres, com o ventre comprimido pela grande faixa de pano. A partir do primeiro minuto da sua vida, os homens começavam a pertencer à extensão sem limites, à areia, aos cardos, às serpentes, aos ratos, ao vento sobretudo, pois era essa a sua verdadeira família. As meninas de cabelo cobreado cresciam, apreendiam os gestos sem fim da vida (…). Os rapazes aprendiam a andar, a falar e a combater, simplesmente para aprenderem a morrer na areia.


Também o silêncio domina a paisagem do deserto, incitando à introspecção, à meditação e à oração, de forma a diminuir um pouco a distancia entre o homem e a divindade.

A descrição de um local de culto no deserto, um simples túmulo cavado na rocha, serve para retemperar as forças e a esperança, como local de refúgio contra a mordedura impiedosa do sol na pele durante o dia e a omnipresença do gelo à noite. O silêncio que envolve o lugar permite por si só serenar as angústias, sofridas no caminho pelas intempéries.

Era o silêncio, talvez, vindo do deserto, do mar das dunas, das montanhas de pedra de claridade lunar, ou então das grandes planícies de areia cor-de-rosa, onde a luz do sol dança e ondula, como uma cortina de chuva: o silêncio dos buracos de água verde, que contemplam o céu como olhos, o silêncio do céu sem nuvens, sem pássaros, onde o vento é livre.

(…) Já não havia sofrimento, nem desejo, nem sequer vingança. Esquecia tudo, como se a água da oração lhe tivesse lavado o espírito.

A colisão de interesses dá-se pela batalha pela posse do território entre os habitantes locais e os colonizadores europeus:

Os outros xeques os chefes da grande tenda e os guerreiros azuis vieram todos, um após o outro (…). Falavam dos cristãos que entravam no oásis do sul e que levavam a guerra aos nómadas. Falavam das grandes cidades fortificadas que os cristãos construíam no deserto. E que fechavam o acesso aos poços até às margens do mar.

A miséria e tragédia que se abate sobre os povos do deserto, a par de uma incomensurável vontade de se agarrar à vida são o que lhes permite continuar vivos. As páginas e páginas de invocação de Ma el Ainine à Divindade são revelam, por sua vez, do desespero e a tenacidade de quem se recusa a deixar-se morrer.

A protagonista do tempo presente, Lalla descendente destas tribos de nómadas, possui a mesma nobreza tenacidade dos seus antepassados e ao mesmo tempo desprende-se dela a capacidade de enfeitiçar aqueles com quem se cruza. Tanto no deserto como nas cidades europeias, onde impera o medo em relação aos estrangeiros e onde aquele que é diferente leva a marca da exclusão. Lalla consegue escapar a este estigma, porque a luz sobrenatural da dunas solta-se-lhe do olhar e da pele…

Lalla está condenada a viver entre os dois mundos, entre o mar e as dunas. E é neste limiar e na costa mediterrânica do Norte de África que Lalla decide dar à luz o filho de Artani, fruto de um amor adolescente. Do jovem semi-selvagem que vive uma vida de errância que ela espera um dia poder acompanhar.

Em plena liberdade.


Cláudia de Sousa Dias

11 Comments:

Blogger CNS said...

Dele li há pouco tempo Diego e Frida. Mas fica mais uma sugestão. :)

10:29 AM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

e gostaste?

Eu adorei a mistura de ensaio e biografia...já li no ano passado.

beijinho

csd

10:35 AM  
Blogger Roberto said...

Thanks Claudia walk by me and always leave one or more words, you're very kind.
Robert Kiss

8:24 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

You're welcome.

Your blog is helping me training my italian.

By the way, do have any idea where can I find a DVD of Francesco Rosi's "Cronaca di una morte annunciata" with subtitles in potuguese?

csd

10:19 AM  
Blogger Mr. Nonsense said...

Confesso que não sou grande apreciador da obra de Le Clézio - a primeira impressão conta muito e não gostei muito do primeiro livro que li dele - mas há coisa de uns dois anos li "O Caçador de Tesouros" e devo dizer que gostei bastante. É mais uma sugestão de leitura...

E agora para dar um pouco de graxa este blogue está cada vez melhor parabens...

11:05 AM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

não sei...o primeiro que li dele foi o "Diego e Frida". Este pertence a uma outra fase da escrita de Le Clézio. Mas gostei mesmo muito.

csd

11:50 AM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Ah...é verdade, Mr.Nonsense, gostei muito da parte da graxa...

:-D


csd

6:59 PM  
Blogger P said...

Tenho andado desaparecido...
Li recentemente 'Raga', adorei. Reli Désert e Le Chercheur d'or... momentos de leitura memoráveis. Li 'Désert' sob um calor inclemente e foi muito bom.

10:59 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Estás em vantagem, Bau!

;-)


beijinho


CSD

11:06 PM  
Blogger Rosa dos Ventos said...

Dele li apenas "A Música da Fome" e gostei!

Boas leituras

3:09 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

esse ainda não li...!


:-)


Csd

3:28 PM  

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