“A Casa da Romãzeira” de Manuela Monteiro
A Casa da Romãzeira da escritora infanto-juvenil Manuela Monteiro foi lançada no dia 25 de
Abril de 2009, na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco. A apresentação da
obra a cargo de Artur Sá da Costa, em substituição do malogrado professor Vasco Moreira.
O evento contou,
ainda, com a leitura de trechos da obra por Vitória Triães e Fátima
Almeida, uma breve mas sublime sessão de declamação de poemas de Abril, as
canções de Ivo Machado, acompanhado
por um dueto de Guitarras.
A Obra
A Casa da Romãzeira” é um livro que se salienta quer pela
beleza estilística quer pela temática abordada de forma polissémica, cujos
múltiplos significados nos espreitam nas entrelinhas. Esta mesma polissemia
coloca a escrita infanto-juvenil de Manuela
Monteiro ao lado da dos contos infantis de Wilde ou de Saint-Éxupery,
que vão ao encontro do lado infantil, pela via afectiva, do público adulto.
Sobretudo este livro em particular, porque se insere nas comemorações do 25 de
Abril em Portugal com a finalidade de explicar às gerações mais jovens os
factores motivacionais que estiveram na origem da Revolução dos Cravos.
As ilustrações são da autoria de José Emídio e reflectem a
coloração da plumagem do chapim real, as quais Manuela Monteiro associa ao mês
de Abril – “o mês azul e oiro”. De realçar a correspondência entre o desenho e
os textos da autora, conseguindo, inclusive, ilustrar os poemas seleccionados
por Manuela Monteiro dos Poetas de Abril, como Sophia de Mello Breyner
Andresen, Manuel Alegre, Padre Fanhais, entre outros…
A estória passa-se na Casa da Romãzeira, um lugar “onde é
sempre Abril”. É uma casa escondida num jardim em que a profusão da fauna e da
flora lembra o paraíso genesíaco onde se esconde a árvore da Vida ou do
Conhecimento, personificada na Romãzeira. O jardim envolve a casa que encerra
em si um segredo. Um segredo que é guardado pelas sucessivas gerações de
Joaninhas que guardam a memória do tempo e da mudança.
Também a presença de outra árvore – a oliveira, de que não
se sabe a idade – representa não só a paz, mas também a permanência de um
património histórico que é necessário preservar.
O outro elemento que se destaca nesta história é a nota de
realismo mágico que vem colorir o texto, estimulando a imaginação através do
diálogo entre as duas “joaninhas”: a Joaninha-que-voa e a Joaninha-Menina, neta
do patriarca da casa da Romãzeira.
O período de transição para a adolescência da Joaninha
Menina assinala a mudança necessária que a torna capaz de ser portadora do
segredo da Casa da Romãzeira - cuja transmissão é levada a cabo pela
Joaninha-que-Voa, exactamente no dia do 15º aniversário da Joaninha-Menina. Esta
revelação é introduzida pelo diálogo que se segue e consiste no ponto
culminante da narrativa:
Estás diferente,
Joaninha-que-voa. É como se uma nocturna asa tivesse pousado sobre ti e te
cobrisse de sombra.
Neste momento, a Menina apercebe-se da tensão da amiga, que
está prestes a revelar-lhe algo de muita importância:
E tu estás
resplandecente, Joaninha-Menina. É como se houvesse dentro de ti um sol que te
invadisse de luz.
É então que a Joaninha-que-voa revela o segredo da Casa da
Romãzeira relacionado com a Revolução e o passado da Avó da Joaninha Menina…
Com este livro, a autora pretende não apenas mostrar o que
está subjacente à revolução de Abril, mas sobretudo dar a conhecer a mudança efectuada
no quotidiano das pessoas, para além de homenagear os poetas que tentaram mudar
a direcção do vento ideológico. É sobretudo um livro que visa exaltar os poetas
como guardiões da memória de um povo, da mesma forma que a Joaninha-que-voa é a
guardiã da memória da casa da romãzeira e dos nela lá viveram:
Os poetas são os
feiticeiros das palavras. Num só verso põem a alma inteira. Num só poema, toda
a beleza do mundo.
E a maior feiticeira e guardiã das palavras é, sem dúvida, Manuela Monteiro.
3 Comments:
Parece um livro belíssimo, sumarento como os bagos de uma romã!
Cláudia, um ano novo muito feliz para ti, pleno de surpresas boas!
Madalena
Ah...é uma óptima prenda para oferecer aos mais nbovos!
está na altura é de postar outra coisa...
csd
um bom ano para ti tb, M.!
;-)
c.
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