O Amante do Vulcão de Susan Sontag (Quetzal)
Segundo Enric González (Visão 7 de Agosto de 2003) "Susan Sontag não se entusiasma com o termo «intelectual» que é o que melhor a define. De qualquer modo, é autora de quatro romances, dezenas de ensaios, milhares de artigos e vários filmes. Abordou todos os problemas comtemporâneos e faz parte da Academia dos EUA. Nesse ano, recebeu o Prémio Príncipe das Astúrias de Letras pela sua «profundidade de pensamento e qualidade estética».
Foi casada com um professor de Sociologia, venceu por duas vezes o cancro e viveu de perto guerras como a do Vietname, do Yom e da Bósnia vindo a falecer em Dezembro de 2004.Trata-se uma mulher dos nossos dias que se atreveu a criticar, de forma igualmente contundente e implacável, George W. Bush e Fidel Castro. Alguém que, sendo de origem judia, declarava-se «200% laica» e que, relativamente à questão israelo-palestiniana considerava que «a tragédia consiste no facto de as duas partes estarem igualmente equivocadas.»"
O Amante do Vulcão é um retrato de uma época conturbada, uma obra de ficção que conta com personagens verídicas caricaturadas e uma heroína portuguesa, cujo nome se encontra, normalmente, ausente nos compêndios escolares de História de Portugal.
Nápoles, 1772. A população vive ao ritmo das erupções do Vesúvio, em contacto com as ruínas que evocam o passado de Pompeia. No entanto, outro género de cataclismo faz tremer os detentores do poder numa cidade cuja paisagem é dominada pelo mítico habitat do deus Vulcano: a difusão dos ideais da Revolução Francesa. O receio do impacto das ideias revolucionárias nas classes mais desfavorecidas, desencadeia uma onda de repressão por parte das autoridades de Nápoles.Usando o seu acutilante e perspicaz sentido crítico, Susan Sontag faz uma caracterização realista de algumas figuras históricas da época, ao desmantelar a faceta mítica e heróica de personagens como Napoleão, Lord Nelson, Sir William Hamilton (famoso coleccionador e comerciante de obras de arte britânico) e sua mulher Emma (amante de Lord Nelson), bela, inteligente e inculta.
Em O Amante do Vulcão ficamos a saber qual o papel, o grau de influência do Barão Scarpia (tornado mundialmente célebre através da ópera Tosca de Puccini) e, curiosamente, assistimos ao emergir do reino das sombras, de uma heroína portuguesa: Leonor da Fonseca Pimentel. Trata-se da única personagem do livro que não é ridicularizada pelas célebres alfinetadas verbais de Sontag. Leonor Pimentel, poetisa, jornalista, foi uma mulher ...ardente, veemente, que não compreendia o cinismo, queria que as coisas fossem melhores para mais do que uns poucos.
Alguém que no sécculo XVIII defendeu a importância da educação, ao mostrar não haver diferença entre capacidade intelectual masculina e feminina: ...sentia-me feliz por poder esquecer que não era mais que uma mulher. Era fácil esquecer que era, em muitas das nossas reuniões, a única mulher. Queria ser pura chama.
Leon o r da Fonseca Pimentel poderia ter vivido no Sec. XXI. Uma (quase) esquecida heroína portuguesa.
Cláudia de Sousa Dias
Labels: Repostagem repescada do arquivo morto de Fevereiro de 2005
6 Comments:
http://eco-gama.blogspot.com/
Agradeço que sigas este blogue! Trata-se de um projecto na minha escola, e precisamos de dinamizá-lo... Segui-lo é o teu apoio, agradeço-te imenso!
gostaste de algum dos textos?
csd
mostras-me sempre coisas interessantes. Gosto da autora e... por que não ler este? Está no meu registo!
Ah...vais gostar, sim.
Beijos, muitos.
csd
além de que o tema é actual...apesar de se tratar do Vesúvio e não do Eyjafjallajökull...!
:-D
csd
Nossa! Eu amei esse livro, muito! "O amante do vulcão" é fascinante. Também escrevi sobre ele no meu blog, que espero, possa ser visitado por você, para compartilharmos experiências de leitura: http://abibliotecades.blogspot.com.br/
Grata!
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