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Monday, September 05, 2011

“Contos de Terror e Arrepios” de Bram Stoker



Nascido a 8 de Novembro, em Dublin, Irlanda em 1847, Abraham Stoker, lecciona em Trinity College, em Dublin também, a partir de 1863. Em 1866 é contratado para trabalhar no castelo de Dublin, altura em que escreve o manual Deveres dos Amanuenses e Escrivães nas Audiências para Julgamento de Pequenas Causas e Delitos na Irlanda. Tem um percurso profissional variado, conhece o actor John Irving de quem se torna amigo e casa-se em 1878 com Florence Balcombe, após o que aceita a oferta de Irving para administrar o Royal Lyceum Theatre em Londres. Em 1897 nasce Noel, o único filho do casal. É também o ano que que o autor publica o seu primeiro livro, The Duties of Clerks of Petty Sessions in Ireland. Os seus contos são normalmente apreciados pelo público, onde a mistura da realidade cartesiana se casa de maneirta particularmente feliz com o imprevisto e o elemento irracional que carece de qualquer explicação lógica a que se chama normalmente de sobrenatural. É sob esta égide que publica, em 1882, a colecção de contos Under the Sunset... mas só em 1890 começa um projecto verdadeiramente ambicioso: a escrita de um romance sobre vampirismo, ainda sem título. Entretanto, dedica-se a outros projectos em paralelo como O Castelo da Serpente (romance), The Watter´s Mou e Croken Sands, The Shoulder of Shasta e só em 26 de Maio de 1897 publica Drácula, romance que lhe garantiu o sucesso mundial tendo sido posteriormente adaptado ao cinema. Publica ainda alguns títulos como Miss Betty, A jóia das sete estrelas, The Man. Em 1905 morre Henry Irving e Stocker sofre umderrame cerebral. Mas em 1906 publica ainda Personal Reminiscences of Henry Irving e, em 1909, O Caixão da Mulher-Vampiro. Em 1911, sai o seu último romance, O Monstro Branco. Abaca por falecer em Londres a 20 de Abril de 1912 e dez anos mais tarde estreia Nosferatu, a primeira produção cinematográfica baseada no romance Drácula.

Esta pequena compilação de histórias de Bram Stoker, Contos de Terror e Arrepios é composta por quatro histórias cuja principal característica é a excelente prosa, de tonalidades sombrias e inequívoco teor literário, a que se adiciona o elemento do imprevisível, e onde o macabro se funde com a atmosfera quase sempre gélida do Inverno centro europeu e nas quais sobressaem sempre os finais tão inesperados quanto desconcertantes.

A primeira destas estórias é uma interessante alegoria, a que o Autor atribui o título de The Invisible Giant , traduzida para português como O Espectro da Morte. Este último trata-se, no entanto, de um título que, pelas razões que iremos aprofundar, se revela um tanto ou quanto redutor. “O Gigante Invisível” – chamemos-lhe antes assim – é, mais do que uma metáfora, uma muito bem conseguida alegoria que serve de pretexto para descrever as contradições de uma sociedade distópica, que enfrenta um período de graves dificuldades a vários níveis. A imagem alegórica tanto pode referir-se à cidade de Dublin e ao período de grave crise económica que o país natal do Autor sofre, na viragem do século XIX para o século XX, a qual levou ao êxodo da população em várias gigantescas vagas de imigração, sobretudo para a nova Inglaterra, como à própria Londres onde viveu durante grande parte da vida. O conto insere-se numa larga tradição literária de autores que escreveram sobre a precariedade das condições de vida das classes mais desfavorecidas. O ambiente social da cidade de “O gigante invisível” é fortemente marcado pela extrema miséria que esmaga a população e pela sujidade cujo odor empesta as ruas da Cidade.

O Autor esmera-se em pintar um cenário essencialmente pessimista onde, numa primeira fase, assistimos a um desenvolvimento económico que é acelerado e efectuado a qualquer preço durante uma primeira fase mas que, depois, não consegue manter-se. Mas mesmo durante esta fase dourada, a população e, sobretudo, os mais idosos conseguem, ainda, lembrar-se dos tempos negros em que o terrível “gigante” dizimava populações inteiras. Na mesma cidade, vive a jovem Zaya, uma criança que é um ícone de inocência e pureza: uma alma incorruptível, vivendo, sem grandes preocupações, embora em condições muito abaixo do limiar da pobreza. Os tempos ainda são de paz e felicidade no País-do-pôr-do-sol, mas os antigos recordam ainda com terror, o “Gigante”.

À medida que avançamos na leitura do conto, damo-nos conta que os habitantes daquela cidade-estado começam a passar da era de felicidade e bem-estar, ainda durante o reinado do príncipe Zafir, para um período de incertezas. Quando este morre, o país cai numa crise de sucessão e o período de procura de um sucessor à altura, deixa o mesmo país temporariamente desprotegido e vulnerável ao ataque do “Gigante” . Este Gigante tem vários rostos: a Peste, a Guerra, a Fome e, por último, a Morte. Trata-se da síntese dos quatro cavaleiros que, segundo a tradição judaico-cristã, anunciam o fim dos tempos ou numa perspectiva um pouco mais materialista, um período de grave depressão e caos económico.

“O Gigante” não mostra rosto nem contornos específicos apesar de se lhe conseguir adivinhar os traços e o rasto pelas consequências nefastas que se fazem sentir à sua passagem ou à sua simples aproximação. Trata-se de um espectro invisível para quase todos. No entanto, todos o sentem, de uma ou de outra forma e, principalmente, num momento inequívoco: o último..

Só a partir da recta final do desenvolvimento da história conseguimos desvendar o mistério da identidade do “Gigante”, ou da Ditadura que, em períodos de paz e prosperidade, não atenaza a mente dos cidadãos.

O conto tem, obviamente, uma intenção moral e, mais do que uma crítica social, é a denúncia das fragilidades de todo um sistema económico, a par da necessidade da responsabilização social dos estados pela manutenção da qualidade de vida dos cidadãos. Uma farpa direccionada, sem sombra de dúvida ao capitalismo selvagem, desgovernado de finais do século XIX, onde os fins justificam os meios. Para tal, o Autor recorre a um artifício literário: a parábola de uma cidade imaginária com personagens fictícias e uma figura alegórica, simbólica que é o gigante – não um gigante físico mas um sistema económico ou uma entidade política repressora – e invisível porque não identificável como uma pessoa concreta de quem se conhece o rosto, mas que é o responsável pela perda da sua luminosidade dourada dos tempos prósperos da Cidade e os seu habitantes passarem a viver na no frio e na sombra como sombras do que foram outrora.

O autor, para não retirar a magia ao texto, utiliza uma explicação mística, sobrenatural, de fenómenos tão concretos como o período de crise política e económica que se segue à sucessão de um chefe de Estado tornando a história de um assunto tão adulto, perfeitamente narrável aos públicos mais jovens. O mesmo sucede com a forma como ilustra a necessidade de manter o respeito pela natureza cuja profanação produz cidades feias, sombrias e fétidas assim como a desigualdade de oportunidades em tempos de carestia.

Por outro lado, temos Zaya, que veste a pele de uma criança mas que também é, ela própria, uma figura alegórica – o arquétipo do Bem e da inocência - incarna todas as virtudes, que se exprimem nas mais diversas formas de solidariedade.

A pobre pequena Zaya chorava tão amargamente quando viu a sua falecida mãe e esteve tão triste e chorosa durante tanto tempo que praticamente se esqueceu de que não possuía meios para sobreviver. Todavia, os pobres que viviam na casa tinham-lhe dado parte da sua própria comida, para que ela não morresse de fome”.

Em Bram Stoker, tal como em Charles Dickens ou Victor Hugo são valorizadas todas as formas de solidariedade, com particular incidência naquelas que protegem a infância.

O gigante invisível surge, então, de repente, como um cataclismo, embora aos antigos não cause surpresa o seu aparecimento. Aparece como uma catástrofe natural de grandes dimensões – um violento tremor de terra ou um furacão devastador – inexorável, rápido e fatal. A sua passagem no País-do-Pôr -Sol assemelha-se à chegada de um tornado ou de uma tempestade que, tal como nos contos da Mil e uma Noites assinala a chegada de uma entidade ou génio maligno, como maligno é o espectro que se aproxima.

Zaya é a única a avistar o Gigante, assumindo o papel de visionária como na Ilíada, de Homero faz a Princesa Cassandra. Para os restantes humanos, são apenas visíveis os indícios que denunciam a sua natureza sinistra, sendo desvendada a sua identidade pelo velho cego e agonizante, que interpreta a visão de Zaya.

A criança e o velho – mais duas figuras alegóricas a representar a Pureza, que se alia ao Conhecimento – tentam avisar a população da chegada da catástrofe a população ignora-os. Os hábitos quotidianos impedem as pessoas vulgares de enxergarem , para lá da superfície das coisas e do conforto do presente.

O autor esmera-se na descrição da crueldade do gigante, que ataca e dilacera as criaturas mais frágeis, sobretudo as crianças e os velhos, os seres menos protegidos. Quando o gigante invade a Cidade, já não há nada a fazer:

vira a forma sombria do terrível gigante que tinha estado invisível durante tanto tempo tornar-se cada vez mais nítida. A face estava mais severa do que nunca e os olhos continuavam cegos.

O Autor dá-nos a solução para expulsar o gigante através de dois arquétipos: a Inocência Altruísta, que age sempre em nome do bem-comum e se opõe ao Cinismo e à Ganância desenfreada. Este primeiro arquétipo age em colaboração com outro que se lhe alia: a Devoção. Ou seja, o trabalho persistente, quotidiano, contínuo e incansável. Medidas draconianas para grandes catástrofes. A grande utopia do tempo em que havia fé nas utopias…

O Hóspede de Drácula

Nesta história , o local de acção é a cidade de Munique, visitada por um turista inglês, hospedado no Hotel Quatre Saisons. O espírito aventureiro deste hóspede inquieto leva-o a sair pelas redondezas na Noite de Walpurgis, à qual se associa uma lenda de terror supersticioso. O aspecto sinistro do evento é ainda ampliado pelo facto de ser noite de lua cheia, cuja luz fantasmagórica espalha sombras assustadoras por todos os cantos. Tudo parece colaborar para justificar a superstição local, assente na crença de que, em noites como aquela, os espíritos dos mortos, vindos do cemitério da aldeia vizinha, vagueiam para atormentar os vivos. Trata-se de uma superstição que se alimenta do medo do desconhecido, daqueles a quem se conhece mal, ou se desconhece de todo.

O Hóspede de Drácula é uma estória que explora o medo colectivo que poderá mesmo conter as raízes para sentimentos tão básicos como a xenofobia, podendo confundir-se facilmente com a cultura de um povo, apesar de assentarem somente na ignorância, na existência de territórios mal-explorados, onde as trevas reinam e a Filosofia das Luzes ainda não conseguiu penetrar.

A intencionalidade deste conto de Bram Stoker tem a ver com o medo irracional do vizinho, ou do estrangeiro que, por ser desconhecido, a sua faceta sinistra atinge proporções muito maiores do que a realidade e que é, na maior parte da vezes, largamente distorcida.

As dificuldades de comunicação entre o passageiro e o cocheiro, encarregue de levar o turista à aldeia, não ajudam nada ao esclarecimento do primeiro. Este nem se consegue aperceber da causa de semelhante terror, generalizado com a preciosa ajuda da paisagem espectral do inverno germânico, sobretudo depois do pôr-do-sol.

Podia dizer-se que a imaginação se apoderou dele e terminou num verdadeiro paroxismo de medo – pálido e a transpirar em bica, trémulo e com olhares em volta, constantes, como se esperasse que uma presença horrível se manifestasse numa área banhada pelo sol radioso.

O terror decorre, basicamente, do efeito de sugestão, operado pelas pessoas, que propagam rumores de coisas horríveis que acontecem a quem sai fora de casa naquela noite.

A curiosidade impele, no entanto, um turista de espírito desafiador e aventureiro, de temperamento tipicamente irlandês, a desviar-se do caminho sem se preocupar com o anoitecer, sem se preocupar que o motorista saia a correr em debandada a refugiar-se na estalagem, antes que o último raio de sol desapareça.

O viajante intrépido segue o seu caminho a pé, indo dar precisamente ao cemitério abandonado da aldeia vizinha, dizimada pela peste. E neste ponto da estória ficamos com parte do enigma resolvido: a raiz do medo materializa-se numa aparição espectral – provavelmente resultante de fogos-fátuos – a qual é identificada com uma espécie de demónio invisível. No entanto, seja pelo efeito da sugestão seja pelo efeito das alucinações, causadas pela hipotermia, o protagonista da história acaba por se deixar impressionar pela paisagem desolada e pelas condições atmosféricas não muito acolhedoras…

Die Walpurgisnacht, segundo a tradição local, é uma data do ciclo da lua em que se crê que o Diabo anda à solta, em que as sepulturas se abrem e os mortos se erguem e caminham. Em que todas as coisas hediondas da terra, do ar e da água se divertem à sua sinistra maneira.

A linguagem é utilizada de forma a criar o efeito de horror para o qual contribui a construção do cenário desolador com o objectivo de, após instalado o pânico, ampliar a sensação de desespero. No auge da violenta tempestade que assola o local, o viajante é obrigado a refugiar-se num túmulo-mausoléu, para se proteger da fúria dos elementos. Começa a sofrer alucinações devido à alternância da luz – a oscilação entre as trevas absolutas com os relâmpagos proporcionam um espectáculo não muito agradável dentro de um túmulo. A dada altura, parece ser fulminado por um raio, mas escapa às garras da morte por mero acaso ou, por aquilo que poderia ser considerado de intervenção divina. Durante a lenta recuperação dos sentidos, o viajante convence-se de que o seu corpo foi protegido, pelo corpo de uma criatura que se assemelha a um lobo.

A dúvida é deixada no ar quanto àquilo que realmente ocorreu dentro do mausoléu e, também, quanto à intenção das criaturas que, supostamente, compartilhavam o refúgio com o protagonista, durante a tempestade. O viajante é resgatado por uma equipa de voluntários, enviada pelo maître do hotel… que recebe ordens expressas do dono do mesmo, o qual recomenda tratamento privilegiado ao intrépido turista. O dono do hotel é…o Conde Drácula. Uma personagem que é a incarnação do próprio Mal. Ou alguém que apenas tem como interesse em espalhar o terror para manter afastadas de um território infestado pela peste, as pessoas das povoações circunvizinhas. Ou apenas pretender manter deserto um local onde está algo que deseja permanecer incógnito.

Enquanto o primeiro conto aproxima o Autor de Charles Dickens sobretudo nos seus “Contos de Natal”, ou de Oscar Wilde em “O Príncipe Feliz” as três estórias que se seguem nesta publicação são verdadeiras histórias de terror que colocam o Autor na mesa categoria de Edgar Allan Poe, ampliando o elemento do imprevisível que tão bem é utilizado, cerca de meio século depois nos meios audiovisuais…

A Casa do Juíz

Trata-se do conto mais extenso, nesta mini-antologia. O facto deve-se ao hábil e estratégico prolongamento da tensão no leitor, bem como do sentimento progressivo de terror que se vai acumulando ao longo das horas intermináveis em que se transformam os dois dias em que um estudante solitário habita uma misteriosa e estranhíssima mansão, que se diz ser assombrada.

Na realidade, a partir do momento em que o jovem manifesta a intenção de alugar o imóvel, todos os que com ele contactam se esforçam por dissuadi-lo da intenção de ocupar a casa, em virtude desta ter sido, outrora, ocupada por um juiz particularmente cruel e vingativo, o que aproveitava o exercício da profissão para dar largas a um certo sadismo na aplicação das penas…

A presença dos ratos naquela mansão, durante largos anos desabitada, para alguém que aprecia sobretudo a paz e o silêncio, parece ser o único factor a causar incómodo neste jovem céptico e misantropo. O barulho dos das pequenas patas a percorrer o soalho e os guinchos dos repugnantes e atrevidos animais é o único ruído que se ouve na casa. No entanto, ao juntar-se ao desejo extremo de solidão do protagonista, parece constituir a gota de água para sua desestabilização psíquica. A forma como se processa o desenlace desta estória dá margem para uma certa ambiguidade quanto à sua interpretação, uma vez que não conseguimos descortinar se os acontecimentos são apenas despoletados pelo extremo cansaço de uma alma sensível e exposta a condições adversas. Este conto de Bram Stoker pretende ilustrar uma profunda fissura no mundo cartesiano da lógica e da dedução.

A impressão final com que se fica após a sua leitura é a de que há, de facto, algo ou alguém que deseja impedir, a todo o custo, que a casa seja habitada…

A Índia

Trata-se da história mais aterradora da colectânea. Passa-se no Museu de Nuremberga, onde decorre uma exposição dos instrumentos de tortura, outrora usados pela Inquisição.

A narração está a cargo de um visitante anglo-saxónico que efectua uma viagem de lazer pela Europa. Trata-se de uma narrativa, contada pelo turista que viaja acompanhado da esposa. A atenção do casal é, subitamente, captada por um estranho objecto de grandes dimensões: uma espécie de caixão com formas femininas, em ferro, com as paredes interiores revestidas de compridos espigões, para que quem quer que seja fechado lá dentro sofra uma morte horrível.

O conto é especialmente bem estruturado, rico em pormenores macabros e a narrativa, conduzida de forma empolgante apesar de, no último parágrafo, o narrador não resistir a emitir um juízo de valor, retirando-lhe a característica de narrador omnisciente de que gozara até ao momento. A observação proferida ilustra, no entanto, os preconceitos da sociedade da época e da mentalidade onde se faz sentir o domínio da sociedade patriarcal, eivada de um certo chauvinismo quer europeu quer Norte-Americano.

O turista apressa-se a ser o juiz e executor de um animal que foi brutalmente ultrajado pelo homem, quando na realidade, o personagem felino se limita a ser o instrumento de que se serve Némesis e repor as coisas no seu lugar. O forte instinto maternal da gata é idêntico ao da mulher Índia de quem se recorda o outro turista, americano, com quem o primeiro se cruza juntamente com a mulher. As duas fêmeas, a índia (que, para o americano não é uma autêntica mulher mas antes uma espécie de ser humano de condição inferior) e a felina, são colocadas neste conto em paridade absoluta no que toca ao amor maternal. E igualmente incompreendidas. Até mesmo as características físicas servem para aproximá-las: a pelagem negra da gata, como os cabelos da índia e os coruscantes olhos verdes-dourados.

A gata torna-se a executora de um criminoso violento que de forma inequívoca e exemplar. O narrador, por vezes participante, por nem sempre conhecer os factos na sua totalidade mostra-se incapaz de interpretar o comportamento da gata, assumindo a estupefacção perante o horror que o faz reagir de imediato.

A Índia é verdadeiramente um conto de terror e arrepios e, provavelmente, aquele que, dos quatro aqui apresentados, causa maior impacto no leitor. É também o mais bem escrito, terminando num clima final onde a tensão explode e a Justiça parece irromper, de forma instantânea e inesperada, de forças obscuras que escapam à compreensão e à acçãohumana.

Neste conto, o peso do sobrenatural é atenuado, ficando apenas implícito, de forma a sobressaírem apenas as emoções mais intensas, sentidas pelas personagens, humanas, não humanas e, mesmo, desumanas…

Cláudia de Sousa Dias

25.05.2011

6 Comments:

Blogger -pirata-vermelho- said...

Muito bem, Cláudia!
(Grande mulher... o Bram Stoker não é coisa 'assim sem mais nem menos', embora pareça)

6:12 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

pois não...eu fiquei agradavelmente surpreendida. Aguardo a publicação da obra em edição - e tradução - à maneira!


csd

1:01 AM  
Blogger M. said...

Apetece-me ler já hoje à noite, com um candeeiro de luz fraquinha...
Beijinhos,
Madalena

1:04 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

a ver se entretanto surge uma boa edição, com a obra completa ou pelo menos, uma antologia de todos contos do Autor...


beijo

;-)


csd

2:24 PM  
Blogger Maria said...

Tenho este livro e o outro. Quando li o Drácula pela primeira vez não estava habituada ao "esquema" diário e cartas, mas funcionava e a história tornava-se mais íntima e as emoções mais fortes. Pena que ele não tenha escrito mais.


beijos ^-^

12:06 AM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

que espectáculo. O "Dracula" pretendo adquiri-lo para discutir na biblioteca juntamente com o filme inspirado na obra.


beijos e ainda bem que gostas do Autor. Eu achava que iria encontrar bastantes pessoas interessadas no Autor...afinal o terror e os vampiros estão in...


:-)


beijos


CSD

1:32 AM  

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