“Clarissa” de Erico Veríssimo (Âmbar)
Dados Biográficos:
Erico Veríssimo nasceu em Cruz
Alta, Rio Grande do Sul, em 1905. Tinha de uma família outrora
abastada, mas que foi empobrecendo. Sendo filho mais velho, tinha
ainda o irmão, Ênio, e uma irmã adoptiva, Maria. Aos quatro anos
de idade sofreu um ataque de meningite, juntamente com uma
broncopeneumonia, da qual conseguiu curar-se. Destas reminiscências
da infância poderá ter surgido a inspiração para construir a
personagem de saúde débil do menino da cadeira de rodas em
Clarissa. O impacto causado
pela doença é
notório nas suas obras, pela compaixão que despertam as personagens
que sofrem de doenças graves ou crónicas, muitas vezes elas
próprias emocionalmente devastadas.
Erico
Veríssimo foi um aluno
aplicado, mas discreto. Gostava de observar o pai a trabalhar na
farmácia de que era proprietário e, na escola, no ano de 1914, já
com cerca de dez anos de idade, cria uma pequena revista, Caricaturas
na qual publica os seus desenhos e pequenas notas.
Aos treze anos,
torna-se leitor assíduo dos grandes ícones da Literatura Brasileira
e estrangeira e com, dezasseis, inscreve-se num internato de
orientação protestante, em Porto Alegre. Em 1922, os seus pais
separam-se, na altura em que termina o ensino secundário e Érico,
Énio e Maria vivem, daí em diante, com a mãe e a avó. O pai,
entretanto, perde a farmácia e Érico emprega-se no armazém de um
tio, passando depois a trabalhar na banca. Paralelamente, o Autor de
Clarissa, transcrevia obras de autores conhecidos como
Machado de Assis e Euclides da Cunha, ao mesmo tempo que se deixava
seduzir pela música lírica. Em 1926, torna-se sócio da Farmácia
Central, juntamente com um amigo do pai. Este estabelecimento vem a
falir quatro anos depois e Veríssimo só conseguirá saldar a dívida
dezassete anos mais tarde.
Este escritor que
pertence hoje em dia ao cânone da Literatura Brasileira chegou
também a trabalhar também, como professor de Literatura e
Literatura Inglesa. Em 1927, conheceu a jovem com quem viria a casar,
Mafalda H. Volpe, então com quinze anos – a idade de Clarissa, no
romance com o mesmo nome – da qual fica noivo dois anos depois.
Começam a ser publicados, nesse ano, alguns dos seus contos.
Na década de '30,
o jovem Autor muda-se para Porto Alegre, logo após a falência da
farmácia, enquanto Mafalda permanece em Cruz Alta. Regressa a essa
cidade um ano depois. É contratado como secretário da redacção da
revista O Globo, passando a conviver com os intelectuais da
época, de entre os quais se destaca Mário Quintana. Arranja,
também, trabalho como tradutor como complemento ao trabalho na
Redacção. Publica, em 1932, a colectânea Fantoches que
consiste numa compilação de pequenos contos em formato de peças de
teatro. Em 1933, publica o primeiro romance, Clarissa,
Entretanto, casa
com Mafalda Volpe e regressa a Porto Alegre onde tinha conseguido
relativa estabilidade financeira..Tiveram dois filhos: Clarissa, com
o mesmo nome da protagonista do seu primeiro romance, e Luís
Fernando Veríssimo, também ele escritor e reconhecido guionista.
Em 1935, Erico
Veríssimo publica o seu segundo romance, Caminhos Cruzados,
considerado subversivo pela Igreja Católica e pelo Departamento de
Ordem Pública e Social, o que levou a que fosse interrogado pela
polícia, a respeito da sua orientação política. Em 1936, publica
mais dois romances que são a continuação de Clarissa:
Música ao Longe
(Prémio Machado de Assis) e Um
Lugar ao Sol. Em 1938,
publica Olhai os Lírios
do Campo, traduzido para
várias línguas. Torna-se, a partir de então Conselheiro Literário
da Editora do Globo, seleccionando obras de Literatura Universal para
serem traduzidas, e organizar colecções.
Em
1940, publica Saga
romance que o Autor classificou logo como o seu pior trabalho de
ficção..
Durante
uma visita de três meses aos Estados Unidos, em pleno governo
Roosevelt, Veríssimo testemunha o suicídio de uma mulher que se
havia atirado do alto do edifício, facto que virá a inspirá-lo, já
de regresso ao Brasil, a escrever mais um romance marcado pela
polémica, O Resto é
Silêncio, o qual
recebeu também fortes críticas do clero.
Em
1943, o autor muda-se para os Estados Unidos com a família para uma
estadia de dois anos afim de leccionar literatura, na Universidade
de Berkeley, Califórnia. Sobre esta temporada na América do Norte,
escreverá Gato Preto num
Campo de Neve (1941) e A
Volta do Gato Preto
(1947). Decide permanecer mais algum tempo nos Estados Unidos por
discordar do regime totalitário de Getúlio Vargas. A partir de
1947, começa a escrever a trilogia O
Tempo e o Vento. O
Primeiro volume O
Continente (1949)
seguido de O retrato,
iniciado em 1950 e publicado no ano seguinte. Interrompe a escrita do
último volume da trilogia, o qual sofreu vários adiamentos
sucessivos, para publicar Noite.
Nesse interregno,
publica ainda México
, um livro de viagens,
em 1962. Entrega, finalmente a terceira parte de O
Tempo e o Vento, O Arquipélago,
para ser publicado em 1965. Nesse ano, sai também o romance O
senhor embaixador, obra
que arrebata o Prémio Jabuti e, em 1966 a sua autobiografia, O
Escritor diante do Espelho. Em
1969, escreve mais um livro de viagens, Abril,
e em 1971, dá à luz o romance Incidente
em Antares, obra em que
envereda pelo caminho do realismo mágico e surrealismo. Ira ainda
completar a sua biografia, cujo segundo volume só vem a público a
título póstumo, deixando, inacabado o romance A
Hora do sétimo Anjo.
Morre em 1975, com um enfarte fulminante.
Sobre Clarissa
O Autor escreveu este romance sob um impulso poético, lírico, com a
naiveté de um apaixonado por uma mulher-menina, algo
idealizada, a que imaginou poder chamar de Clarissa, ma que tudo
parece indica tratar-se de uma projecção da jovem Mafalda Volpe.
Existem, no romance, paralelismo entre Clarissa e Amaro e Mafalda e o
próprio Erico Veríssimo. Tal como o Autor do romance de que
aqui tratamos, Amaro, o jovem pianista possui também um emprego monótono e rotineiro garantir a sobrevivência; enquanto que
Clarissa é o próprio retrato de Mafalda na sua extrema juventude. A
diferença de idades entre ambos, as origens sociais, as aspirações
e o estilo de vida que levam (Clarissa provém de uma família
remediada de agricultores que já tiveram bastante dinheiro) sugere
em ambos a necessidade de adaptação uma vida com algumas
dificuldades. O início de vida de Amaro, em Porto alegre é marcado
por algumas evidentes restrições económicas, sinalizadas na
preocupação de pagar o aluguer do quarto da pensão atempadamente
e, em Clarissa, por nunca ter dinheiro para luxos.
A vida na pensão decorre segundo o ritmo lento dos dias, debaixo de
uma tranquilidade aparente, mas as vidas dos habitantes da pensão
familiar onde se desenrola a trama têm nuances que passam
despercebidas aos observadores mais desatentos. São pessoas que
partilham apenas parcialmente as suas vidas, mas na solidão dos
quartos ou das suas mentes, escondem, cada qual, os seus segredos,só
vislumbrados através de gestos muito subtis, ou captados pelo olhar
de Amaro ou de Clarissa, sendo que esta última não tem, ainda,
suficiente conhecimento da natureza humana os descodificar. A trama
do romance consiste nisto mesmo, no lento processo de refinamento das
capacidades perceptivas de Clarissa, face aos verdadeiros motivos que
se escondem por debaixo das máscaras, com que, cada qual, reveste o
seu comportamento. A aprendizagem custa-lhe a inocência e as dores
do crescimento são inevitáveis quando percebe que as pessoas não
são exactamente o que aparentam e que nem sempre é possível
confiar em quem se diz amigo. Para Amaro, a vida na pensão poderá
facilitar-lhe a integração no meio intelectual e pelo acesso às
infraestruturas que lhe permitem desenvolver a sua arte..
A Pensão, como
segundo lar da jovem Clarissa
O cenário do romance onde se passa a maior parte da acção é a
pensão de D. Eufrásia, mulher de meia-idade a quem Clarissa chama
carinhosamente de “tia”, assim como ao marido desta, o Sr. Couto.
A jovem chega à cidade do interior do interior para estudar no
liceu e tornar-se professora. É filha de agricultores da província,
que tem dinheiro mas não de forma ilimitada, são pessoas de uma
simplicidade tocante. Como Clarissa.
As personagens que habitam a pensão ou gravitam à volta dela, são
todas elas representativas de determinados tipos sociais. Assim
temos, Barata, o contador de anedotas de gosto duvidoso, boçal e
glutão; Ondina, jovem e casada, mas com o marido sempre ausente ou
desatencioso (adora cinema, mas o marido nunca a acompanha), gordo e
sempre preocupado com os negócios; Amaro, um dos protagonistas,
músico, discreto e introvertido, pouco sociável mas profundamente
observador; Micefufe, um gato, silencioso e lânguido, esquivo,
desliza suavemente pelos móveis e pelas pernas das pessoas (Micefufe
é um flanneur, vive egoisticamente para si mesmo, sem
encontrar empatia com ninguém; é um pouco o espelho da
personalidade da maior parte dos hóspedes); Levinsky, o judeu que
protagoniza acesas discussões religiosas, com o protestante
Guimarães; o Major, reformado e bonacheirão; o Sr. Couto, marido de
Dona Eufrásia, desempregado, diariamente humilhado por esta que o
escraviza; Nestor, o bon vivant, de carácter duvidoso,
acha-se irresistivelmente sedutor; Tonico, o filho da vizinha,
deficiente físico, costuma vir para o jardim conversar com Clarissa;
Pirulito, o peixinho dourado, observador permanente, na sua monótona
vida de aquário a que o condenaram, só se altera quando invadido
pelo pânico, motivado por uma súbita aparição de Micefufe, que se
diverte a aterrorizá-lo; o indiscreto papagaio,eco das conversas dos
hóspedes; e Dudu, a dissoluta, casada, mas mantém um romance
secreto com Nestor.
Segundo Rodrigo Petrónio, autor do prefácio desta edição,
Clarissa é detentor de uma série de elementos que
fazem com a obra se possa enquadrar no género Bildungsroman, um
romance composto por imagens ou quadros domésticos, embora sem o ser
na sua forma mais pura. O romance trata,como já foi referido, do
amadurecimento gradual da jovem Clarissa.. Todas as restantes
personagens com quem convive diariamente na pensão e fora dela
(Tonico, a mãe, a colega do colégio que frequenta) contribuem para
o seu desenvolvimento, para a tomada de consciência de todas as
dimensões de que é composta a vida humana:desde a sexualidade à
influência e as repercussões da politica no quotidiano do cidadão
comum. Para Rodrigo Petrónio, Clarissa só não é um
Bildunsroman na sua forma mais pura porque o retrato de
Clarissa, como personagem central, se encontra é rodeado por uma
galeria de retratos secundários, vista na maior parte das vezes pelo
olhar da jovem, embora com o distanciamento crítico dado por um
narrador heterodiegético omnisciente. Este descreve o que ela vê
como um observador externo que estivesse no local a ver exactamente o
mesmo que a protagonista. É nisto que consiste o hibridismo do
romance: um Bildungsroman, é-o mas não caracteriza
unicamente Clarissa, é um o romance que ilustra a sociedade de
finais dos anos vinte e início dos anos trinta, da classe
média-baixa de Porto Alegre. Clarissa é assim, um
continuum de descobertas da sua homónima protagonista já
que o seu amadurecimento só vai sendo processado em confronto com o
conhecimento do Outro e é com base nesta dicotomia de relexo (a de
que ao conhecer o outro se conhece a si mesma ao perceber-se nos
olhar desse mesmo Outro) a jovem vai construindo e moldando a sua
própria personalidade. Amaro e Clarissa são, neste aspecto de
descoberta contínua, o desdobramento da mesma personalidade,
diferindo apenas no modo como o fazem: Amaro fá-lo do ponto de vista
de observador participante na história, mas é uma personagem
excêntrica, que se coloca um pouco à margem dos demais, na medida e
que a sua existência é quase que alheada da dos restantes hóspedes.
Amaro torna-se um observador que quase não intervém no rumo dos
acontecimentos. Nisto é ajudado pela própria personalidade,
tendente para a nostalgia, para a desilusão e para o desalento,
motivado pela rotina de um emprego monótono e pouco estimulante para
quem ambiciona enveredar por uma carreira artística. Já Clarissa,
sendo a principal interveniente na história, vai interagir com,
praticamente, todas as personagens que vivem na pensão ou que estão
em contacto directo com ela, como é o caso da vizinha, a
ex-governanta de um médico, com um filho deficiente. É através
desta interacção social que a adolescente toma consciência da
realidade, pela via empírica. A juventude e a inocência são os
principais traços de personalidade que compõem o seu retrato físico
e psicológico. As outras personagens são vistas pelos olhar de
Clarissa, apesar de esta não falar na primeira pessoa. O narrador
hterodiegético descreve o que vê Clarissa, a qual apenas regista na
sua mente as impressões mas não profere juízos de valor, a não
ser a um nível das atracções e repulsões mas sem qualquer tipo de
pretensão moralizante. É como se fosse um antropólogo a registar o
que observa no seu diário, enquanto faz uma monografia. Quando
Clarissa começa a ser capaz de interpretar o que vê, termina o
romance. As cenas de vistas pelo olhar de Amaro são sempre
protagonizadas por Clarissa. São autênticos quadros impregnados da
aura romântica, patente na idealização da inocência e juventude.
Clarissa é o protótipo da mulher-anjo, sendo que o temperamento das
restantes personagens, é projectado pela visão desta::
O Nestor.
Sempre cantando. Sempre alegre. Clarissa gosta de pessoas alegres.
Nem todas, na pensão, têm cara alegre. O mais triste é Amaro: tem
ar de sofredor, olhos que estão sempre olhando para parte nenhuma.
E, depois, aquela mania de viver em cima do piano, batendo à toa nas
teclas, inventando músicas que ninguém compreende. Enfim com toda a
gente diz que ele é um homem muito inteligente, é melhor não
discutir...sorrindo, Clarissa entra no quarto.
Clarissa é, na verdade, como se fosse uma esponja: Ainda não tem a
personalidade consolidada, mas absorve todos os gestos todos os
olhares, embora ainda sem a capacidade de decifrar as atitudes que se
escondem por detrás de cada gesto...O não conhecimento é, neste
caso, a raiz da inocência. Só no final do romance a adolescente
começa a ser capaz de pensar por si mesma, perceber que quase toda a
gente, oculta segredos que mascara a todo o custo para garantir a
aceitação social
Já Amaro, é diferente. Com todo o conhecimento do mundo que possui,
está só. Existe um muro quase intransponível entre ele e os
demais. Possui o mesmo sentido de observação de Clarissa, a mesma
capacidade de registo dos detalhes, mas já com a capacidade de
discernimento que falta à adolescente.
Clarissa cresce e, quando o romance termina, está quase a perder
aquela a beleza intacta de adolescente com a graça infantil
desprovida de malícia, a verdadeira causa da idealização da
inocência: a aceitação do outro sem o julgar. Clarissa é o oposto
da amiga, Elisa, a colega da escola, materialista e desejosa de
experimentar sensações novas, sobretudo relacionadas com a
sexualidade.
Clarissa sorve
o último gole de café, lambe a ponta dos dedos lambuzados de mel e
olha o relógio: sete e vinte. É preciso estar às oito no colégio.
Raio de obrigação.
A última exclamação e os gestos exprimem a sua extrema juventude e
imaturidade. Clarissa tem atitudes muito próximas da infância,
exprime-se ainda de acordo com o princípio do prazer e reage com
alguma impaciência, sempre que submetida a regras de conduta e
convívio social pela tia, encarregue de zelar pela sua educação
enquanto se encontra hospedada naquele local, ou pelo código de
decoro da comunidade ou mesmo do sentido de responsabilidade que lhe
é incutido pelos pais, à distância, e controlado pela Tia
Eufrásia, no local ode reside em tempo de aulas:
Juizinho, minha filha, que estás ficando uma moça...
As idiossincrasias dos hóspedes – a boçalidade do gordo caixeiro
viajante, a tentativa de requinte glamouroso de Belinha, sempre a
compor o rosto com pó-de-arroz, desmentida pela vulgaridade do seu
dente de ouro a manchar-lhe o sorriso, o mau humor da cozinheira
Belmira, as eternas discussões políticas sobre o fascismo de
Levinsky – todas elas são encaradas pelo olhar compassivo e
benevolente de Clarissa, a qual só não consegue compreender Amaro e
a sua melancolia. Mas ao mesmo tempo ela adivinha qualquer coisa de
sinistro na personalidade da criança deficiente e na mãe desta,
sobretudo na relação que estabelecem com os outros – um certo
rancor pela normalidade.
O romance vai progredindo, como já foi dito, à medida que Clarissa
descobre que o mundo não é a preto e branco mas que a realidade que
lhe está subjacente declina numa infinita paleta de nuances:
por exemplo, que o homem triste, a quem menospreza por não dar nas
vistas, é alguém de valor e inteligente; que um temperamento alegre
como o de Nestor pode esconder um carácter irresponsável ou, pelo
menos, incapaz de medir as consequências das suas atitudes. Mesmo a
vizinha, a mãe do menino “doente” esconde um temperamento
sombrio, habituado a agredir e a culpar os demais sorte de
pertencerem à normalidade, por terem uma vida melhor do que a sua,
por serem felizes.
Clarissa está
encantada (…). Estranha as fisionomias. Expressão de felicidade,
de ódio, de aborrecimento, de serenidade, de indiferença, de
ternura, de inveja. Caras que parecem máscaras que as pessoas mudam
a cada instante.
(…)
Mas que
mistério haverá na vida de Amaro? Sempre calado, ausente,
abstracto, tristonho...Qual será o segredo de Belinha? Quem será o
seu amor? Quem terá sido o marido de D. Glória?
O conhecimento da natureza humana opera em Clarissa, já no final do
romance, uma alteração da perspectiva com que olha a realidade, o
que é sempre um choque para quem está habituado a ver o mundo de
uma forma linear, tal como ele se apresenta. Aqui há como que uma
intertextualidade com a alegoria da caverna de Platão de forma a
distinguir o mundo das aparências, a escuridão da caverna, e o
mundo fora da caverna onde o ser humano passa a enxergar as cores da
realidade. É precisamente aqui que se situa a fase final do romance
onde começa a despontar a Clarissa adulta, na fronteira entre a
adolescência à juventude.
Por causa da aura romântica da personagem, para Rodrigo Petrónio,
“O estilo de Veríssimo às vezes redunda num abuso de cores e
tons pastosos, e em adjectivos e romantismos excessivos, aspectos que
ele irá resolver em seus livros posteriores.”
Mas é, muito provavelmente por causa desta naïfté que
Clarissa pode ser considerado, um livro aconselhável a
todas as idades, que se lê de um só fôlego, numa soalheira tarde
de férias.
Março 2012 – 23 de Abril de 2013
Cláudia de Sousa Dias
9 Comments:
Parabéns pelo blog!
Também adoro ler e ja tirei daqui algumas sugestões...
Fiquei super entusiasmada por ter encontrado este blog, ainda para mais, escrito por uma portuguesa :D
*
Obrigada, Churchill!
Ficoo contente que tenha apreciado. Eu gosto de Veríssimo desde pequena quando vi na TV pela primeira vez "olhai os lírios do campo".
:-)
E ficou; não há ano nenhum que não me lembre do «lembrete»
:-)
CSD
Li este livro, não me lembro exactamente quando mas porque, em Trabalho Oficinais, na escola, tinhamos de encadernar um livro, restaurar, algo assim. E havia uma edição de Clarissa em casa, em péssimo estado... Há sempre um caminho, mesmo que inesperado, para um encontro de leitura.
bj
Os caminhos da leitura nem sempre são em linha recta...e ainda bem!
podem também consultar esta página sobre o Autor: http://www.rs.gov.br/erico/
A mim foi isso que aconteceu num Verão da minha adolescência: Li-o de um trago numa tarde soalheira. Li-o depois de Caminhos Cruzados. O livro que me fez pensar no fim: um dia gostava de escrever assim.
( vou partilhar este artigo,Cláudia)
Obrigada, cristina!
Um beijo
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