"O Harém" de Barbara Nadel (Bertrand)
Barbara Nadel é uma autora anglo-turca e, por isso, produto de duas culturas, em muitos aspectos antagónicas. O que lhe dá a possibilidade de elaborar um romance como O Harém, sem cair no relativismo cultural, colocando em evidência os aspectos negativos de ambas as culturas, assumindo uma postura de análise crítica, sem cair na tentação de tecer juízos de valor.
O Harém é um romance policial, extremamente apelativo, que tem como protagonista um detective, pai de família, profundamente apaixonado pelo seu trabalho – a busca da verdade – e, por isso mesmo, incorruptível. Um traço de personalidade que será fundamental para tentar entender o que, de facto, aconteceu a Hatice, a melhor amiga da sua filha mais velha, uma jovem adolescente encontrada morta com sinais de ter sido sujeita a um ataque de violência sexual extrema.
Ao perseguir o rasto dos algozes de Hatice, Çetin Ikmen descobre uma tenebrosa e tentacular rede internacional de prostituição de luxo, cujo objectivo é o de recriar um mundo já desaparecido, alimentando requintadas fantasias sexuais para todos os gostos, destinadas a homens ultra ricos, entediados, ou pertencentes às mais altas esferas do Poder a nível mundial.
A Autora empenha-se em mostrar que a corrupção e a sedução pelo crime não conhece fronteiras culturais ou religiosas, mas que é, isso sim, transcontinental e multiétnica.
Estes são os ingredientes que, reunidos e devidamente compilados, resultam numa espectacular teoria da conspiração. Na obra supracitada são referenciados múltiplos aspectos sociológicos e psicológicos particularmente relevantes: o perigo as ruas de Istambul, devido sobretudo à disseminação das Máfias de Leste; o atraso relativo à mentalidade de cerca de meio século em relação aos outros países da EU, no que toca à forma de encarar a sexualidade feminina fora do casamento. Este último aspecto patente no preconceito das autoridades, legalmente fundamentado, que pode servir para bloquear uma investigação que fira a moral vigente ou, já agora, que oculte algo que não interesse que seja do conhecimento da opinião pública….
A Autora enriqueceu grandemente o seu trabalho ao dotar uma das suas personagens com um quadro clínico de depressão pós-parto ou, por exemplo, um caso extremo de frustração e mágoa que leva à difusão do boato.
Também é explorado o desejo, aparentemente fútil, de obtenção de reconhecimento, a necessidade de ser-se admirado, amado, idolatrado, podendo levar a que se percam de vista, por vezes, os princípios éticos fundamentais…
Barbara Nadel trabalhou como consultora num hospital psiquiátrico com crianças e adolescentes vítimas de abusos sexuais e psíquicos, foi actriz e, actualmente, trabalha como relações públicas National Schizophrenia Fellowship Good Companions Project.
Talvez, por isso, muitos dos episódios descritos em O Harém tenham um impacto tão forte e nos pareçam tão verídicos.
É por todas estas razões que O Harém se torna um romance intensamente apelativo onde se congregam as diferentes facetas do mundo do crime: assassínio, alta traição, espionagem, extorsão e chantagem, num dos melhores livros policiais de sempre.
O rosto do Mal escondido atrás do véu da ignorância.
Melhor impossível.
Cláudia de Sousa Dias
O Harém é um romance policial, extremamente apelativo, que tem como protagonista um detective, pai de família, profundamente apaixonado pelo seu trabalho – a busca da verdade – e, por isso mesmo, incorruptível. Um traço de personalidade que será fundamental para tentar entender o que, de facto, aconteceu a Hatice, a melhor amiga da sua filha mais velha, uma jovem adolescente encontrada morta com sinais de ter sido sujeita a um ataque de violência sexual extrema.
Ao perseguir o rasto dos algozes de Hatice, Çetin Ikmen descobre uma tenebrosa e tentacular rede internacional de prostituição de luxo, cujo objectivo é o de recriar um mundo já desaparecido, alimentando requintadas fantasias sexuais para todos os gostos, destinadas a homens ultra ricos, entediados, ou pertencentes às mais altas esferas do Poder a nível mundial.
A Autora empenha-se em mostrar que a corrupção e a sedução pelo crime não conhece fronteiras culturais ou religiosas, mas que é, isso sim, transcontinental e multiétnica.
Estes são os ingredientes que, reunidos e devidamente compilados, resultam numa espectacular teoria da conspiração. Na obra supracitada são referenciados múltiplos aspectos sociológicos e psicológicos particularmente relevantes: o perigo as ruas de Istambul, devido sobretudo à disseminação das Máfias de Leste; o atraso relativo à mentalidade de cerca de meio século em relação aos outros países da EU, no que toca à forma de encarar a sexualidade feminina fora do casamento. Este último aspecto patente no preconceito das autoridades, legalmente fundamentado, que pode servir para bloquear uma investigação que fira a moral vigente ou, já agora, que oculte algo que não interesse que seja do conhecimento da opinião pública….
A Autora enriqueceu grandemente o seu trabalho ao dotar uma das suas personagens com um quadro clínico de depressão pós-parto ou, por exemplo, um caso extremo de frustração e mágoa que leva à difusão do boato.
Também é explorado o desejo, aparentemente fútil, de obtenção de reconhecimento, a necessidade de ser-se admirado, amado, idolatrado, podendo levar a que se percam de vista, por vezes, os princípios éticos fundamentais…
Barbara Nadel trabalhou como consultora num hospital psiquiátrico com crianças e adolescentes vítimas de abusos sexuais e psíquicos, foi actriz e, actualmente, trabalha como relações públicas National Schizophrenia Fellowship Good Companions Project.
Talvez, por isso, muitos dos episódios descritos em O Harém tenham um impacto tão forte e nos pareçam tão verídicos.
É por todas estas razões que O Harém se torna um romance intensamente apelativo onde se congregam as diferentes facetas do mundo do crime: assassínio, alta traição, espionagem, extorsão e chantagem, num dos melhores livros policiais de sempre.
O rosto do Mal escondido atrás do véu da ignorância.
Melhor impossível.
Cláudia de Sousa Dias
2 Comments:
Olá Claudita!
Vou "comprar" 1,pra variar todos os dias..;)>
AGRADECIA-TE/RECOMENDO-TE VIVAMENTE,a leitura e posterior critica de uma das melhores obras dos ultimos..32 anos!?;/HISTÓRIA DE PORTUGAL DIVERTIDA E REAL.AUTOR;ABÍLIO ALVES.
As melhoras pra Ti/Tua Mãe.
1974 Bjinhos,se/onde/quando..Kiseres?!;>
P.M./TAZ.
Até que enfim que alguém comenta este post!
Porque consegue ser um livro fora de série não só pelo contexto como pela personagem principal.
Obrigada
CSD
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