“Viagem sem Regresso” de Katy Gardner (ASA)
“Duas amigas visitam a Índia e só uma regressa…” Este é o mote que apenas levanta a pontinha do véu e desperta a curiosidade do leitor…A Amizade é o tema deste aliciante romance da autoria de uma jovem antropóloga, que lecciona na Universidade do Sussex (Brighton, Reino Unido) tendo já publicado alguns ensaios sobre a diáspora bengali.
Destaque especial para a beleza e originalidade da capa, perfumada com sândalo indiano e para o rendilhado na última badana em forma de Fénix – o pássaro mitológico que simboliza o renascimento, a mudança e o corte com o passado.
A escrita de Gardner é, apesar de objectiva, dotada de grande riqueza pela abundância de pormenores na descrição de cenários – urbanos e rurais -, gentes, cheiros e sons. Sem falar na quantidade de referências culturais, desde a música à moda, na Inglaterra dos anos 80.
A Autora põe em evidência a exposição a que duas jovens sozinhas estão sujeitas, tendo de se movimentar num mundo onde as normas que regulam a conduta individual das mulheres na Europa não se aplicam – apesar das marcas culturais deixadas pelos povos colonizadores.
É, principalmente, por este motivo que duas jovens temerárias, ao aventurarem-se na exploração de uma cultura que lhes é desconhecida, ou que só conhecem através de livros e documentários, tenham de adoptar toda uma série de procedimentos para que a viagem se efectue em segurança.
E é precisamente por ignorarem alguns dos procedimentos mais básicos que são assaltadas travando, depois, conhecimento com uma jovem europeia que interpreta as normas locais à sua própria maneira e terá um papel fundamental no desenvolvimento da trama.
As duas incautas turistas reagem de forma completamente oposta face à adversidade e ao desconhecido: a atraente, optimista e bem sucedida Esther (o alter-ego da Autora, não só pela profissão como pela semelhança física), quando as coisas começam a fugir do seu controle, o seu sistema de vigília entra em alerta máximo. O que determina, talvez, o facto de ser a única das duas e regressar sã e salva a Inglaterra; Gemma, inteligente, auto-destrutiva, pessimista e hiper-carente patinho feio, torna-se o alvo perfeito para os oportunistas que procuram turistas desprevenidos.
Viagem sem Regresso é, por isso, um romance que explora o amadurecimento e a ética nas relações de amizade.
Com Katy Gardner aprendemos que nenhuma amizade resiste ao desgaste do tempo quando a dinâmica que impulsiona o relacionamento é a competição.
A Autora ensina também a olhar para além das aparências, a ver através das “máscaras” com que muitas vezes se camuflam aqueles com os quais nos relacionamos.
Por vezes, uma aparência de “vítima” nem sempre corresponde a uma personalidade frágil, sem defesas, servindo antes de camuflagem a uma personalidade que não olha a meios para atingir os seus fins.Principalmente quando se trata de destruir as pessoas mais próximas em benefício próprio.
Katy Gardner consegue demonstrar, recorrendo a exemplos e à dramatização, que a inveja e a frustração desencadeados pela falta de amor ou referências positivas é normalmente, propiciadora de comportamentos anti-sociais.
Por outro lado, a frustração e o remorso, agregados ao sentimento de que algo ficou por explicar levam, cinco anos depois da fatídica viagem à Índia, Esther de volta à terra dos marajás.
Algumas perguntas sem respostas, cristalizadas no passado, impedem-na de viver o presente e construir o futuro.
Este é o objectivo inconsciente que leva a protagonista a regressar ao local onde, alguns anos antes, ocorreram acontecimentos traumáticos.
Para incinerar os fantasmas e renascer das cinzas…
…como a Fénix.
Um livro trepidante, mas sobretudo introspectivo.
Uma terapia para varrer o lixo do sótão e arquivar a informação nos ficheiros correctos (secretos) da mente…
Um livro pertinente e construtivo.
Cláudia de Sousa Dias
Destaque especial para a beleza e originalidade da capa, perfumada com sândalo indiano e para o rendilhado na última badana em forma de Fénix – o pássaro mitológico que simboliza o renascimento, a mudança e o corte com o passado.
A escrita de Gardner é, apesar de objectiva, dotada de grande riqueza pela abundância de pormenores na descrição de cenários – urbanos e rurais -, gentes, cheiros e sons. Sem falar na quantidade de referências culturais, desde a música à moda, na Inglaterra dos anos 80.
A Autora põe em evidência a exposição a que duas jovens sozinhas estão sujeitas, tendo de se movimentar num mundo onde as normas que regulam a conduta individual das mulheres na Europa não se aplicam – apesar das marcas culturais deixadas pelos povos colonizadores.
É, principalmente, por este motivo que duas jovens temerárias, ao aventurarem-se na exploração de uma cultura que lhes é desconhecida, ou que só conhecem através de livros e documentários, tenham de adoptar toda uma série de procedimentos para que a viagem se efectue em segurança.
E é precisamente por ignorarem alguns dos procedimentos mais básicos que são assaltadas travando, depois, conhecimento com uma jovem europeia que interpreta as normas locais à sua própria maneira e terá um papel fundamental no desenvolvimento da trama.
As duas incautas turistas reagem de forma completamente oposta face à adversidade e ao desconhecido: a atraente, optimista e bem sucedida Esther (o alter-ego da Autora, não só pela profissão como pela semelhança física), quando as coisas começam a fugir do seu controle, o seu sistema de vigília entra em alerta máximo. O que determina, talvez, o facto de ser a única das duas e regressar sã e salva a Inglaterra; Gemma, inteligente, auto-destrutiva, pessimista e hiper-carente patinho feio, torna-se o alvo perfeito para os oportunistas que procuram turistas desprevenidos.
Viagem sem Regresso é, por isso, um romance que explora o amadurecimento e a ética nas relações de amizade.
Com Katy Gardner aprendemos que nenhuma amizade resiste ao desgaste do tempo quando a dinâmica que impulsiona o relacionamento é a competição.
A Autora ensina também a olhar para além das aparências, a ver através das “máscaras” com que muitas vezes se camuflam aqueles com os quais nos relacionamos.
Por vezes, uma aparência de “vítima” nem sempre corresponde a uma personalidade frágil, sem defesas, servindo antes de camuflagem a uma personalidade que não olha a meios para atingir os seus fins.Principalmente quando se trata de destruir as pessoas mais próximas em benefício próprio.
Katy Gardner consegue demonstrar, recorrendo a exemplos e à dramatização, que a inveja e a frustração desencadeados pela falta de amor ou referências positivas é normalmente, propiciadora de comportamentos anti-sociais.
Por outro lado, a frustração e o remorso, agregados ao sentimento de que algo ficou por explicar levam, cinco anos depois da fatídica viagem à Índia, Esther de volta à terra dos marajás.
Algumas perguntas sem respostas, cristalizadas no passado, impedem-na de viver o presente e construir o futuro.
Este é o objectivo inconsciente que leva a protagonista a regressar ao local onde, alguns anos antes, ocorreram acontecimentos traumáticos.
Para incinerar os fantasmas e renascer das cinzas…
…como a Fénix.
Um livro trepidante, mas sobretudo introspectivo.
Uma terapia para varrer o lixo do sótão e arquivar a informação nos ficheiros correctos (secretos) da mente…
Um livro pertinente e construtivo.
Cláudia de Sousa Dias
18 Comments:
Olá Cláudia!
Muito obrigado pelas tuas amáveis palavras…
É claro que podes ler o poema que gostaste na sessão de poesia. Sinto-me lisonjeado com o teu pedido.
Uma excelente semana e continua a sorrir!
Obrigada!
Mas o poema está de facto fora de série!
Continua em força.
bjs
CSd
Minha querida,
obrigada pelas tuas visitas e, mais do que tudo, pelas tuas palavras.
No caso da pobreza...pela tua lucidez!
Tenho-te lido,claro! Se não aqui, pela via que conheces :)
A ver se é desta que nos encontramos.
bjo
ola :O)
bigado pela trua visita lá no meu cantinho.
espero q continues a passar por lá...
bjinho gande, bom fim de semana e ja agora tem uma boa semana *
Olá ameixaclaudia
andas bem? Bom fim de semana e beijinho
sim, JP!
Só que muito atarefada!
Por isso não tenho aparecido...
:)
Beijinhos
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gostei muito do teu livri
Adorei esse livro... É do melhor! Já o recomendei a muitos amigos...
OLA SOU A MONICA'
EU NAO LEIO MUITO MAS TUDO COMECOU EM QUE EU ADORO ROMANCES E SUSPANCE LI O LIVRO VIAGEM SEM REGRESSO AO PRIMEIRO NAO LIGUEI MUITO POIS ERA SO PARA O TER MAS COMECEI A LER E NAO SEI QUE SE PASSOU NAQUELE MOMENTO
OS MEUS OLHOS SE PRENDERAM LA QUANTO TERIA DE O DEIXAR POIS NAO CONMSEGUIRIA LER DO PRENCIPIO AO FIM EU IMAGINA COMO PODERIA SER A PROZIMA COISA QUE IA LER'
AGORA QUE O LI CHOCOU.ME A FORMA COMO GEMMA MORREU' ^^ AMEI SIMPLESMENTE O LIVRO' NAO SEI MAIS QUE DIZER' FOI O MELHOR LIVRO QUE LI EM TODA A MINHA VIDA'
TENHO 15 ANOS E APESAR DE NAO GOSTAR MUITO DE LER JA LI BASTANTE E ORGULHO.ME DE DIZER QUE TENS PALAVRAS PROPRIAS E QUE AMEI MESMO' ESTOU NESTE MOMENTO COM ELE NA MAO POIS AMANHA NA ESCOLA TEREI DE LER PARTES EM QUE ACHEI MAIS INTERESSANTES E JA GRAVEI AS PAGINAS QUE LEREI E FAZER UM RESUMO DO LIVRO COM PALAVRAS MINHAS' TOU PREPARADA
Que bom, Mónica!
deves continuar a insistir, porque este género de romance desenvolve não só a escrita,mas também a forma de vermos o que está à nossa volta!
CSD
Sentimentos postos á prova, amizades traídas e verdades escondidas! Livro simplesmente de cortar a respiração, capaz de prender o leitor da primeira á ultima página.
Transporta-nos a um mundo completamente diferente do nosso, onde as regras que conhecemos não coincidem com as nossas, para além disto faz uma óptima descrição da Índia, onde imaginamos os mais diversos cenários .
É uma obra que realmente vale a pena.
Amei simplesmente!
Dos melhores livros que li até hoje!
Tenho 15 anos e tenho de apresentar na aula as passagens do livro que mais gostei, a verdade é que achei todas tão interessantes que ainda não me decidi!
Aconselho sem dúvida a leitura deste livro!
Há muita gente fascinada por este livro e que o selecciona para trabalhos escolares...Penso que é o sortilégio do perfume a sândalo na capa...
:-)
CSD
Olá Claudia!
Neste momento tou a ler este livro e tou a gostar muito. Axo k tns razão uma das coisas que de inicio chama mais o interese para este livro é o perfume a sândalo na capa e a propria capa. Tambem o k me chamou a atenção foi o titulo.
Espero que quando acabar este livro fique fascinada como as outras leitoras e que nao me desilude. Bjs
olá li o livro e gostei muito do desenrolar do trama. já o recomendei na biblioteca da minha freguesia dizes para te falar noutros livros acabei de ler o livro Expiação é muito interessante muito bem escrito.
Hei-de ler em breve até porque é uma excelente aquisição para o cineliterário!
CSd
Antes de mais boa tarde!
Gostaria de recomendar um livro que li e que gostei muito "Enquanto Estiveres Aí". Mas sem dúvida que o meu livro preferido é "Viagem Sem Regresso", li, e com ele chorei, ri e fiquei ansiosa. Um misto de sensações. Enfim...
Parabéns pelo Blog e que continues assim!
Gostei muito do livro. O final era o que eu estava à espera mas mesmo assim pensei ser um bocado diferente, uma das personagens magoou-me a forma como tratou a outra personagem.
De certa forma gostei do livro porque caracterizo-me psicologicamente com a Esther.
Também tenho o sonho de fazer uma viagem à India. Talvez um dia...
Daniela
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