“A Desobediência” de Alberto Moravia (Ulisseia)
Lucca dá entrada na conturbada fase da adolescência.
As alterações hormonais traduzem-se em mudanças bruscas de humor e num desafio radical à compreensão, pela via racional, daqueles que o rodeiam.
À semelhança do que acontece em Agostinho, Moravia explica, em A Desobediência, cada nuance, cada cambiante, por mais ínfimo que seja, dos processos mentais, indo em busca das motivações mais profundas a fim de explicar as alterações de comportamento de Lucca.
Estas manifestam-se através da luta pela afirmação da própria personalidade, demarcando-se dos padrões de comportamento dos pais e dos outros agentes de socialização (professores, amigos e grupos de pares), que Lucca só consegue por em prática usando uma única via: a desobediência.
A desobediência relativamente ao dever de estudar, de preservar os seus bens e até de ingerir comida (a principal preocupação dos pais).
O seu processo de afirmação e construção da personalidade envereda rapidamente pela via da autodestruição e desencadeia o fim das relações sociais, levando-o ao isolamento e alheamento sociais progressivos.
É então que, descobre o Desejo e a rebelião dos sentidos. Estes acabam por inverter o processo, ajudam-no a construir a própria autonomia e identidade de uma forma positiva. O amor é o motor da liberdade e, ao mesmo tempo, a energia anímica que impulsiona a vida.
Emílio Cecchi, crítico literário italiano, contemporâneo de Moravia, classifica este escritor como sendo “…mais retratista que juiz. Mais psicólogo que moralista…”.
É por este motivo que a escrita de Moravia em A Desobediência é, essencialmente, descritiva. Sem juízos de valor. Sem artificialismos poéticos. Realista em toda a sua crueza.
É por este motivo também, que se aconselha vivamente a leitura de A Desobediência a todos os pais “à beira de um ataque de nervos”.
Isto, apesar de o livro estar imbuído, de um forte pendor freudiano no que respeita à perspectiva da construção da personalidade: para muitos investigadores do ramo da Psicologia do Desenvolvimento, Freud centra a construção da identidade baseado apenas no desenvolvimento da sexualidade, sem ter em conta outras dimensões do comportamento como a sociabilidade ou as capacidades cognitivas.
É, contudo, um ponto de vista pertinente e audaz, tendo em conta a época em que foi escrito (1953).
Feito à medida do génio de Moravia.
Indispensável.
E, acima de tudo, pedagógico.
Cláudia de Sousa Dias
As alterações hormonais traduzem-se em mudanças bruscas de humor e num desafio radical à compreensão, pela via racional, daqueles que o rodeiam.
À semelhança do que acontece em Agostinho, Moravia explica, em A Desobediência, cada nuance, cada cambiante, por mais ínfimo que seja, dos processos mentais, indo em busca das motivações mais profundas a fim de explicar as alterações de comportamento de Lucca.
Estas manifestam-se através da luta pela afirmação da própria personalidade, demarcando-se dos padrões de comportamento dos pais e dos outros agentes de socialização (professores, amigos e grupos de pares), que Lucca só consegue por em prática usando uma única via: a desobediência.
A desobediência relativamente ao dever de estudar, de preservar os seus bens e até de ingerir comida (a principal preocupação dos pais).
O seu processo de afirmação e construção da personalidade envereda rapidamente pela via da autodestruição e desencadeia o fim das relações sociais, levando-o ao isolamento e alheamento sociais progressivos.
É então que, descobre o Desejo e a rebelião dos sentidos. Estes acabam por inverter o processo, ajudam-no a construir a própria autonomia e identidade de uma forma positiva. O amor é o motor da liberdade e, ao mesmo tempo, a energia anímica que impulsiona a vida.
Emílio Cecchi, crítico literário italiano, contemporâneo de Moravia, classifica este escritor como sendo “…mais retratista que juiz. Mais psicólogo que moralista…”.
É por este motivo que a escrita de Moravia em A Desobediência é, essencialmente, descritiva. Sem juízos de valor. Sem artificialismos poéticos. Realista em toda a sua crueza.
É por este motivo também, que se aconselha vivamente a leitura de A Desobediência a todos os pais “à beira de um ataque de nervos”.
Isto, apesar de o livro estar imbuído, de um forte pendor freudiano no que respeita à perspectiva da construção da personalidade: para muitos investigadores do ramo da Psicologia do Desenvolvimento, Freud centra a construção da identidade baseado apenas no desenvolvimento da sexualidade, sem ter em conta outras dimensões do comportamento como a sociabilidade ou as capacidades cognitivas.
É, contudo, um ponto de vista pertinente e audaz, tendo em conta a época em que foi escrito (1953).
Feito à medida do génio de Moravia.
Indispensável.
E, acima de tudo, pedagógico.
Cláudia de Sousa Dias
1 Comments:
Obrigada LillY!:)
O teu é absolutamente fantástico tamto pelos taxtos como pela qualidade estética da imagem, o fundo em negro...
Tenho-me farto de fazer publicidade!
Bjos e um óptimo fim-de-semana!
CSD
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