"O Enigma e o Espelho" de Jostein Gaarder (Presença)
"A alegria é como uma borboleta
que esvoaça baixinho sobre os campos
mas a dor é como um pássaro
de grandes asas negras e robustas
que nos transporta acima da vida
que existe lá em baixo ao sol por entre a verdura
E esse pássaro voa alto
até onde os anjos da dor estão de vigília
sobre o leito da morte"
EDITH SODERGRAN, 16 anos
O Natal está à porta. Uma doença grave prende Cecilie à cama e impede-a de desfrutar, por antecipação, os seus esquis que aguardam a sua convalescença debaixo da árvore de Natal. Entretanto começa a receber a visita de um novo e estranho amigo que mais ninguém vê. Um amigo que é a sua imagem ao espelho, durante o período em que frequentava as sessões de quimioterapia.
Da solidão do seu quarto, Cecilie tenta seguir, valendo-se da audição, os preparativos para a festa de Natal, no andar inferior.
Gradualmente, apercebe-se de algumas ligeiras mudanças na rotina e o estado emocional dos seus familiares que tentam passar o máximo tempo possível na sua companhia.
Cecillie está contudo cada vez mais ligada ao seu amigo imaterial e cada vez mais curiosa em relação ao mundo do lado de lá do espelho.
Os seus apontamentos, reflexões resultantes dos diálogos com Ariel, o anjo da dor, ou com os seus familiares vão se acumulando....
A magia, a beleza melancólica dos contos de Andersen estão presentes nesta magnífica obra literária, cheia de candura e melancolia que, levada pelas asas da imaginação de Cecilie, nos leva a viajar pela belíssima paisagem do Inverno norueguês, gelada, como a vida da adolescente após as idílicas férias com a família na soalheira ilha de Creta...
Os diálogos de Cecilie e Ariel são dotados de elevado dinamismo, caracterizados por frases curtas que estimulam a reflexão e estimulam o pensamento dialéctico.
O editor afirma que a época em que decorre este lindíssimo conto com cheiro a Natal "propicia o encontro entre o eterno e o temporal..." e que o diálogo em que Cecilie é conduzida por Ariel transporta-nos "numa teodisseia que, à luz da maiêutica socrática", indaga sobre os mistérios da existência, da criação da vida antes do nascimento e depois da morte.
De facto, Cecilie e Ariel conseguem, a dada altura, resolver a principal questão debatida por Sócrates em "Fédon": a vida depois da morte.
Cecílie abandona a borboleta oferecida num gesto de amizade, borboleta que é o símbolo das alegrias terrenas e da efemeridade, voa com Ariel pelas alturas e distancia-se cada vez mais da realidade, permanece no mundo do lado de lá do espelho, legando à família os seus apontamentos.
Um livro sublime, cujo argumento de que “vemos tudo através de um espelho”, faz lembrar a teoria das formas de Platão.
De alto teor emotivo, destinado a todas as idades, é um livro essencialmente metafórico, cuja polissemia faz com que seja equiparado a "O Principezinho" de Antoine Saint-Exupery.
Belíssimo.
Cláudia de Sousa Dias
que esvoaça baixinho sobre os campos
mas a dor é como um pássaro
de grandes asas negras e robustas
que nos transporta acima da vida
que existe lá em baixo ao sol por entre a verdura
E esse pássaro voa alto
até onde os anjos da dor estão de vigília
sobre o leito da morte"
EDITH SODERGRAN, 16 anos
O Natal está à porta. Uma doença grave prende Cecilie à cama e impede-a de desfrutar, por antecipação, os seus esquis que aguardam a sua convalescença debaixo da árvore de Natal. Entretanto começa a receber a visita de um novo e estranho amigo que mais ninguém vê. Um amigo que é a sua imagem ao espelho, durante o período em que frequentava as sessões de quimioterapia.
Da solidão do seu quarto, Cecilie tenta seguir, valendo-se da audição, os preparativos para a festa de Natal, no andar inferior.
Gradualmente, apercebe-se de algumas ligeiras mudanças na rotina e o estado emocional dos seus familiares que tentam passar o máximo tempo possível na sua companhia.
Cecillie está contudo cada vez mais ligada ao seu amigo imaterial e cada vez mais curiosa em relação ao mundo do lado de lá do espelho.
Os seus apontamentos, reflexões resultantes dos diálogos com Ariel, o anjo da dor, ou com os seus familiares vão se acumulando....
A magia, a beleza melancólica dos contos de Andersen estão presentes nesta magnífica obra literária, cheia de candura e melancolia que, levada pelas asas da imaginação de Cecilie, nos leva a viajar pela belíssima paisagem do Inverno norueguês, gelada, como a vida da adolescente após as idílicas férias com a família na soalheira ilha de Creta...
Os diálogos de Cecilie e Ariel são dotados de elevado dinamismo, caracterizados por frases curtas que estimulam a reflexão e estimulam o pensamento dialéctico.
O editor afirma que a época em que decorre este lindíssimo conto com cheiro a Natal "propicia o encontro entre o eterno e o temporal..." e que o diálogo em que Cecilie é conduzida por Ariel transporta-nos "numa teodisseia que, à luz da maiêutica socrática", indaga sobre os mistérios da existência, da criação da vida antes do nascimento e depois da morte.
De facto, Cecilie e Ariel conseguem, a dada altura, resolver a principal questão debatida por Sócrates em "Fédon": a vida depois da morte.
Cecílie abandona a borboleta oferecida num gesto de amizade, borboleta que é o símbolo das alegrias terrenas e da efemeridade, voa com Ariel pelas alturas e distancia-se cada vez mais da realidade, permanece no mundo do lado de lá do espelho, legando à família os seus apontamentos.
Um livro sublime, cujo argumento de que “vemos tudo através de um espelho”, faz lembrar a teoria das formas de Platão.
De alto teor emotivo, destinado a todas as idades, é um livro essencialmente metafórico, cuja polissemia faz com que seja equiparado a "O Principezinho" de Antoine Saint-Exupery.
Belíssimo.
Cláudia de Sousa Dias
6 Comments:
Oh!!! Ainda sem comentários à Cecília e seus diários?! :o)
Gosto muito de Gaarder e dos seus cenários juvenis, pelo menos nos primeiros livros.
Tenho uma recordação geral de "O Enigma e o Espelho", mas confesso que esse mistério e magia do enigma da (i)mortalidade já o descobri em tenra idade!
Ou seja, li-o mais pelo prazer que as obras de Gaarder sempre me trazem, mas essa revelação não me abriu caminhos novos, é um facto.
Hummm... ou será que já estou anquilosado... mais prestes a voar p'ró outro lado?! ;)
Mas o "Principezinho" tem mais magia, e é incomparavelmente mais simples... ó douta em Sociologia! :)
"Teodisseia" e "maiêutica socrática"?!... que sabedoria errática... e por certo pouco prática! ;)
Mas não me lembro já do final... ela parte desta vida terreal?!
Assim seja, porque o mais essencial... é que eu aqui sou real...
...p'ra além do Bem e do Mal...
Rui leprechaun
(...um GnoMinho imortal!!! :))
:)Sim, Rui, ela parte...com o seu belo anjo, para o outro lado do espelho...
Um beijinho e espero ver-te mais vezes por cá:0)
Amei ,chorei muito é maravilhoso este livro.
lembro-me de ter gostado muito quando li, há seis anos atrás...mas desde então não li, praticamente mais nada deste autor, tenho diversificado muito as minhas leituras. ;as talvez volta a pegar nele. Talvez com "O
Mundo se Sofia"...
o primeiro livro que li do autor foi "O mundo de sofia" e tinha eu 12 anos!!
Apaixonei-me pela filosofia, apaixonei-me pelo autor e por todos os livros dele que se seguiram na minha leitura.
"O enigma e o espelho" foi-me oferecido num Natal, e fiquei maravilhada logo com o poema:
"A alegria é como uma borboleta
que esvoaça baixinho sobre os campos
mas a dor é como um pássaro
de grandes asas negras e robustas
que nos transporta acima da vida
que existe lá em baixo ao sol por entre a verdura
E esse pássaro voa alto
até onde os anjos da dor estão de vigília
sobre o leito da morte"
E depois com a história que folha após folha se desenrolava.
Este é sem dúvida um dos livros da minha vida.
Parabéns pelo blog. Virei cá, certamente, muitas mais vezes!
dele só li mais dois: "A vida é Breve" e "A Rapariga das Laranjas"...ultimamente não tenho visto mais livros deste Autor publicados...
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