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Thursday, April 10, 2008

"Pecados de Intención” de Janet Nuñez


Lançamento de "Pecados de Intención" no Correntes d'Escritas em 14 de Fevereiro de 2008

Janet Nuñez Marroquín é originária da Colômbia tendo nascido em Barranquilla em 1962.

O seu
curriculum é vasto e extremamente diversificado – é desenhadora de interiores, tendo leccionado nesta área na Universidad Autonoma del Caribe. Estudou, também, Direito durante cinco anos e trabalhou como produtora e assistente de direcção em documentários e magazines culturais, em cinema e televisão. Exerceu, ainda, a docência na área de Produção de Televisão e Criação Cinematográfica na Escuela Distrital de Artes de Barranquilla e foi produtora de eventos no Instituto Distrital de Cultura da mesma cidade. Em 2006, publicou a sua primeira colectânea de poemas intitulada Equipaje para Desahuciados. Pecados de Intención é o seu segundo poemário, editado na vizinha Espanha. São, ao todo, vinte e cinco textos de grande intensidade passional, numa escrita vulcânica a denunciar uma inquietude interior, uma ânsia quase que desesperada de liberdade quer no que toca à expressão do Erotismo e do Desejo quer na superação dos obstáculos sociais que impedem o vivenciar de experiências: a hipocrisia, o sentido de conveniência e o comodismo.
A escrita de Janet Nuñez é sobretudo, sensorial, emocional mas também intelectual, quase que um manifesto de luta contra a injustiça e desigualdade sociais. É, sobretudo, a expressão do pensamento de uma mulher inconformista face ao papel secundário atribuído à população feminina nas sociedades chauvinistas. A linguagem utilizada apela à insubmissão que se revela ao leitor num grito de independência ou mesmo numa declaração de guerra aos condicionalismos impostos às mulheres sobretudo no que respeita ao direito de vivenciarem livremente a sua sexualidade, sem constrangimentos ditados por imperativos de ordem social ou à manipulação do outro membro da relação.

Segundo o autor do prefácio, Jaime Cabrera González, os poemas de Janet Nuñez Marroquín são “… poemas que insinúan, que dicen sin decir, traslucen en su construcción elementos populares, expresiones coloquiales, frases tomadas de las lecturas, locuciones en otras lenguas y un sentido sutil del humor de tal manera armados que denotan que el poeta sólo sirve de médium, de receptor que transcribe como un amanuense lo que le dictan sus fantasmas y así poder quitárselos de encima del hombro desde donde observan todo lo que escribe”.
O que só vem confirmar a ideia de que toda a manifestação literária nada mais é do que uma forma de projecção das pulsões mais íntimas e que a escrita acaba por ser uma forma de terapia de superação de barreiras internas, de exorcizar velhos demónios, afugentando-os ao neutralizá-los pela sua exposição à luz da consciência.

Ainda de acordo com Jaime Cabrera González os Pecados de Intención de Janet Nuñez são a manifestação “…de la trasgresión de una ley que ha sido prolongada en la imaginación, allí donde todo es posible. Es un deseo deliberado (…) en donde se asume el riesgo hasta las últimas consecuencias, de una forma casi pecaminosa (…). Pecaminosa, trasgresora, violadora de preceptos y pensamientos establecidos (…). Pecados de Intención procura liberar al ser humano de las tonterías que lo aherrojan”.
Porque en algún lugar debe haber alguien
Tirándole conchitas de naranjas a las estrellas

J.C.G.

A sede de liberdade encontra-se expressa logo no primeiro poema dedicado à Mãe, a figura arquetípica universal, identificada com a terra, que dá o fruto e que alimenta os filhos – os homens – em qualquer parte do mundo. Trata-se de um poema fortemente afirmativo, cujo objectivo é o de mostrar a perenidade e a intemporalidade do eu feminino como o ventre do mundo – a origem primordial da humanidade.

O humor negro, cheio de ironia e sarcasmo, marcado por vezes com a irreverência de Boris Vian, está patente em poemas como Hay que vacunar a los perros – Há que vacinar os cães – um canto de protesto, mediante a indiferença e a hipocrisia de uma sociedade superficial.

Também os amigos e o valor da Amizade são cantados e colocados em lugar de destaque na poesia de Nuñez, em vários momentos deste poemário, assim como a beleza e o valor das pequenas coisas, o prazer raro dos escassos ou fugazes momentos perfeitos como em Advierto a lo efímero ou a insubmissão em Tenía ganas de mar que me soñaba en su espuma e em Porque todavía me queda, a importância de perseguir os sonhos em Reinvento el sueño. Também são destacados a mansa luta pela preservação da identidade em Frente a tu ira, ou o medo e a inevitabilidade da morte em poemas como Inesperado e Y entonces el Otoño.

Finalizo com o penúltimo, a ilustrar a força telúrica desta escrita poética vinda da Colômbia…

Inesperado

Declive sin linderas
O impulso sin razones
Acariciar al acecho
Celda triangular
Estricto movimiento
Acometida lenta
Sinuoso vaivén
Paciente travesía
Por lagos de sal
Aljibe misterioso
Pozo en las entrañas
Resbaladiza
Trampa de muerte
.


Intensíssima.


Cláudia de Sousa Dias

12 Comments:

Blogger Nilson Barcelli said...

Este teu livro deu-me uma ideia.
Talvez, Cláudia, talvez...

Beijinhos.

6:12 PM  
Blogger Pedro said...

Gosto de autores bem intensos.
No entanto, não sei... Não, este não vai para a lista, embora fique conhecido. Parece ser muito belo, então se Nuñez faz da palavra uma emoção, então deve ser óptimo!

Um grande abraço

9:21 PM  
Anonymous Anonymous said...

intensa e visceral, cara claudia. sabes, ler o que escreves sobre um livro é quase tão bom como ler o livro ;) um grande abraço e votos de um bom fim de semana.

11:47 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Isto é só uma sugestão Pedro!


CSD

12:43 PM  
Anonymous Anonymous said...

Oi !
Vi seu blog no orkut e resolvi fazer uma visita... legal seu blog !

Visite o meu também !
www.gugaalves.net

Abraços !

10:49 PM  
Blogger Cadinho RoCo said...

Sinto-me totalmente arrebatado por este espaço em que autores(as)e obras recebem tratamento tão luminoso.
Cadinho RoCo

1:02 AM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Obrigada Guga.


CSD

6:34 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

è muito amável, Cadinho...tenho alguns autores brasileiros em lista de espera...


CSD

6:35 PM  
Blogger P said...

Intenso, mesmo.
Abraço
P.

1:22 AM  
Blogger Rui said...

Do fundo da Terra, para o fundo de nós.

6:00 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Obrigada Rui Espero na quarta feira já ter algo de novo para apresentar aqui no hasempreumlivro...



CSD

6:46 PM  
Blogger inominável said...

olha, olha, um livro de poemas e uma autora que eu não conhecia... mas como aficcionada por autores da américa latina, vou-me informar...

PS- entretantos: imagina quem chegou há 5 dias para ver a Primavera????

10:55 AM  

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