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Monday, February 28, 2005

"Algumas letras" de Adriana Calcanhoto (Quasi)





Quando o fenómeno chamado Adriana Calcanhoto surgiu no cenário da música popular brasileira no final dos anos 80, a cantora, então uma ilustre desconhecida, foi saudada como a nova Elis Regina.

Gaúcha, tal como Elis, Adriana nasceu em Porto Alegre em 03 de Outubro de 1965. Foi descoberta quando cantava numa churrascaria.

Seis anos depois com quatro discos publicados, Adriana consolidou-se como uma das maiores intérpretes da actualidade e, também, como uma compositora de altíssimo nível que brinca com as palavras da mesma forma que brinca com o seu público. Adriana prestou tributo a Elis Regina, mas optou por ser ela própria.

No prefácio de “Algumas Letras” - uma publicação das Quasi Edições que inclui a maior parte dos seus poemas, alguns deles “musicados” outros não, acompanhados de um conjunto de não menos expressivas fotografias da cantora – Adriana refere que:

“Todas as letras seleccionadas neste livro foram esboçadas sempre na guitarra, nunca no papel. Só depois inauguradas como canção. Trabalhei cada uma em seus acabamentos como versos; aí experimentei acentos, transferi pesos de uma sílaba para outra, inseri brancos, cantei, deixei decantar, abandonei, retomei, incorporei acasos em profusão. Sempre atrás de rima ou sílaba mais sintética. Ou mais sonora. Ou mais confusa.

Aqui reunidas as que não rasguei. Sem as suas músicas. Cruas, nuas.”

A poesia de Adriana pode - apesar de ter nascido num país ao qual associamos, geralmente, o Verão - ser considerada poesia "de Inverno", isto é, intimista, que canta o desamor, a lembrança, a saudade e a melancolia como em “Vambora” e “Mais Feliz” até mesmo num poema como “Calor” no qual estão presentes todos os elementos físicos do Verão como o céu turquesa, o calor em extremo, a claridade intensa do Estio. Canções deliciosas cantadas numa cálida, suave e luminosa voz de sol de Inverno.

Na sua poesia são incluídos os elementos característicos da cultura brasileira como em “Parangolé Pamplona”, “Os Cariocas” e”Vamos comer Caetano”.

A poesia de intervenção é, também abordada por Adriana Calcanhoto em poemas como “Tons”, “Cidade Partida” e “Esquadros”, nas quais a poeta-compositora denuncia as desigualdades sociais num país de fortíssimos contrastes relativamente às clivagens sociais e indicadores de qualidade de vida, particularmente sentidos quer nos grandes centros urbanos, quer em diferentes zonas geográficas como o Norte e o Sul do País .

Adriana, tal como afirma no prefácio, brinca com as sílabas, parte as palavras, altera-lhes o sentido, cria interessantíssimos trocadilhos, joga com as repetições para fazer realçar uma determinada ideia em poesias depuradas até ao extremo – (de)cantadas – como facilmente nos apercebemos num poema como “O Surfista”, extremamente rico, apesar da extrema simplicidade, cuja última estrofe faz lembrar o ruído das ondas espumosas (leia-se afrodisíacas, pois Aphrodite em grego significa, precisamente, nascida da espuma…) a desfazerem-se na areia…

Poesia de Inverno numa paleta de cores estivais para oferecer neste Natal…

Em livro ou em Cd.

Ou porque não nas duas formas?


Cláudia de Sousa Dias

4 Comments:

Blogger Bruna Rios said...

Olá, adorei o texto. ouvir adriana calcanhotto é a coisa que mais amo no mundo, é como ler poesia ou apreciar um bom romance. esse livro, ainda não tenho é um dos meus sonhos de consumo!

8:27 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

eu tenho-o assinado por ela e com dedicatória...é uma pessoa 100% simpática,mas odeia que a bajulem.

Gosto, sinceramente.


csd

10:46 AM  
Blogger Sopa das Letras said...

Estou procurando esse livro, mas estão vendendo só em euro.
Será que não vendem aqui no Brasil?

Encontrei-o sitado outro livro chamado "Lendo música". Neste se analisa a letra "Esquados", uma de suas melhores músicas.

Há só análises das letras neste livro? O que mais se trabalha nele?

Obrigada!
Visite o meu Blog: Sopa das Letras.

6:21 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

Não imagino se "algumas Letras"estará à venda no Brasil.


Em portugal, a editora já não existe. O outro livro de que fala, "Lendo música" não o conheço.

A análise (minimalista ao máximo) que está neste blogue é minha e da minha inteira responsabilidade.

csd

10:46 AM  

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