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Bibliomaníaca e melómana. O resto terão de descobrir por vocês!

Friday, March 25, 2005

"O Código DaVinci" de Dan Brown (Bertrand)


Um misterioso assassínio ocorre diante de um quadro de Caravaggio, numa das mais visitadas galerias do Louvre. O conservador do museu é encontrado morto nas circunstâncias mais peculiares.

Nu, colocado na posição do Homem de Vitrúvio, uma das mais conhecidas obras de Leonardo DaVinci, com um pentáculo desenhado no ventre, a vítima deixa uma série de pistas codificadas a marca d’água. À sua volta, e nas obras do antigo Grão-Mestre do Priorado do Sião, uma verdadeira trilha de enigmas a serem decifrados pelo Professor Robert Langdon, simbologista de Harvard e pela criptóloga Sophie Neveu. Os dois seguem o rasto do misterioso e espectral assassino e descobrem algo impensável: um tesouro de sabedoria envolto num ninho de víboras…

Um ano após o lançamento deste best-seller em Portugal, parece, à primeira vista, já nada haver mais a dizer sobra a obra.

No entanto, esta trama, brilhantemente urdida, onde os acontecimentos se sucedem em catadupa num tempo narrativo de 24 horas, obriga o leitor a agarrar-se avidamente às páginas do livro que quase se viram por si próprias.

O livro é uma caixinha de surpresas. Um verdadeiro labirinto de Creta povoado de enigmas por decifrar que mostram, por etapas, o caminho a seguir. Um labirinto onde espreita um Minotauro, sob a forma de um membro fanático da Opus Dei - Silas, o monge psicopata.

Que, apesar de tudo, nada mais é do que um mero testa de ferro do verdadeiro assassino, que se esconde na sombra…

E é este o verdadeiro ponto de polémica no livro de Brown: o Autor critica, de forma extremamente contundente, a organização, chama a atenção para a prática de castigos corporais por parte de alguns dos seus membros, para a subalternização das mulheres que fazem parte da organização, para as técnicas consideradas agressivas no que toca à angariação de fiéis (insinuando a utilização de processos de lavagem cerebral), para a cobrança do dízimo, para a sua fulgurante ascensão económica. Define a Opus Dei como “uma seita religiosa de cariz católico”, a ala mais conservadora do catolicismo, defendendo os seus valores mais tradicionais. Iliba, contudo, de uma forma extremamente inteligente, a organização dos crimes perpetrados no romance.

O que sobressai no romance de Dan Brown, e que tem vindo a ser objecto de estudo e dissecação por parte dos seus principais detractores, é nada mais nada menos do que uma visão antropocêntrica dos Evangelhos. Que tem as suas raízes no Iluminismo cuja ideia-chave pretende transmitir que “A Bíblia não foi enviada do céu por fax”, “...é obra do homem e não de Deus” e “...a história oficial nada mais é do que o ponto de vista dos vencedores, quando há um choque entre duas facções diferentes, sejam elas duas culturas duas classes sociais, duas religiões, etc”…

Mais uma pedrada no charco e uma verdadeira provocação ao Vaticano, na medida em que uma das personagens principais do livro afirma que Cristo delegou em Maria Madalena e não em Pedro a responsabilidade de fundar a sua Igreja…o que não foi muito bem aceite pelos seus discípulos (já é do conhecimento geral a ginofobia inerente à religião judaica…).

No entanto, o que são factos e o que é ficção?

A tese do casamento entre Jesus e Maria Madalena é baseada em textos apócrifos censurados no Concílio de Niceia pelo Imperador Constantino, dos quais sobreviveram alguns exemplares, encontrados recentemente num mosteiro copta. O objectivo de Constantino seria o de unificar o Império, instituindo um deus absoluto incarnado num homem que fizesse desta forma a ponte entre o humano e o divino. Isto implicaria a destruição do seu lado humano…

Trata-se de uma tese que já foi divulgada em romances anteriormente publicados como ”O Pêndulo de Foucault” de Umberto Eco e “Jesus na Fogueira” de Catherine Clément, que contudo não atacaram a pedra basilar do Vaticano, isto é, a anti-tese daquilo que foi dito antes, ou seja, que Cristo delegou em Pedro a responsabilidade da fundação da sua Igreja.

Por outro lado, o facto de Cristo ter ou não deixado uma linhagem que, a partir de Maria Madalena, se fundiu com a dos reis Merovíngios é uma hipótese que, até à data, não tem elementos sólidos que a confirmem.

Convém, não esquecer que o Código DaVinci é, antes de mais, um romance policial genialmente construído, embora com um final que, ao aproximarmo-nos das últimas páginas, se adivinha um pouco previsível. É um estimulante exercício mental que permite a desconstrução de mitos que nos são inculcados desde a infância, obrigando-nos a considerar a possibilidade de verdades alternativas.

Um livro herético, audaz.

Uma trombeta que anuncia o despertar de uma nova era?


Cláudia deSousa Dias

5 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Fantástico. Assim, já não preciso de ler livros :) estou a brincar.
Mas é sempre bom ter um blog onde fazem o resumo do tanto que para aí se edita.
Eu já tinha vindo aqui, pois "vi-te" no amor e ócio, mas como não tenho blog, não podia comentar. Agora sim, foste mais democrática e deste voz ao povo.
Mas ainda não li o CÓDIGO. Não tenho coragem :)
parabéns
CAVALO DE FERRO

1:24 PM  
Anonymous Anonymous said...

Eu tb não queria ler o "código", mas li, ou antes, devorei. Foram três dias de leitura compulsiva! mMAs caso tivesse lido a sua critica, provavelmente, o "impacto" do livro não seria tão grande! É sem dúvida um livro bem escrito e que sabe cativar, mas não passa disso. Pura distracção!

2:56 PM  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

anonymous 4:56 Am

Não concordo... totalmente!

Pelo seguinte: alguns dardos são muitíssimo bem lançados!

E por isso mesmo é que causa toda a polémica de que tem vindo a ser alvo.

Só por isso vale a pena...

Bjs

1:23 PM  
Blogger Rui leprechaun said...

Ó Cláudia!

Também já li... finalmente! E, depois disso, devorei igualmente o "Anjos e Demónios".

Tudo o que diz respeito à religião me interessa, e o ponto de vista gnóstico que Dan Brown defende e realça, em ambos os romances, agrada-me muito, claro!

Mas não considero nada previsível o final de "O Código da Vinci", que, aliás, me parece excelente. É que não é nada fácil pôr um ponto final num "thriller" e o autor sai-se muitíssimo bem dessa dificuldade.

Bem, agora só me falta começar a saga do "Harry Potter", vejamos o que há de interessante por aí...

Quanto ao autor americano, vai lançar nova obra no próximo ano "The Solomon Key". Cá estarei para a ler...

...com emoção e prazer...

Rui leprechaun

(...porque é tão bom conhecer! :))

1:14 AM  
Anonymous Anonymous said...

Parabéns pelo blog!
Realmente o livro foi fantástico e me despertou o interesse sobre Opus Dei, Iluminismo e tudo sobre o tema.
Achei muito informativo e uma ficção empolgante.
Sugiro que leia DIA DE CONFISSAO - Alan Folsom.
Um abraço

11:22 PM  

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