Um livro maldito. Para alguns, herético. Retirado há muito do circuito comercial das livrarias, descobrimo-lo apenas nos alfarrabistas ou entre as estantes poeirentas do “cemitério dos livros esquecidos” (passo o plágio a Carlos Ruiz de Zafón) de uma Biblioteca Municipal.
De um facto, não restam dúvidas: trata-se de um romance assumidamente laicista e anticlerical, nascido da veia racionalista- positivista de um Autor que não consegue calar a indignação face àquilo que vê como a permanência de um obscurantismo quase medieval na mentalidade colectiva dos portugueses, na primeira metade do século vinte e que se prolonga pelos primeiros anos após a Revolução dos Cravos.
O Milagre segundo Salomé pode ser considerado um livro revolucionário, saído da mente de um admirador incondicional dos pensadores do Século das Luzes e do positivismo científico preconizado pela vanguarda intelectual do século XIX, particularmente nas ciências sociais como a Economia, o Direito, a Sociologia e a Psicologia.
A acção do romance propriamente dito passa-se durante o período de maior turbulência da Primeira República com a transição do regime monárquico para o regime republicano, desde os finais da primeira Grande Guerra até final dos anos 1920 /1930.
O cenário que serve de pano de fundo ao romance é colorido com a luta de interesses entre diferentes facções partidárias que se digladiam numa impiedosa – e destituída de escrúpulos – luta pelo poder: de um lado, estão os barões da alta-finança (banqueiros e especuladores dos mercado de acções e obrigações na Bolsa) – uma classe emergente de burgueses que consegue, nesta época, uma ascensão fulgurante - ; do outro, uma aristocracia decadente, endividada, com o património a sumir-se a uma velocidade galopante, num ambiente social em tudo semelhante ao da Itália, descrito por Lampedusa em O Leopardo.
Há, ainda, a classe eclesiática que tenta conseguir a aliança que lhe proporcione mais vantagens materiais, independentemente das convicções ideológicas.
O Autor esforça-se, ainda, por evidenciar o escandaloso contraste entre o estilo de vida daqueles que detém o capital - como o caso do banqueiro Zeferino Zambujeira – e e os habitantes dos bairros degradados da zona velha de Lisboa como Alfama, Mouraria ou Alcântara.
Sem falar nas condições de vida dos habitantes do meio rural propriamente dito, cuja extrema miséria e isolamento os impede de ter conhecimento ou sequer de imaginar as condições de vida das classes mais favorecidas, num registo a fazer lembrar por vezes Os Miseráveis de V. Hugo ou História de duas Cidades de Charles Dickens.
O Autor salienta o facto de a miséria, falta de horizontes e esperança de uma vida melhor, levarem a que um povo, na sua esmagadora maioria ignorante ou iletrado, se volte para a religião na esperança de, aí, vislumbrar uma fuga à situação de desespero em que se encontra. A necessidade de que o céu lhes proporcione um milagre que detone uma transformação radical nas suas vidas ou que, pelo menos, os reconforte com a promessa de um céu que lhes traga uma compensação, é tão grande que estão naturalmente predispostos a acreditar no que quer que seja e para o qual não tenham explicação natural por desconhecimento ou ignorância.
Por outro lado, os grupos que detém as rédeas do poder não têm quaisquer escrúpulos em servir-se de uma equívoco para produzirem um “milagre” do qual resulta um escandaloso aproveitamento financeiro da ingenuidade e da fé dos simples através do florescimento de inúmeros negócios relacionados com o mesmo “milagre”. De onde resulta o enriquecimento de um poucos comerciantes e a ausência total de investimento e desenvolvimento do sector secundário.
Verifica-se, da mesma forma, a inexistência de investimento na educação e de um esforço efectivo no combate à iliteracia.
Promove-se, pelo contrário, a religião como analgésico, para esquecer a fome, os magros salários, a carestia geral das condições de vida; como distractor da tensão crescente, sobretudo nas cidades, onde cresce, de dia para dia, a ameaça de uma guerra civil.
A solução aparece com a divulgação e promoção de uma Mentira, à escala nacional, com pretextos pretensamente pacificadores e de desenvolvimento financeiro.
A obra de José Rodrigues Miguéis ilustra, ao longo de praticamente seiscentas páginas, o oportunismo de uma burguesia rapace, a arrogância das classes militares – sobretudo as de baixa patente – personificadas na personagem Azeredo, a indolência da aristocracia e a venalidade do clero e, por último, na impotência do idealismo em homens de saber e consciência da realidade como o General Adriano Belmarço e Couto, ou o seu adjunto, o Major Tristão. Também são evidenciados o racionalismo cínico do deputado Mota Santos e, no extremo oposto, o idealismo incorruptível de Gabriel Arcanjo, jornalista e poeta de cariz proudhoniano, cujas acutilantes crónicas que escreve para o jornal são lidas atentamente, sobretudo por aqueles a quem critica, Maios do que por aqueles cujos direitos se propõe defender (talvez devido ao índice de analfabetismo nas classes populares).
A ausência de salário garante-lhe, no entanto, uma relativa liberdade de expressão, até porque a integridade do seu carácter, o qual quase poderíamos classificar de arcangélico, não lhe permitindo aceitar artigos de encomenda ou, simplesmente fazer jornalismo panfletário.
Os seus Entremezes ou intermezzi fazem o enquadramento histórico do romance.
Estrutura da Narrativa, Estilo e Temáticas abordadas
Na primeira parte, intitulada A Queda Ascencional os Retrospectos descrevem os antecedentes das personagens principais que interagem durante a trama propriamente dita.
Trata-se de um texto, de certa forma, atípico em relação ao resto do romance. O registo utilizado nesta secção da narrativa está recheado de juízos de valor, onde o narrador utiliza uma linguagem que apela ao sentimento a fazer lembrar os ultra-românticos, Victor Hugo, Camilo Castelo Branco ou Castilho, o que retira um pouco a qualidade literária ao texto. Contudo, logo após as primeiras cem páginas, o Autor abandona o tom persuasivo relativamente ao carácter de algumas personagens e adopta um estilo de prosa mais analítico e objectivo – sobretudo nos Entremezes de Gabriel Arcanjo – de onde sobressai a veia satírica e irónica do Autor, a tónica que irá dominar todo o romance.
As frases que se seguem, deixam transparecer o caos da economia, a tendência para o messianismo como traço cultural fortemente enraizado no (in)consciente colectivo, a instabilidade e tensão sociais motivadas pela carestia de vida em geral e a forma tipicamente portuguesa de solucionar os problemas, como alguns dos aspectos que o Autor se propõe denunciar:
O Leopardo Inglês devorava as entranhas da nação, inerme, deixando as sobras aos abutres da finança.
Uma tropa de Ingleses, carregados de sacos de golfe, passa a caminho do Palace e olha com espanto esta gente morena e apoquentada que parece tomar a vida a sério ou esperar sempre que um milagre a salve, outras índias, brasis, um novo Dom Sebastião ou um terramoto.
Não resta dúvida, uma coisa anda no ar e não são só as andorinhas.
Nós somos a terra do efémero e do improvisado.
(entremezes de Gabriel Arcanjo)
Tal como os ácidos comentários onde se pretende mostrar que, em Portugal, é o medíocre que se ri dos competentes (…) Portugal é um sistema em desequilíbrio crónico irremediável. Não se lhe pode mexer sem estragar tudo (…), terra pobre de minérios, e portanto, sem indústria; gente bruta e sem iniciativa; não há dinheiro porque não há renda e não há renda porque não há indústria.
Uma prosa onde se pinta o cinismo de que detém o poder:
É melhor mantê-los divididos, baralhar tudo e todos. Governar é confundir…
Face a esta situação, é de referir que, no romance, o milagre tornou-se o pão nosso de cada dia (…); A notícia levada de boca em boca, correu o país, avolumou-se como o incêndio no carrasco das almas ressequidas de heresia (sic), impiedade e crise. O substrato místico do povo aflorou numa erupção de lavas represadas.
O Milagre de Meca marca o início de uma era de ressurgimento religioso a opor-se à vaga de ateísmo, paganismo e materialismo desenfreado dos nossos tempos (…)
O Estado pode ser laico, mas a nação não o é.
O problema principal que atravessa o país, na época em que decorre a acção, reside em Como harmonizar a europeização, renovação e apetrechamento da metrópole com o aproveitamento das províncias ultramarinas. A intenção seria a de deixar a estas últimas o papel de fonte de matérias-primas destinadas à industrialização ou, em alternativa, continuar com o Portugal agrícola onde o aparente excesso demográfico se relaciona com a emigração e a fuga da mão de obra disponível para o sector secundário para o estrangeiro.
Ao longo da obra, é notório que o caminho para a Ditadura começa a abrir-se, falando-se, cada vez mais, da necessidade de um estado paternalista, de uma liderança forte que possibilite a obtenção de uma solução de compromisso entre o fascismo italiano, na altura em ascensão, e uma ditadura de carácter oligárquico, como na Rússia.
Na altura em que decorre a trama, quem está à frente do destino do país assume uma atitude que se pode considerar como caracterizada por uma pusilanimidade doentia relativamente à forma como encara as necessidades de desenvolvimento do país e, consequentemente do povo Português. Trata-se sobretudo de uma questão de mentalidade, de falta de visão a longo prazo como se vê no discurso de homenagem “a um perfeito homem de bem” – um homem vindo da Europa dita desenvolvida, a residir em Portugal, que possui os meios, isto é, que “dispõe da faca e do queijo” que pode cortar a seu bel-prazer, mas que não os utiliza em proveito do bem comum…
O “perfeito homem de bem” considera que o investimento em algo como a generalização da distribuição da energia eléctrica num país como Portugal – assim como a escolaridade obrigatória ou o desenvolvimento da indústria – seria prejudicial, aumentando o endividamento, por um lado, e criando condições para fomentar a desestabilização social pelo aumento da capacidade reivindicativa das classes operárias tal como se verifica nos países mais desenvolvidos.
Linguagem, alteração da toponímia, dos nomes das personagens históricas e introdução de alguns anacronismos.
Na obra O Milagre segundo Salomé, o discurso é alterado consoante a origem social das personagens. O vocabulário utilizado inclui os regionalismos e o sotaque, bem como expressões tipicamente populares das aldeias beirãs e, também, das vielas de Lisboa, nos bairros mais degradados. As alterações à norma e a fonética regional são escrupulosamente mantidas de forma a passar ao leitor a autenticidade dos diálogos pretendida e a tornar o discurso das diferentes personagens verosímil.
Para evitar ferir susceptibilidades o Autor procedeu à alteração da maior parte da toponímia em quase todo o texto – embora alguns nomes sejam facilmente identificáveis, como o nome de alguns estabelecimentos comerciais, cidades, universidades e até nomes próprios.
A decisão relativamente à alteração da nomenclatura prende-se sobretudo com razões de carácter político, no sentido de evitar represálias por parte do Governo, uma vez que o autor escreveu o romance durante o Período da Ditadura do Estado Novo. Mesmo assim a publicação do romance só foi possível depois da Revolução de Abril de 1974, devido ao carácter fortemente crítico e laicista da prosa de José Rodrigues Miguéis, em parágrafos como o que se segue:
A exploração do Milagre pela iniciativa privada, como a salvação do País (da bancarrota e da ameaça da guerra civil) dependia de uma governo forte, de autoridade e competência, de uma chefe capaz de ombrear com semelhante empreendimento e de tirar dele partido.
Personagens e Romance
Paralelamente ao contexto histórico – num romance essencialmente político e de crítica social, política e económica e de tal forma polémico que poderá ser colocado na mesma prateleira que O Código DaVinci de Dan Brown, A Última Tentação de Cristo de Nikos Kazantzakis, Em directo do Calvário de Gore Vidal ou Jesus na Fogueira de Catherine Clément – há, também o romance ou folhetim que se entrelaça com a narrativa principal. Apesar do romance propriamente dito estar longe de alcançar o mesmo nível que os comentários críticos dos entremezes de Gabriel Arcanjo ou dos diálogos entre Zambujeira e Mota Santos ou mesmo das reflexões do Major Tristão, o livro, em geral, revela um elevado interesse literário pela caracterização objectiva e pela lucidez da apreciação crítica relativamente a uma época crucial que caracterizou o Portugal do século vinte e cujas consequências dos acontecimentos de então se reflectem ainda nos dias de hoje.
Não obstante, a caracterização de algumas personagens que compõem a trama, como a protagonista – Salomé ou Maria das Dores – que é uma figura que cativa, gera simpatia, mas que é pouco credível. De facto esta Salomé, se existisse, seria em tudo semelhante à protagonista do filme Corrupção do que propriamente a figura cândida que Miguéis nos apresenta.
Há, em Salomé, um sem-número de contradições que desmantelam a verosimilhança do seu carácter. Isto porque papel de vítima que lhe é atribuído, no início da obra, relativo ao período que compreende percurso de vida da então jovem órfã, antes de ingressar no bordel de Dona Rosa, condiz pouco com o monólogo interior da mesma personagem, já depois de esta estar a viver com o banqueiro Zeferino Zambujeira e, posteriormente, com o heroísmo demonstrado quando abandona o milionário. Incongruente é, também, a classe e distinção exibidas nos salões e festas promovidas pelo banqueiro, notadas também por Gabriel já depois desta regressar às ruas, com a cena de “faca e alguidar” no capítulo Onde a Lava transborda durante a qual o verniz de requinte e educação estalam, aparecendo, no lugar do “ídolo dourado”, à imagem de Hollywood dos anos 30, uma saloia de Alfama em toda a sua vulgaridade.
Já as atitudes da personagem Tesouras fazem um todo perfeitamente coerente com a forma de vestir, os gestos, a linguagem e as expressões faciais, compondo, na perfeição a figura do lobo que veste a pele do cordeiro, para esconder dentes e garras. Salomé é, nesta fase, uma capuchinho vermelho cuja carência a todos os níveis dispensaria o enfatizar constante da sua situação de vítima da sociedade.
Em relação a Zeferino Zambujeira, os traços porcinos do rosto, contrastam com as atitudes de cavalheiro refinado, que ascendeu social e financeiramente à sua própria custa, e que lhe permitem encantar, inicialmente, Salomé, pelo acentuado contraste com a falsidade e cobardia de Tesouras.
Salomé possui, se excluirmos a cena demonstrativa de total falta de compostura em casa de Zeferino, um papel semelhante ao de Madame Bovary, embora em circunstâncias sócio-económicas diversas daquelas expostas no romance de Flaubert, transposta para o século vinte.
A jovem entedia-se (tal como Emma Bovary), farta de ser tratada como uma boneca de luxo a ser exibida em festas como objecto de ostentação de Zambujeira (ao passo que Emma, para além da paixão ambiciona, também o luxo). Para Salomé, a falta de uma verdadeira paixão torna-lhe a existência sombria, sentindo-se cada vez mais, como prisioneira numa gaiola dourada.
Até mesmo o sentimento de segurança, que julgou estar garantido com a união com o banqueiro, se dissipa no momento em que toma consciência de não estar protegida contra predadores, sobretudo daqueles que conheceu durante a sua estadia no bordel de Dona Rosa.
Azaredo, um sargento arrogante que conhece Salomé na altura em que a jovem se prostitui no Bordel de Rosa, é um indivíduo intratável, inculto, presumido, cuja vaidade esconde um desejo imoderado de ser temido e de dominar e conquistar pela violência. A sua auto-estima está directamente relacionada com a capacidade de instaurar o medo naqueles com quem convive. Azeredo incarna típico “macho” português.
A indignação de Salomé é perfeitamente legítima, uma vez que Zeferino Zambujeira permite que um indivíduo cujas atitudes denunciam, desde o primeiro momento, um carácter perigoso como é o caso de Azeredo,, circule livremente pela casa, com o único objectivo de agradar ao general de quem espera obter favores.
A única contradição reside na forma como a “calma” e “refinada” Salomé expressa a sua indignação.
Salomé manifesta todos os sintomas de uma depressão, cujas causas são imediatamente intuídas pelo médico que a trata, sem no entanto se atrever a divulgá-las abertamente a Zambujeira.
Salomé passa, desde então a sentir a necessidade de procurar as suas raízes e a visitar a terra natal: Meca (Fátima?) acompanhada pelo chauffeur, o leal cabo-verdiano Joaquim.
Na Cova da Ursa (Cova d’Iria?) a própria Salomé não consegue realmente perceber o que se passou, ocorrendo-lhe um lapso de memória, que a impede de se lembrar correctamente do que aconteceu.
Já na parte final, o desenrolar da paixão romântica entre Salomé e Gabriel é, na opinião do jornalista – o verdadeiro milagre: o da felicidade. Este final surge como aquilo que se esperaria ou desejaria para as duas personagens geradoras de simpatia ao longo do romance, para além de Joaquim, o protótipo da lealdade incondicional.
As relações entre eles eram assim, um misto de poesia e sensualidade edénica, de mistério e de pureza religiosa onde nem a visita da serpente personificada por Zambujeira consegue tentar a “Eva” de Miguéis – Salomé – utilizando um frasco de perfume ao invés de uma maçã.
Sobre o Autor e a obra
Parece haver uma clara identificação entre a actividade de cronista da personagem Gabriel Arcanjo com a actividade de jornalista e analista político do próprio Autor, patente sobretudo, no diálogo entre Gabriel e o colega redactor, isto é, entre o jornalista profissional assalariado e o livre-pensador, que troca a segurança de um emprego com salário fixo pela livre expressão do pensamento, colocando em risco a sua própria sobrevivência.
Redactor - Escrevo o que me mandam. Anónimo. Vivo da pena. E você, intelectual, escreve o que lhe dá na gana.
Gabriel – Escrevo o que posso ou me deixam. Assumo inteira responsabilidade. E não vivo da pena, morro dela. Há uma certa diferença…
Porque Gabriel, tal como o próprio Autor, Escrevia como quem pinta um panorama sem fim, ou talha um monumento sem plano na rocha viva dos caos (sic).
Sobre o livro, o Autor explicita nas notas finais, que O Milagre segundo Salomé não é um romance histórico, não pretendendo por isso, reconstituir factos ou acontecimentos.
No entanto, os factos descritos que se inspiraram na realidade aparecem transpostos anacronizados, ou conjugados segundo as conveniências da narrativa (sic).
José Rodrigues Miguéis deixa, por isso, ao leitor o trabalho de julgar e aderir àquilo em que quiser acreditar.
Afirma ainda que (…) é evidente que me retive, subconscientemente de dizer quanto desejaria (…)
E sublinha: (…) quanto mais liberdade intelectual houve neste país, nos tempos áureos do liberalismo, nas fases derradeiras da monarquia e até nos tempos ominosos da Real Mesa Censória, das licenças eclesiásticas e da Inquisição, do que a partir da “Revolução Salvadora” de 1926 e da mentirosa e corruptora “política do espírito”.
E continua: (…) O Autor deste romance presenciou muito do que narra e de que dá testemunho e fé.
E finaliza: (…) Nunca servi patrões, padrões, narizes-de-cera, nem doutrinas apriorísticas, mas apenas aquilo a que tinha a peito dizer – e disse mal – ou não mo consentiram.
Independência que lhe serviu para criar uma obra que ainda nos dias de hoje se encontra relegada para a obscuridade, apesar de aproveitada para um filme que apesar, de concorrido à nomeação para o óscar de melhor filme estrangeiro, e de premiado em vários festivais de âmbito internacional, não teve, praticamente, direito a uma divulgação significativa nos Meios de Comunicação Social nacionais…
…o mesmo acontecendo com o livro.
Uma pena.
Pela pertinência do tema.
Pelo não aproveitamento do elevadíssimo potencial intelectual de um pensador cuja obra deveria fazer parte do plano nacional leitura…
Cláudia de Sousa Dias